quinta-feira, 9 de maio de 2013

Amanhã

Não quero nada
Sentir nada
Fazer nada
Ou, dormir o dia todo, quem sabe
Mas, no dia seguinte, à noite
Depois de algumas doses, vou querer o mundo
Dominar e ser possuída pelas desventuras da vida
E, na manhã posterior, não vou querer nada
Me deixa

Surpreenda-se com o melhor tapa na cara que a vida pode lhe dar


Delírios Agridoces - Tapa na Cara
"Quem nunca errou que atire a primeira pedra", quem nunca ouviu essa frase (praticamente um ditado popular) que atire uma pedra em si mesmo, porque em algum momento da vida alguém já deve ter lhe dito. Agora, reflita: quantas vezes você já escutou alguém dizer (ou, quem sabe, disse para si mesmo): "Julguei errado e me surpreendi"? Muitas pessoas não assumem tal atitude quando fazem um julgamento falho, outras simplesmente são orgulhosas demais para deixarem a peteca cair, mas não fazem ideia que é possível aprender muito com isso, ou mesmo, se deliciar com o fato. Além de tirar uma lição moral com a história, por mais clichê que seja, também pode ser muito interessante (leia-se "gostoso", só para não parecer vulgar) quando você descobre que alguém ou algo, que você anteriormente julgou muito mal, não era nada daquilo que você imaginou. Mas tudo bem, presumir é comum, todos fazemos isso, o que difere é a forma como você age depois de levar esse tremendo tapa na cara, se vai ser uma porrada no meio da fuça, ou - já dizia o funk - um tapinha que não dói - e você bem gosta.

Diz ai quando você viu aquela piriguete na balada rebolando até o chão, de saia curta e um baita popozão, e, sentindo uma ereção entre as pernas, comentou com os amigos: "Essa daí é só pra comer!". E quando foi falar com a garota achando que ela só perguntaria qual era o seu emprego e a marca do seu carro, se viu tomando um chute "naquele lugar" porque percebeu que ela era linda, inteligente e... Interessante? Ainda mais adiante, notou-se ligando para ela todas as manhãs para dizer: "bom dia, meu amor", e visitando diariamente o perfil da moça para ver se tinha algum "amigo" curtindo as fotos dela de biquíni. Final feliz para tamanha voadora do destino, não? Mas, poderia ter sido diferente... Você poderia ter ignorado todas essas qualidades (ou nem ter percebido ou se interessado em saber) e tratado a garota como uma "só para comer" e, talvez tivesse comido, vai saber.

E na mesma balada, você, garota, viu aquele sujeito dançando meio estranho, com cara de louco (sem estar “bem louco”), sorriso largo e, logo cochichou com uma amiga: "Quem é esse doido?". E vocês até riram bastante quando ele caiu na escada, ou tropeçou no próprio pé enquanto tentava alguns passos de dança. Até que você já estava cansada porque pegou meia dúzia e nenhum era legal o suficiente e, o tal maluco apareceu com um assunto interessante, querendo ser amigo, comentando sobre gostos que vocês compartilham e... BANG! a peteca marcou um ponto! Trocadilho tosco, não? Mesma opinião que você teve sobre si mesma quando se percebeu apaixonada pelo esquisitão que ganhou seu coração, e foi tanta emoção que, logo depois de um mês, você estava mandando presente com cartão. Rimas desnecessárias, tanto quanto se você tivesse seguido seu primeiro instinto em aloprar o pobre cidadão, e pegado uns "marmanjão" (foi proposital) que só pensam em malhar os "bração" (de novo, tá ficando chato, eu sei!), mas que não têm nada nos "cabeção" (parei!).

Eu poderia contar mil histórias que já aconteceram comigo ou com meus amigos, mas não haveria necessidade, certo? Afinal, você já sabe onde eu quero chegar com todas essas rimas e trocadilhos "bobão" (última vez!). E a primeira conclusão é: julgue. Isso mesmo! Julgue com vontade, julgue como se não houvesse amanhã (contanto que não chegue aos ouvidos do alvo, por favor), nem que seja para cair no chão de tanto rir, ou morrer engasgado de tanta maldade. E quando você perceber que errou com essa prévia maléfica findada pelo pré-conceito - que você jura não ter, mas sabe muito bem que tem – tropece feio, se jogue da ponte, mas, ria. Deboche de si mesmo, caia no chão de tanto rir ou morra engasgado com o mais puro veneno, mas não se apresse a seguir seus impulsos conservadores. Compreenda o erro e abrace o que vem pela frente, seja uma piriguete que gosta de carros, mas que também lê bons livros, seja o freak guy do rolê que tem um sorriso contagiante, seja um amigo de um inimigo, que você percebeu que nada tem a ver com aquele que você odeia, seja aquele cachorro abandonado que era fedido e feio pra porra, mas que tinha os olhos brilhantes e, depois de um banho ficou tão cheirosinho que você não queria mais largar (sai, Felícia!). E, além disso, sinta o prazer em se surpreender com a vida, afinal, melhor tomar um tapa bem dado na cara e sair satisfeito com o ensinamento, do que se o mundo realmente fosse esse lugar escroto que você imagina. Tô certa?

