Que necessidade é essa de se prender a feitos, que apenas resistem (leia-se: insistem) por meio de um rótulo ou determinada regra e, que há muito tempo, foram desfeitos? Que morreram a partir da primeira mentira contada, da primeira mágoa, da primeira decepção. E perderam o sentido quando o próprio sentimento se calou. E vagou.
E qual seria o ponto de equilíbrio ideal para viver substancialmente bem consigo mesmo? O que é preciso para se sentir completo?
"É preciso coragem", é o que ouvi e li de algumas bocas fundamentalmente sábias e em persuasivos textos de auto-ajuda. E sim, talvez uma dose de bravura seja crucial para abandonar o que é visto como "certo" e prosseguir para o incerto. E, talvez isso funcione, sabe? Basta não se levar tão a sério, encarar o que vier com leveza e, caso o coração acelere e a ansiedade queira sair pela garganta, vá a um quarto escuro ou num campo aberto e grite. Extravase todas as dores e chore desgovernadamente se houver necessidade, mas quando decidir que é a hora de voltar, retorne lindamente e com a cabeça erguida, nem virada para o céu, nem para o chão, mas na altura dos olhos alheios. E olhe nos olhos, cumprimente o porteiro, o faxineiro, o zelador, aperte as mãos de outrem com firmeza, abrace com vontade e prossiga serenamente como se pudesse flutuar.
E a vida segue assim. Irrefutável, imprevisível e, ainda bem, interessante. Não como uma roleta russa, não como uma sequência de devaneios e atos impensados, ou um mártir de longos arrependimentos.
Apenas pense: amanhã pode ser o último dia. Então, vamos viver?
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