quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Bukowski, astrologia e as coincidências de minha história de vida

Quando comecei a ler Bukowski, eu me via vivendo como ele. Em uma vida regada à sexo, drogas e alguma necessidade de intelectualização. Não que eu realmente vivesse desse maneira, até porque só fui viver e compreender plenamente a minha liberdade sexual este ano, porque antes disso, eu só me via em meio a amargas ilusões, que até então, eram incompreensíveis para mim. E assim a noite, as bebedeiras se tornaram minhas companheiras, assim como meu combustível era viver para o meu prazer, para as amizades e relacionamentos instantâneos, embora eu soubesse separar muito bem uma questão da outra, existiram muitas "amizades" que acabaram tão rapidamente, quanto dura a brisa da maconha. Entretanto, toda essa introdução se refere a ocasiões ocorridas há dois anos atrás, e, este ano minha vida teve uma reviravolta inconcebível. Eu sempre admirei a maneira crua como o velho tarado descrevia os acontecimentos mais mundanos de seu cotidiano, a forma negativamente bem humorada como ele enxergava o todo, e cada detalhe, me faziam sentir compreendida. Certamente achava que poderia ser uma das personagens de Mulheres, e que eu era realmente uma mulher que sabia o que queria.

Hoje eu me vejo com o ego estraçalhado, o mesmo ego que me dá orgulho e que serve de impulso para minha vida. O mesmo ego que me transparece segurança, a ponto de ouvir de amigas próximas, frases como: você é um mulherão, eu queria ser como você. No entanto, isso apenas é uma carcaça, basta procurar pelo significado de um ascendente regido pelo signo de leão para entender, afinal, leão é um signo fixo, que regido pelo Sol, a estrela mais brilhante do céu, a razão para existir vida na Terra. Sem divagar em astrologia, mas havendo necessidade em voltar para os ensinamentos que este estudo tem me proporcionado, me vejo sob um karma chamado "parte da fortuna", algo que fui entender de fato hoje, e vi todo o desenrolar na prática, diante de meus olhos. Antes de tudo, eu procurei por astrologia porque eu necessitava alguma maneira de me entender melhor e, consequentemente, as pessoas ao meu redor. Eu precisava de algo que fosse mais místico e menos complicado do que a psicanálise, por exemplo, mas me deparei com um estudo milenar e com muitos pontos de vista, sem fácil acesso para compreender cada aspecto da maneira correta, mas como se trata de um longo estudo, não haveria como haver maneiras corretas, até porque, cada autor-astrólogo dará uma visão diferente. Falar sobre Astrologia é complexo, até porque, acredito não conhecer ou entender 10% das prioris necessárias para analisar um único mapa natal, quanto mais relatar o que escreverei a seguir. Mas meu próprio mapa me revela a minha audácia, e a minha maneira de saber discorrer sobre qualquer assunto, mesmo tendo o mínimo de conhecimento. Tenho dois planetas em gêmeos, luminares em signos de ar, o que me faz tender totalmente à comunicação, à racionalização, e a necessidade de encontrar sentido para tudo. Voltando a falar sobre o karma, minha fortuna está em peixes, na casa 8 (casa de escorpião, signo do elemento água, assim como peixes), isso significa que a minha fortuna, ou a missão de vida seja compreender o incompreendido e de uma maneira pisciniana. O que acontece é que não tenho profundidade emocional (veja a diferença entre racional e emocional, eu nunca soube separar) suficiente para concretizar tal fato, talvez, não agora aos 24 anos, logo no momento que estou em constante mutação, onde sinto a necessidade de amadurecer em pontos emocionais e psicológicos. Isso talvez implique na minha atração por piscinianos, por eles terem essa profundidade emocional que eu não tenho. Talvez pela maneira deles enxergarem o mundo, seja muito diferente da minha. Embora eu diga isso com base em todos que já me envolvi, e não preciso dizer que dois deste signo solar foram os que mais me foderam (desculpe o linguajar, mas não haveria outra maneira de me expressar melhor) este ano, sem levar em conta que a pessoa mais importante da minha vida é a minha mãe, solar em peixes, mas com muitos planetas em aquário, o que faz dela uma aquariana muito louca, mas com todos as características de peixes: o escapismo, a loucura, a vitimização, a postura defensiva, a falta de pés nos chão, entre outros, e, já que a Astrologia também explica a genética, eu herdei uma lua em aquário, e uma fortuna em peixes, enquanto minha irmã, uma lua em peixes e um ascendente em aquário, entre muitos outros aspectos. Não vou mencionar os aspectos herdados de meu pai, porque não teria fim, e não iria passar de coincidência para os leigos.

