segunda-feira, 6 de agosto de 2012
Despertar
Acordo com a luz do sol batendo em meu rosto. Tento me levantar por alguns minutos e então, os acontecimentos da noite anterior vêm à tona.
O gosto amargo do último trago, o dissabor inconstante da ressaca se faz, então, presente. Eu me pergunto: o que eu tenho que fazer agora? Então minha mente se silencia.
Caminho em direção ao banheiro, ao som da voz de cobrança em meus pensamentos: quem você se tornou? O que você precisa para continuar respirando?
Essas questões desaparecem assim que jogo água em meu rosto. Lavo a matéria física, mas não a alma.
(...)
O que alimenta uma alma?
Procurar acalento em braços alheios sob a falsa ideia de aqueles momentos poderiam se transformar em amor? Ou continuar acreditando na ilusão de que seria possível amar novamente?
Vagamente procuro, a cada toque, um meio de suprir meus desejos. Mas desejos podem ser considerados mundanos, num trajeto muito distante do sentimento.
Talvez seja culpa da promessa momentânea que já fiz a alguém, de que só é possível amar uma única vez na vida. Tais pensamentos tornaram a minha própria opinião numa prisão, construída sob uma estrutura de gelo, que apenas gela e nunca derrete.
Já amei. E no mesmo sentido que amei, sofri.
Este mesmo amor, que aconteceu entre ambos no instante da primeira troca de olhares, foi o mesmo que se evaporou com semelhante velocidade em que ternura e prazer foram substituídos por repulsa e impropriedade.
Desperto sob o pesar de que os dias de felicidade já não existem mais e apenas há uma sombra em que, ininterruptamente, me faz confundir diversão com sentimento.
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