segunda-feira, 4 de junho de 2018

Perdi minhas estribeiras

Venho por meio desta declarar meu pavor chamado amor.
Me foi deflagrada a fome, mas alimento, não me resta.
Então, este temor não persiste, porque não existe.
Não quero me enganar, mas de fato, não há concretizar.

Falhei miseravelmente em aceitar, sem balbuciar.
Que amor pela metade, não tem como sustentar.
Toda essa loucura dentro de mim.

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Dois poemas de Pablo Neruda:

SONETO XVII
(...)
Amo-te como a planta que não floriu e tem
dentro de si, escondida, a luz das flores,
e, graças ao teu amor, vive obscuro em meu corpo
o denso aroma que subiu da terra.
Amo-te sem saber como, nem quando, nem onde,
amo-te diretamente sem problemas nem orgulho:
amo-te assim porque não sei amar de outra maneira,
a não ser deste modo em que nem eu sou nem tu és,
tão perto que a tua mão no meu peito é minha,
tão perto que os teus olhos se fecham com meu sono.

SONETO XLIV  
(...)
Amo-te para começar a amar-te,
para recomeçar o infinito
e para não deixar de amar-te nunca:
por isso não te amo ainda.
Amo-te e não te amo como se tivesse
nas minhas mãos a chave da felicidade
e um incerto destino infeliz.
O meu amor tem duas vidas para amar-te.
Por isso te amo quando não te amo
e por isso te amo quando te amo.

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