Foi então que este ano resolvi abandonar o tesão por Bukowski, para cair nos braços afáveis de autores como Leminski, Kundera e Hesse, porque eu precisava de leveza, ainda mais após sete meses de autodestruição ao lado de alguém que nenhum bem me fazia, que nada compactuava com meus ideais ou simples pensamentos e que eu extingui de minha vida de uma maneira muito bruta, mas que me rendeu uma sensação transcendental de liberdade. Depois do término com ele, conheci o cara que estimulou grande parte dos pensamentos e conceitos que eu carregava até poucos meses, mas que desmistifiquei após constatar que nada de sábio ele tinha, apenas era alguém que estava experimentando o doce gosto da liberdade, mas que tinha profundidade e lábia suficiente para expressar cada noção de maneira suave e persuasiva, assim como um verdadeiro sábio. Ele tinha mercúrio em peixes, onde este planeta encontra o detrimento, mas que, de alguma maneira, se atrai com meu mercúrio domiciliado, racional e repleto de ar. Como dois pólos de opostos que se atraem (lembrando que o meu oposto seria sagitário, mas ele não se atrai), assim como a razão e a emoção. Sorte a minha poder mudar meus pensamentos, ser como o refrão: "eu prefiro ser essa metamorfose ambulante", e não ter que carregar nenhuma constatação pesada para sempre, ou por tempo demais. Houveram outros tantos mutáveis: sagitarianos e virginianos, mas os piscinianos sempre foram os que mais marcaram. Depois deste, surgiu outro, de mesmo sol, mesmo mercúrio, mesma vênus (em aquário), e lá estava eu, novamente, sofrendo. Não porque esperasse algo deles, não porque estava apaixonada, mas porque estava frustrada, ou desiludida, porque era difícil compreendê-los, porque eles não compreendiam a minha leveza e a minha necessidade de me expressar, e porque eu queria um pouco deles para mim. Não eles, de fato, mas havia algo neles que me instigava, que eu queria ir mais a fundo para conseguir compreender, porém, fui barrada antes mesmo de poder adquirir conhecimento suficiente. Porque a vênus em aquário deles se sentia sufocada, não que eu ficasse em cima, mas porque eram coisas da vida, o primeiro tinha acabado de sair de um relacionamento posterior ao fim de 10 anos de casamento, então ele queria comer todas as bucetas que lhe fossem possíveis, e me achava muito imatura para ele (não que eu concorde com isso), e o outro era apaixonado pela ex, um ser fixo e apegado, mesmo havendo envolvimento suficiente entre nós, ele apenas me disse: você é muito livre e eu invejo essa sua leveza, mas eu não consigo ser assim. E, em uma discussão intensa em que ele agiu totalmente como vítima, eu o exclui de minha vida. Falando assim parece que sou extremamente fria, mas não, é porque é essa a maneira geminiana de comunicar, informar e narrar histórias, eu me prendo aos fatos, aos detalhes, e, até nas emoções, mas talvez só as que senti, porque só assim iria me fazer sentido escrever.

Até que depois de alguns meses, num momento em que me encontro totalmente apática com relação aos envolvimentos afetivos, ou à busca por diversão na noite, conheço outro pisciniano, que se diferencia dos outros, com um vênus em peixes e um ascendente em gêmeos. É muita mutabilidade, desprendimento e frieza, e eu sabia de tudo isso antes de conhecê-lo. Eu não me atrai por ele, não fisicamente, mas eu sabia que ele era interessante. E fui me deixando levar, até o ponto de ele me fazer sentir uma merda, a mesma merda que me senti com os outros, a mesma merda que sinto desafiar invasivamente o meu eu feminino. Consegui enxergar a forma dele falar exatamente semelhante a um colega de trabalho que tem o mesmo sol e o mesmo mercúrio. (Ainda é possível falar que Astrologia é balela?) A mesma frieza, a mesma dificuldade em se expressar, a mesma necessidade de culpabilização, a mesma postura defensiva e covarde. Sinceramente, eu sabia que esse cara tinha todo o poder para me ferrar, mas eu estava sendo cuidadosa a ponto de saber quando seria o momento de parar, foi apenas o contratempo, que me pegou numa imensa tpm, uniu à falta de senso  dele, com o ego feminino totalmente sensibilizado e ferido. Eu poderia ter sido mais leve, eu poderia realmente ter colocado o meu leão, meu aquário ou meu gêmeos para trabalhar, mas outros aspectos falaram por mim, e eu me vi vitimizada e perdida. E apesar de parecer que reclamo de minhas fraquezas, tão enraizadas, eu amo o meu mapa, e esse meu sol e mercúrio maravilhosos são a minha arma e a minha salvação. Eu prezo pelo valor da palavra, mesmo que palavras não sejam atitudes, para mim não há separação, se eu digo algo, é porque é isso o que eu faço, é isso o que eu penso, e por isso me sinto fraquejar quando alguém age de maneira reversa ao que disse, e é isso o que os mercúrios piscinianos fazem, o tempo todo. E é por isso que eu devo me afastar deles. Menos o colega que me delega trabalho, que a única maneira que encontrei de evitar atritos com ele (que não foram poucos), foi tratando-o como merece ser tratado: sem importância. Brinco com ele o dia todo, até fazer ele soltar aquela risada nervosa e ensaiada, aquela frase pronta que ele preparou meses atrás, porque criar um repertório de frases prontas foi a maneira que ele encontrou de se livrar da dificuldade em se comunicar. Ele é duro, sem leveza, e é assim que a maioria deles é, especialmente os que eu atraio. Eu resolvi colocar um ponto final em todas as histórias mal acabadas e, diferente de Bukowski, que por sinal era leonino (e deveria ter problemas com o ego, mas morreu em 9 março, estranha coincidência), não vou mais me embriagar para esquecer, vou aprender, finalizar, amadurecer e voltar a reinar com a rapidez que meu marte em áries pede, com a necessidade que meu sol demanda em esquecer, com a vontade de desapego que minha lua possui, e com toda a realeza e orgulho que meu ascendente me trouxe. Ponto, e ponto final.

Um comentário:

  1. Um bom desabafo ajudar o ar correr pelos pulmões, liberta e apura os sentidos. bjs

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