Das vidas que vivi
Só sei que a felicidade encontrei
Embora, na fúria em que prezei por lazer,
Amadureceu em mim a necessidade do ser
E sentir, inebriadamente, alguma emoção
Resgatar o meu mais precioso íntimo
E desmembrá-lo perante os olhos famintos
Aqueles a quem me dirigi, que se sintam tocados
Não imaginava que as tragédias retornariam
Devastadoras
É importante frisar que não há amargor
Que me tire o sorriso, a alegria de estar vivo
Dos frutos que provei, gozei
Embora, confesso: já chorei
E orei e me perdi e enlouqueci
E do mais alto cume, despenquei
No solo, arenoso, rastejei e no pó me entendi
Sofri, senti dor, passei fome e gritei
Porque achei que fosse morrer
De amor...
No momento mais propício me vi morto
Duro e inerte, incrédulo de realidade
Acreditei que realmente tivesse morrido
E foi quando a escuridão penetrou-me as íris, à força
E senil me engatinhei e me socorri quando
O estômago roncou e deflagrou a necessidade humana
À selvageria retornei e, de vítima, me tornei caçador
E mesmo relutante à dor, me reergui
Nos cálices vazios implorei: mais uma dose, por favor
Rostos agradáveis encantaram-me a loucura
E me invadiram e irradiaram sem pedir licença
Meu coração voltou a bater e minha pele a corar
Meus pés se firmaram e suas bases fincaram-se ao concreto
Quem eram aqueles de olhos fundos e claros
Penetrantes e vagos?
Das vidas que vivi
Só sei que a liberdade encontrei e voei
Para bem alto e longe e afável calor
Embriagado silêncio ensurdecedor
Solitude foi me entregue além dos sentidos
Não mais temi, me salvei
quinta-feira, 24 de julho de 2014
terça-feira, 22 de julho de 2014
Os lobos das cidades grandes - Uma releitura de "Eles eram muitos cavalos"
Respiro um ar poluído que seca minha garganta e me rendeu duas idas ao médico no mesmo mês. Na minha casa falta água depois das 20 horas, mesmo antes da Copa. Quero silêncio, onde compra?
Trabalho feito louca, dependo da minha criatividade para sobreviver. Mas, às vezes, não encontro paz nem no meu interior. Deixo 140 e uns quebrados todo mês para financiar minha yoga, mas nem sempre vou e contabilizo dois meses para repor. Dinheiro ido, dinheiro que não volta. Minha fuga continua na noite, na presença dos queridos. Entretanto, necessito mais do que gargalhadas e cervejas geladas. Meu escape está no íntimo, onde o ímpeto é aquele momento onde se confunde afeto e sentimento, desejo e saudade. Quem pensa em mim enquanto o mundo acaba? O trânsito é rotina. O caos é brother. O morador de rua é paisagem. O que fizeram conosco? Que cilada é essa, Bino?
Temos a necessidade da posse, mesmo sabendo que não é viável. Mesmo sabendo que o tudo e o nada poderão nos pertencer. Nos achamos donos do mundo, da razão e que detemos o conhecimento. Nossos planos são vagos, nossos desejos são mundanos e nossas vontades são individualistas. Falamos de amor ao próximo com deboche, debatemos causa nas redes sociais, mas mal olhamos para aquele nosso parente que precisa de um emprego. Pagamos pau para gringo e celebridade e esquecemos que são pessoas como nós, que têm necessidades quanto nós. Idealizamos pessoas como se pudéssemos escolhê-las num catálogo - tá aí a serventia do tinder -, tratamos algumas com desprezo, depois ficamos tristes quando nos tratam de maneira semelhante. Sorte do dia: nosso orgulho não nos deixa abater por muito tempo, afinal, a variedade é grande e abraços são substituídos assim como aquela banana podre que estava na cesta de manhã e fora ocupada por uma belíssima e brilhante maçã. No entanto, a fruta poderia estar embolorada por dentro, já pensou nisso? A carcaça é interessante, prende por alguns anos, mas perde valor. E os macacos vão pulando de galho em galho, colhendo maçãs, bananas e até jacas mais sorridentes. As aparências dominam as escolhas, a lábia contagia e quem não entra no ritmo, dança. E, ansiosos, caminhamos rapidamente, corremos contra o tempo como se ele fosse capaz de nos engolir. Insaciáveis extrapolamos, nos vícios, nas mentiras, nos erros. Somos eternos aprendizes, meros charlatões. Somos loucos. Somos lobos.
Trabalho feito louca, dependo da minha criatividade para sobreviver. Mas, às vezes, não encontro paz nem no meu interior. Deixo 140 e uns quebrados todo mês para financiar minha yoga, mas nem sempre vou e contabilizo dois meses para repor. Dinheiro ido, dinheiro que não volta. Minha fuga continua na noite, na presença dos queridos. Entretanto, necessito mais do que gargalhadas e cervejas geladas. Meu escape está no íntimo, onde o ímpeto é aquele momento onde se confunde afeto e sentimento, desejo e saudade. Quem pensa em mim enquanto o mundo acaba? O trânsito é rotina. O caos é brother. O morador de rua é paisagem. O que fizeram conosco? Que cilada é essa, Bino?
Temos a necessidade da posse, mesmo sabendo que não é viável. Mesmo sabendo que o tudo e o nada poderão nos pertencer. Nos achamos donos do mundo, da razão e que detemos o conhecimento. Nossos planos são vagos, nossos desejos são mundanos e nossas vontades são individualistas. Falamos de amor ao próximo com deboche, debatemos causa nas redes sociais, mas mal olhamos para aquele nosso parente que precisa de um emprego. Pagamos pau para gringo e celebridade e esquecemos que são pessoas como nós, que têm necessidades quanto nós. Idealizamos pessoas como se pudéssemos escolhê-las num catálogo - tá aí a serventia do tinder -, tratamos algumas com desprezo, depois ficamos tristes quando nos tratam de maneira semelhante. Sorte do dia: nosso orgulho não nos deixa abater por muito tempo, afinal, a variedade é grande e abraços são substituídos assim como aquela banana podre que estava na cesta de manhã e fora ocupada por uma belíssima e brilhante maçã. No entanto, a fruta poderia estar embolorada por dentro, já pensou nisso? A carcaça é interessante, prende por alguns anos, mas perde valor. E os macacos vão pulando de galho em galho, colhendo maçãs, bananas e até jacas mais sorridentes. As aparências dominam as escolhas, a lábia contagia e quem não entra no ritmo, dança. E, ansiosos, caminhamos rapidamente, corremos contra o tempo como se ele fosse capaz de nos engolir. Insaciáveis extrapolamos, nos vícios, nas mentiras, nos erros. Somos eternos aprendizes, meros charlatões. Somos loucos. Somos lobos.
quarta-feira, 16 de julho de 2014
Desejos
Apenas sinto uma enorme necessidade de fugir. Estou cansada dessa máscara, preciso ser eu mesma por completo. Quero a liberdade, e esse desejo me consome. Eles me sufocam, tiram minha vida, me deixam doente. Eu preciso respirar, eu preciso escapar e firmar meus pés no chão, sozinha. Eu quero a minha paz.
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