domingo, 17 de maio de 2015
Racional
Muito aprendi com o término brusco do meu último relacionamento. Tardei, mas não falhei. Uma das coisas que aprendi foi que ser racional não é pensar e, logo, agir de tal maneira. As pessoas se confundem muito com este termo. Ser racional é ser um pensador, alguém que tenta entender as coisas - acontecimentos, situações, pessoas, sentimentos, sensações - por diversos pontos de vista e, geralmente, de modo detalhado, com conclusões abstratas ou objetivas, ou não. Seres como eu discorrem e perpetuam pelo pensamento livre, ou não, de tudo o que ocorre ou presencia em suas vidas, e costumam entender como ninguém sobre determinadas coisas. Geralmente temos dificuldades em entender nossas emoções porque temos necessidade de racionalizá-las, de transformá-las em vocábulo, ou transcorrê-las, tais necessidades transformam nossos sentimentos em literatura ou em muita conversa, seja com os amigos, seja com psicólogos. Somos seres que pensam, muito e, geralmente, sobre tudo. E quanto chegamos ao entendimento ou conclusão de algo, é como se pudéssemos, finalmente, nos tranquilizar, pois resolvemos tal equação em nossas mentes. Isso independe de nossas ações ou intenções, nós pensamos, ponto. Meu ex se achava racional porque agia de maneira que não demonstrava emoções - assim como um robô - e me classificava como sentimental. Esse tipo de pensamento é comum entre as pessoas, algo que geralmente provém com mais ocorrência no sexo masculino: "homens são racionais, mulheres são sentimentais", e agora eu te digo porquê essa é a maior balela que já te contaram. Primeiro que pensamento, forma de agir, sentir e compreender entre um sexo e outro não difere por esse mesmo motivo. As pessoas são diferentes no seu interior, isso não é porque são homem ou mulher. Se fosse assim, se coubesse essa linha de raciocínio para Deus todo poderoso, criador de Adão e Eva, ele teria criado dois Adões, certo? E não teríamos Felicianos e Bolsonaros vomitando desinformação, preconceito, intolerância e ignorância em defesa da família tradicional brasileira, correto? Mas enfim, eu não quero entrar nesse mérito, se não, não chego aonde queria e nem vou conseguir terminar o texto esta noite. Bem, hoje eu posso dizer que não sei o que sinto por ele, se sinto algo, mas também não faço questão de entender. Talvez eu sinta nada, por ele, e começar a ensaiar qualquer pensamento sobre isso me dá uma baita preguiça. Já não sinto mais sua falta, já me desfiz de qualquer sensação de estranhamento referente a sua ausência, nada mais que tenha a ver com ele me incomoda ou me faz mal, faz nada, sabe? Um nada. Eu apenas cheguei a muitas conclusões e meu coração começou a seguir então a voz da razão, ou mesmo, pensar demais me cansou por completo, então a razão e a emoção se uniram e nenhuma delas está desalinhada. E posso dizer que isso foi ótimo, como um estalo, sabe? De repente você se sente indiferente à tal pessoa e você começa a agradecê-la - em pensamento - por ter saído da sua vida. Não porque te fez mal demais - você já conseguiu se esquecer de qualquer mal que ela tenha lhe causado -, simplesmente porque tudo o que você sentia ou pensava por ela mudou. E, confesso, estar solteira nesse momento da vida está sendo a descoberta mais gostosa de todos os tempos. Porque consegui unir o término, com o aprendizado disso tudo e mais o fato de começar, finalmente, a morar sozinha (porque ele estava sempre aqui), e tem sido incrível. Tenho gostado da minha solitude, tenho aproveitado a minha solidão e, quando canso de estar só, eu simplesmente saio de casa e posso trazer quem eu quiser aqui, inclusive, pessoas que eu não poderia trazer enquanto estava com ele. Tudo tem sido tão desbravador e ao mesmo tempo consolador, me sinto mais madura, mais segura, mais completa e repleta de amor próprio. Obrigada ex, por ter terminado de maneira horrível, por ter me feito te tirar da minha vida e, mais ainda, ter me deixado só, porque o mundo sem você, realmente, tem sido mais belo e proveitoso. E, outro fato importante, não era amor.
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