"Quem nunca errou que atire a primeira pedra",
quem nunca ouviu essa frase (praticamente um ditado popular) que atire uma
pedra em si mesmo, porque em algum momento da vida alguém já deve ter lhe dito. Agora, reflita: quantas vezes você já escutou alguém dizer (ou, quem sabe, disse para si
mesmo): "Julguei errado e me surpreendi"? Muitas pessoas não assumem
tal atitude quando fazem um julgamento falho, outras simplesmente são
orgulhosas demais para deixarem a peteca cair, mas não fazem ideia que é possível
aprender muito com isso, ou mesmo, se deliciar com o fato. Além de tirar uma
lição moral com a história, por mais clichê que seja, também pode ser muito
interessante (leia-se "gostoso", só para não parecer vulgar) quando
você descobre que alguém ou algo, que você anteriormente julgou muito mal, não
era nada daquilo que você imaginou. Mas tudo bem, presumir é comum, todos
fazemos isso, o que difere é a forma como você age depois de levar
esse tremendo tapa na cara, se vai ser uma porrada no meio da fuça, ou - já
dizia o funk - um tapinha que não dói - e você bem gosta.
Diz ai quando você viu aquela piriguete na balada rebolando
até o chão, de saia curta e um baita popozão, e, sentindo uma ereção entre as pernas, comentou
com os amigos: "Essa daí é só pra comer!". E quando foi falar com a garota achando que ela
só perguntaria qual era o seu emprego e a marca do seu carro, se viu tomando um
chute "naquele lugar" porque percebeu que ela era linda, inteligente
e... Interessante? Ainda mais adiante, notou-se ligando para ela todas as
manhãs para dizer: "bom dia, meu amor", e visitando diariamente o perfil
da moça para ver se tinha algum "amigo" curtindo as fotos dela de biquíni.
Final feliz para tamanha voadora do destino, não? Mas, poderia ter sido
diferente... Você poderia ter ignorado todas essas qualidades (ou nem ter
percebido ou se interessado em saber) e tratado a garota como uma "só para
comer" e, talvez tivesse comido, vai saber.
E na mesma balada, você, garota, viu aquele sujeito dançando
meio estranho, com cara de louco (sem estar “bem louco”), sorriso largo e,
logo cochichou com uma amiga: "Quem é esse doido?". E vocês até riram bastante quando ele caiu na escada, ou tropeçou no próprio pé enquanto tentava alguns passos de dança. Até que você já
estava cansada porque pegou meia dúzia e nenhum era legal o suficiente e, o tal
maluco apareceu com um assunto interessante, querendo ser amigo, comentando
sobre gostos que vocês compartilham e... BANG! a peteca marcou um ponto!
Trocadilho tosco, não? Mesma opinião que você teve sobre si mesma quando se
percebeu apaixonada pelo esquisitão que ganhou seu coração, e foi tanta emoção
que, logo depois de um mês, você estava mandando presente com cartão. Rimas
desnecessárias, tanto quanto se você tivesse seguido seu primeiro instinto em
aloprar o pobre cidadão, e pegado uns "marmanjão" (foi proposital)
que só pensam em malhar os "bração" (de novo, tá ficando chato, eu
sei!), mas que não têm nada nos "cabeção" (parei!).
Eu poderia contar mil histórias que já aconteceram comigo ou
com meus amigos, mas não haveria necessidade, certo? Afinal, você já sabe onde eu
quero chegar com todas essas rimas e trocadilhos "bobão" (última
vez!). E a primeira conclusão é: julgue. Isso mesmo! Julgue com vontade, julgue
como se não houvesse amanhã (contanto que não chegue aos ouvidos do alvo, por favor), nem que seja para cair no chão de tanto rir, ou morrer engasgado de tanta
maldade. E quando você perceber que errou com essa prévia maléfica findada pelo
pré-conceito - que você jura não ter, mas sabe muito bem que tem – tropece feio,
se jogue da ponte, mas, ria. Deboche de si mesmo, caia no chão de tanto rir ou
morra engasgado com o mais puro veneno, mas não se apresse a seguir seus
impulsos conservadores. Compreenda o erro e abrace o que vem pela frente, seja
uma piriguete que gosta de carros, mas que também lê bons livros, seja o freak guy do rolê que tem um sorriso
contagiante, seja um amigo de um inimigo, que você percebeu que nada tem a ver
com aquele que você odeia, seja aquele cachorro abandonado que era fedido e
feio pra porra, mas que tinha os olhos brilhantes e, depois de um banho ficou
tão cheirosinho que você não queria mais largar (sai, Felícia!). E, além disso,
sinta o prazer em se surpreender com a vida, afinal, melhor tomar um tapa bem
dado na cara e sair satisfeito com o ensinamento, do que se o mundo realmente fosse
esse lugar escroto que você imagina. Tô certa?
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