sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Um grande foda-se aos vampiros do meu dia a dia

Gostaria que parassem de me trazer seus problemas. Assim como sua pressa e falta de empatia. Que parassem de achar que meu ouvido é de concreto e minha paciência infinita. Que estou sempre disposta a ouvir sem responder como estou. Ou quando tentam incitar atitudes com o objetivo de me fazer perceber algo que não querem me dizer. Porque eu não guardo qualquer desejo em compactuar com relações que não me ofereçam uma troca justa e nem de tentar adivinhar o que lhe aflige. E se tentarem forçar, me fazendo sentir coagida e obrigada, eu certamente me afastarei, porque há muito tempo decidi me abster de relações abusivas. Invadir minha privacidade, me esgota, me sufoca e me faz perder automaticamente o interesse em você. Me deixem em paz, malditos sugadores! Eu espero que se fodam e não, não vou querer saber. Sejam mais independentes, autosuficientes,
se virem! Fodam-se!
Não quero saber o que fazem em suas medíocres rotinas, não quero saber do autor do seu (único) best seller favorito. Nem do seu contestável e pobre gosto musical. Nem do seu péssimo linguajar. Muito menos da sua dieta, do produto que usa no cabelo ou dos dez quilos que você quer perder. E de sua falta de bom senso em qualquer conversa que você precisa interromper os outros pra falar. Porque sua necessidade de autoafirmação é tão profunda que se iguala a sua carência em ser o centro das atenções. Sua estupidez me cansa. Sua incapacidade de pensar antes de falar só me faz ter desprezo pelo que sai de sua boca.
Não, não sou sua amiga e nada tenho em comum com você. Não me compare. Pare de esperar complacência e companheirismo de minha parte porque eu não quero! Não quero você perto de mim, não quero te apresentar meu namorado, muito menos minha família e meus amigos íntimos. Não quero que dê opiniões desnecessárias sobre a minha intimidade e não, NÃO e NÃO quero conhecer a sua! Sai de perto de mim!

sábado, 20 de fevereiro de 2016

Canto da oprimida

Nasci mulher. Nasci o com o peso que o gênero imposto carrega. Nasci sob a preocupação da mãe que repensa o quanto o mundo é perigoso para a mulher. E cresci. Cresci sob o receio de virar puta, vagabunda e inútil. Cresci com medo. Medo de andar na rua. Sozinha. Ou acompanhada. Medo de ser assaltada. Assediada. Estuprada. Medo de morrer. De bala perdida. Sequestro. Ou assassinato. Medo intenso, que faz as pernas tremerem e o coração acelerar. A cada vez que um homem se aproxima. Nas ruas vazias. Nas ruas escuras. Medo de virar puta. Vagabunda. Ou inútil. Medo de meninos. Medo de homens. Medo de desejo. Nasci hétero, sem ao menos me deixarem escolher o que eu queria ser. Ou gostar. Melhor dizendo. Assim permaneci. Compreendi. Que era do gênero opressor que eu gostava.

***

Oprimir

Oprime o ventre, dando-lhe a única utilidade de satisfazer seu desejo
Oprime a fala, com arrogância e desempatia. Com agressividade
Oprime a dor. Chama de frescura, falta de louça
Oprime o clamor. Chama de louca. Histérica
Oprime a liberdade, ordenando que o que deve ser feito é em função dele
Oprime a individualidade, com a falsa ideia de amor. Julgamentos inválidos
Oprime o sexo, pensando apenas no próprio seu falo.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Velha repugnante

Outro dia te disse que meu maior medo era de me tornar uma velha repugnante, que vivesse infeliz e temente à morte. Sem perspectivas de vida, solitária e sendo traída pelo marido. Sem entender por que sua vida havia se transformado nesse marasmo sem sentido e sem brilho. Você me disse que não entendia como eu poderia ser tão pessimista e que nos imaginava felizes e vivendo uma vida com toda a plenitude que representa a união de dois amantes. Então lhe revelei que essa minha visão independia da sua presença e que eu não me imagino sendo feliz ao lado de alguém, vivendo essa felicidade imposta pelo patriarcado e saindo sorridentes em fotos de família. É difícil me imaginar sendo feliz. Talvez seja porque minha concepção sobre a felicidade é distorcida, afinal, nunca consegui apreciar esse sentimento por muito tempo, pois algo de ruim sempre acontecia para estimular pesadelos. Não sei se conseguirei visualizar um futuro doce e bonito, mas sei que tenho muitas coisas para realizar, coisas que me trarão felicidade. Não sei se irei vivê-las ao seu lado, é muito peso para colocar sob sua figura, é criar expectativas que estariam longe de serem cumpridas. Acho que aprendo que amar é isso. Ama-se hoje, com os pés no chão, e quando for possível flutuar, ama-se o sonho. Haverá terra para ancorar nossos sonhos? Não faço ideia, só espero não me tornar uma velha repugnante antes disso.