Existe algum lugar em que eu me encaixe sem que eu me sufoque? Que me faça querer fugir ou gritar ou espernear ou correr pra um abraço? Daqueles que acalentam suficientemente o ego e afagam as dores? Onde eu me encontro nesse abraço? Posso eu abraçar a mim mesma? Posso algum dia parar de me sentir mal por nunca conseguir ser suficiente? Posso realmente ser capaz, sozinha, de revolucionar os paradigmas da minha própria percepção de vida? Quem eu sou que não me encontro de mim mesma? Será que a pergunta deveria ser: o que eu quero? Ou quem quero ser? Ou o que preciso fazer para me sentir melhor na minha própria pele?
Sinto que me falta combustível, mas mais do que isso me falta um lampejo certeiro. Sinto que não quero sentir mais nada porque estou cansada. Quero ser livre.
quinta-feira, 21 de março de 2019
terça-feira, 12 de março de 2019
Trabalho
Vivo um momento de intensa inadequação. No ambiente de trabalho, em casa e nas perspectivas de vida. Não encaixo. Talvez por ser grande demais e não caber, mas a sociedade me faz acreditar - com seu jogo maléfico de poder - que é porque sou vazia. Tenho pouco valor, logo, não sirvo de demanda. Porque questiono demais, porque não tenho foco somente na minha função e não tento melhorar para ser uma funcionária melhor. Tento melhorar como pessoa, ser maior e não suficiente para o trabalho, ou grande para ser destaque aos olhos do patrão. O trabalho não deveria moldar a vida. A vida deveria moldar o trabalho. Quanta coisa a gente deixa de fazer porque não cabe ao trabalho? E essas coisas viram hobby e quem consegue manter uma atividade que gosta sem ganhar dinheiro com isso é porque tem uma condição de vida melhor do que a maioria da população, porque tem o privilégio do tempo e do dinheiro. Ter privilégio não significa que alguém é menor porque tem, mas deveria entender que todo mundo também poderia ter. Poderia ter tempo e dinheiro para fazer coisas que gosta para não adoecer e, indo mais além, não deveria viver de forma precarizada enquanto favorece e enriquece bolsos de outrem que não sofrem nada dessa realidade, que atuam para manutenção dessa desigualdade e que não querem que todos tenham os mesmos privilégios. Fazer reforma, melhorar o poder de compra, se contentar com pouco ao mesmo tempo que alguns não tem nada é suficiente?
Esse mundo é doente.
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