Eu tenho essa mania de ser muito dura comigo mesma, coisa fadada há muito tempo. Mas, como sou humana - cheia de falhas e incoerências -, é natural dizer que não faço por onde, nem quando minha consciência já pesa antes de eu agir. Impulsiva demais pra dar tempo ao tempo e respeitar o tempo do outro. Eu não respeito nem o meu tempo, eu nem sei reconhecer o meu tempo. Porém é um aprendizado mais que requisitado, se tornou necessário. Se é difícil mudar um comportamento - como dizem - creio e noto que é mais difícil mudar um pensamento, que começa como um lapso ou através de um gatilho acionado, e se transforma numa parte de você, ou no que você passou a vida toda acreditando ser. Não sei porquê me perco tanto, talvez eu não confie em mim mesma. Talvez eu não sei lidar comigo mesma em alguns momentos, e assim, não sei lidar com o outro, ou com os outros. Me sinto cansada de bater sempre na mesma tecla, que cada vez mais se transforma num grande muro, onde bato a cabeça toda vez que eu não sei pra onde ir. E assim vem a vontade de correr. Fugir. Pra bem longe, mas nem sei exatamente do quê. Talvez, toda vez que o impulso desse tipo de pensamento surge, eu esteja querendo fugir de mim. Queria ser coberta, não numa bolha, mas demasiadamente segura. Isso deve ser uma ilusão.
O que aprendemos com a amarga experiência é que essa situação de ter sido abandonado à própria sorte, sem ter com quem contar quando necessário, quem nos console e nos dê a mão, é terrível e assustadora. Mas nunca se está mais só e abandonado do que quando se luta para ter a certeza de que agora existe de fato alguém com quem se pode contar, amanhã e depois, para fazer tudo isso se - quando - a roda da fortuna começar a girar em outra direção.
Zygmunt Bauman
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