Nunca fomos carne e unha.
Éramos braços sem pernas. Preto no branco. Dor e sorte. Lágrimas sem beijo. Óleo e água.
Dormíamos muito, sob sonhos desconexos. E nosso despertar assumia a triste forma da realidade. Vivíamos através da sombra do tempo, que nunca foi nosso amigo. Sem tréguas para um futuro longínquo.
Nem na dor nos encontramos. Os abraços vinham com os suplícios, mas perderam o dom de curar. Perdidos num espaço imaginário da sua mente. E assim, o que nos restou, foi apenas um gosto amargo.
Nós tornamos culpa e defesa. Confusão e tristeza. Delírio e fraqueza. Lamentos e desamor.
Que pena que te restou a ira. Em mim, ficou a esperança de alegria. E a dor.
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