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Por um minuto de cala a boca



Às vezes o silêncio se faz tão necessário quanto comer ou dormir. Ele é tanto essencial para trabalhar e se concentrar, quanto para manter a saúde mental de um indivíduo. É, mental. Afinal, não existe nada mais perturbador do que quando tudo o que você precisa é de um instante para pensar, encontrar respostas que somente um minuto de quietude absoluta concederão, ou apenas querer ficar sozinho, calado e surdo, e, de repente, algo ou alguém interrompe este momento sagrado. Dá para sentir o tom da ofensa? Sim, ofensa, desrespeito, incômodo, perturbação da paz alheia, ou como você quiser chamar. O pior é quando a justificativa para causar tamanha aflição a alguém se resume a uma argumentação: "Mas tudo estava tão quieto". Isso sim, meu caro (a), é uma grande falta de respeito. Levando em consideração o fato de que algumas pessoas não precisam desse tal momento que eu e você tanto valorizamos, e que muitas vezes não entendem que é fundamental parar e pensar para, em seguida, arquitetar um plano e agir, ou então que silêncio é sinônimo de paz, e não me refiro àquela similar ao símbolo tão pregado durante os anos 60, mas à paz de espírito, que só é possível adquirir interiormente e, com certeza, através de muitos minutos de reflexão e calmaria. 

Vá mais adiante e pense que as grandes revoluções não tiveram sucesso apenas com motirões e gritaria, mas porque seus líderes, por algum tempo, permaneceram em quartos escuros considerando os próximos passos que seriam adotados. A mesma linha de raciocínio também se aplica para as criações das notáveis obras de arte, como pinturas, livros e filmes, e até mesmo as mais belas canções provavelmente não foram escritas num ambiente tumultuoso. Claro que, ao falar de inspiração vale tudo, talvez uma música ambiente, ou o som daquela sua banda favorita, mas este caso é outro. O silêncio é um verdadeiro chá tranquilizante e inspirador, já dizia Bukowski que sozinho um homem nunca está só, e é possível gostar da sua própria companhia e torná-la uma grande forma de entretenimento. E porquê duvidar do grande velho safado?

Querer ficar sozinho, por tempo indeterminado ou o quanto se fizer necessário, é um direito de todos. Independente de quem você seja, ou o que faça da vida, este momento é somente seu e não diz respeito a mais ninguém. Portanto, permita-se a um minuto da ausência de qualquer tipo de ruído e distração e aproveite a sensação de plenitude que o silêncio é capaz de promover. Mesmo que você não alcance o ápice de um nirvana, no demais, se houver muito barulho, mande calar a boca.  

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Ele não quer ser amado


Por muitas vezes me perguntei o que estaria fazendo com alguém tão diferente de mim. Tão problemático, tão errado, tão sujo...

A loucura em suas palavras me atraía, do mesmo jeito que ele se atraía pela destruição.

Não sabia o sentido para todo aquele pânico. Talvez eu imaginasse que poderia lhe salvar. Acreditava que, em algum dia, o amor que ele tinha por mim encheria a sua alma e assim, ele não voltaria a flertar com a morte.

Foi então que me dei conta do que mais temia. Ele não tinha alma. Seu corpo movimentava os seus membros inanimados enquanto a sua mente estava constantemente perdida dentro de um abismo.

Eu repetia para mim mesma:
"Ele não consegue ser feliz. Ele não quer ser feliz."

Seu amor me enviou diretamente para o inferno mental. Perdi minha paz de espírito e não tinha forças para enfrentar os monstros que pairavam sobre a minha cabeça. Deste modo, cheguei ao fundo do poço.

Mas eu queria mais.

Me afundei. E ia caindo cada vez mais.

Cheguei onde já não havia luz. Cheguei onde, inconscientemente, eu deveria chegar.

(...)

Incontáveis noites de bebedeiras foram necessárias para lhe tirar da mente. Algumas acompanhada, outras, não.

E mesmo assim ele voltava para me dizer que eu queria mudá-lo. Mas não. Eu queria amá-lo.

Eu repetia para mim mesma:
"Ele não sabe amar. Ele não quer ser amado."

Escrito em: 12.09.2011

Repetições


Apenas diga o que você pensa de mim
Apenas diga o que você quer de mim
Apenas diga o que você espera de mim
Apenas diga, se você gosta de mim

Diga com palavras
Diga com gestos
Diga com sentimentos
Diga com lembranças

Não quero me iludir
Não posso me iludir

Minha alma está cansada
Por trilhar caminhos confusos
Por seguir escolhas erradas
E por amar pessoas ingratas

Preciso saber se posso ser feliz
Preciso saber se posso sentir
Preciso saber se posso me deixar levar
Preciso saber se posso amar

Escrito em 21.03.2012

Amar?


O medo de amar é algo incompressível pra mim. Até onde aprendi, não se escolhe o momento certo, não existe a hora certa.

Você simplesmente sente e, sem sombra de dúvidas, passa a ter certeza com a troca de olhares, com um abraço forte, com um sorriso bobo, com um beijo sedutor.

Eu estava com muito medo.

Medo de me entregar, medo de sofrer, medo de errar, medo de magoar, medo de me comprometer, medo de perder minha liberdade, medo de não ser suficiente, medo de se perder, medo de amar...

Mas algo que eu aprendi com a vida, é que tudo tem a hora certa pra acontecer. Então, deixe acontecer, faça acontecer. Enfrente seus medos e se permita ser feliz.

Escrito em: 20.07.2012

Sopro


Ele apareceu na minha vida como um sussurro.

Um sopro leve e engasgado de quem está à beira do precipício.

Eu tentei segurá-lo em meus braços ao mesmo tempo que lhe oferecia o meu amor, mas não foi suficiente.

Ele então resolveu se jogar em seu próprio abismo, achando que estava me deixando a salvo.

Mas não. Tudo que me deixou foi o gosto da dor de um sentimento não concretizado.

Escrito em: 27.07.2012