terça-feira, 16 de abril de 2019
Vida breve
Não tem nada de romântico em assumir o título. Não é motivo pra enaltecer a juventude desregrada. A vida é breve porque ela não vale nada. A vida se resume a número. Mortos são estatísticas. E tentam nos fazer engolir que a vida é valiosa. Adoecer, morrer repentinamente, ir morrendo aos poucos ou estar morto por dentro. Pode acontecer a qualquer momento, pode acontecer com qualquer um. A vida é breve porque ao mesmo tempo que é valorosa, algumas vidas não valem nada. Pra ninguém, pra nada. Eu não valho nada. Hoje vi gente morrer, amanhã ou outro dia pode ser alguém que amo, pode ser comigo. Existe certeza da morte mais do que se tem da vida, mas o que nos resta é enganar a morte ou nos enganar sobre a morte? O que nos mantêm vivos? O que me faz sentir viva? Não tem nada a ver a morte, mas as vezes pode ser algo como renascer todo dia. Talvez dormir seja um pressuposto à morte. Dormir e não acordar mais. A diferença é que não resta consciência e isso não é problema. Para quem está morto.
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