segunda-feira, 16 de março de 2015

Insaciável



Acho que descobri o que realmente quero, só que decidi não ficar procurando isso. Existem coisas na vida que vêm ao acaso, por mais que você tente buscá-las - já dizia um clichê -, quando tiver que ser, será. Nunca aprendi tanto na vida como nos últimos anos e sinto que ainda passo por um processo de transformação intenso, até chegar o momento que diversas questões irão se estabilizar (assim espero). Ano retrasado foi quando emagreci vinte quilos, fiquei louca, tentei parar de fumar durante um mês e voltei no primeiro gole de cerveja, parei com a maratona de baladas em que passava vários dias da semana bêbada e caçando sarna pra me coçar, namorei um psicopata que flertava com a morte e com dezenas de garotas por diversos meios. E então teve a vinda da minha avó acamada e com demência à nossa casa durante cinco meses, o que resultou em uma briga imensa sobre dinheiro, meu primo ignorante tentou bater no meu pai dentro da nossa própria casa, e paramos de falar com a maior parte da família de meu pai e uma parte da família de minha mãe, nos isolando. 2014 foi o ano mais louco da minha existência, terminei o relacionamento doentio no carnaval, 3 semanas depois andava na rua acreditando que estava flutuando, tive inúmeros casos, fiz sexo casual com parceiros suficiente para inundar a minha lista (nada de DSTS ou gravidez, por favor),  me apaixonei 3 vezes (todos piscinianos), conheci gente pra caralho, viajei pra caralho, e voltei a ver o mar depois de 4 anos distante, que foi o cenário para a minha última paixão. Fiquei louca, chorei, berrei, briguei, quase fui pivô de um término, comecei a estudar astrologia, iniciei um livro (e não terminei), finalizei outro, me entreguei ao yoga, e, virei devota do mar (tive que falar dele de novo, não resisti), passando a virada do ano com os pés nele. E 2015 começou de uma maneira muito diferente do que eu achava que seria, mas talvez do jeito que eu desejava. Começou sereno e com dezenas de mudanças, não menos caótico, mas mais esclarecedor. Conheci o cara mais legal do mundo, que se chama Edgar, o foi o primeiro libriano que me envolvi. Fazíamos tudo junto, nos dávamos bem, nos entendíamos, e nunca conheci (e talvez nunca mais conheça) alguém tão parceiro quanto este, mas não demos mais certo porque eu não pude amá-lo da maneira que ele merecia, talvez por não estar pronta para um compromisso, talvez por não estar apaixonada por ele. Também finalmente sai da casa de meus pais e ainda luto para processar o que é essa vida nova, onde tenho experimentado cada vez mais terríveis sentimentos de medo, falha, culpa e, algo que senti ontem quando terminei com o Edgar, solidão. No entanto, entendi que esta solidão me é necessária para me entender melhor e lidar com meus próprios pensamentos, receios e devaneios, tanto que este foi um dos motivos para ter decidido morar sozinha. Como sempre, tudo na minha vida ocorre de maneira turbulenta, então tive que vivenciar a doença que atacou o meu estômago e é responsável por eu estar há 4 dias sem comer direito (e infelizmente, sem beber, sendo que eu precisava), o rombo que encontrei na minha conta e perceber que não vou conseguir nem pagar o meu primeiro aluguel e todas as minhas despesas com o que tenho no momento, e ter que apelar para o pagamento das minhas férias, 30 dias que eu poderia tirar para descansar, mas trabalhar enobrece a alma (vou tentar acreditar nisso), para pagar tudo o que devo e de quebra tentar visitar o mar, o término com o Edgar que está corroendo meu coração e a culpa constante por ter saído de casa sem qualquer condição para isso, ainda dependendo de grandes ajudas de meus pais, tudo assim, de bandeja, na mesma semana. Por mais que eu esteja totalmente preocupada - e hoje eu sei o que é deixar de dormir por falta de dinheiro (algo que já vivi várias vezes, a diferença que agora depende totalmente de mim) -, eu sei que é tudo uma fase e estou animada sobre o que pode acontecer daqui pra frente nessa nova jornada de liberdade e independência que me aguarda. Sentir isso me faz perceber o quão estava despreparada para namorar, pois, estar num relacionamento cômodo te faz pensar menos (esse é um dos motivos que me fizeram parar de postar aqui), porque você sempre tem alguém para afagar as suas mágoas e dúvidas, e o que eu preciso é aprender a lidar comigo mesma e com a vida que escolhi e este momento é agora, e eu não conseguiria fazer isso estando com alguém. Eu espero que em algum momento eu esteja mais tranquila e quem sabe, conheça alguém que me faça apaixonar e amar ao mesmo tempo o suficiente para apaziguar essa insaciável vontade de descobrir as mazelas e prazeres da solitude e viver um amor desses que enchem o peito, te fazem mais feliz e a pele brilhar, em que planos para o futuro surgem em cafés-da-manhã a dois, na cama, pós-sexo, de maneira natural para ambos. Enquanto isso não acontece, vou voltar a me jogar no mundão e ver no que dá.

Um comentário:

  1. Eu não estou em sua pele, que deve ser uma pele macia, mas se jogar, quem sabe seus saltos sejam belos saltos ornamentais.

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