domingo, 30 de novembro de 2014

E quando a realidade vem à tona

Bob Marley - Every little thing is gona be all right

Acho que levei uma semana para perceber algo que o ano todo venho tentando compreender. Algo meu, extremamente íntimo, porém, essencialmente esclarecedor e que acredito valer para outras pessoas. Toda essa minha ansiedade oca faz parte de mim, infelizmente. E eu sofro com ela a minha vida inteira, e, por mais que eu não a transpareça abertamente, ela está aqui, enraizada e latente, e por vezes até grita. Eu queria me livrar desse mal, já busquei terapia, já fui encaminhada para psiquiatra, mas tudo o que eu menos quero é ficar dependente de remédios. Tá certo que eu uso de alguns artifícios nada saudáveis apenas para amenizar o problema, o que não é muito diferente de usar medicamentos, no entanto, o uso ocorre através do prazer, então, se preenche minhas necessidades de um modo ameno, por que não? No entanto, percebo, desta vez de maneira muito mais profunda e escancarada, que esses usos também são vazios e, que para combater de fato o problema, eu devo procurar por opções mais saudáveis, exatamente aquelas que eu tanto esqueço, mas que ficam martelando na minha mente. Opções como voltar a praticar yoga e meditação, parar de buscar na noite - quando digo noite me refiro às baladas - uma fuga para minhas dificuldades diárias ou uma maneira de me sentir viva, mas que não me supre mais, justamente por causa do vazio que resta no dia seguinte. Além disso, procurar em outros corpos algo que me falta, algo que desejo, mas que tenho preguiça e alguns impedimentos para começar a adquirir. E o que me falta é a calma. Eu não preciso buscar uma fonte de calmaria inesgotável, eu não preciso de um homem ou de amigos - e diversão constante - para arcar com a minha ânsia por viver, eu preciso apenas me reencontrar, olhar para o meu interior e visualizar o pico do problema. E eu achei.

Percebo então que, neste ano de transformação e inúmeros aprendizados, a realidade foi-me confrontada diversas vezes, mas eu não enxerguei porque o meu ego me atrapalhou. Agora, eu me liberto aqui, de uma vez por todas, de meu ego para poder transcender nessa estrada que se chama vida. Vou buscar o que me faz bem, o que me soma, vou trabalhar com alguns pontos que não posso mudar de imediato, e vou me livrar do que me faz mal, seja com o tempo que ainda me houver, seja conforme a vida quiser.

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Carta ao homem do mar

Maria Rita - Encontros e Despedidas 

Quando estávamos naquele quarto escuro, naquele ambiente tão íntimo e ao mesmo tempo tão acolhedor, eu revelei o meu desejo de te carregar comigo. E você riu, disse que para São Paulo não se mudaria, então eu sugeri que fugíssemos e você aceitou. Como eu queria que essa proposta, dita em tom de brincadeira, se concretizasse. Como eu desejaria realmente fugir ao teu lado para algum lugar nunca antes visitado por nós, ou, no mínimo, eu me imaginaria fugindo para o teu canto, de tempo ameno e com o mar aberto. Seria como se você me resgatasse da selva de pedra que me aprisiona, seria como se a liberdade que tanto almejo estivesse ao teu lado. Sinto um nó na garganta ao escrever cada uma dessas palavras e meus olhos lacrimejam, mas não despejam uma gota, porque eu sei que se eu chorar vai ser por tristeza e não é assim que eu quero encarar a nossa curta, porém bela e intensa história. Eu sei que podemos nos encontrar num futuro muito próximo, eu sei que você quer, tanto quanto eu quero, e sei ainda que você é mais maduro do que eu para não me enxergar como uma solução para a sua solidão, uma salvação para a sua depressão e talvez, seja porque você não queira se livrar do seu sossego, e eu acho bom e inclusive aprecio, afinal, já aviso de antemão: eu sou caótica, assim como o trânsito paulista e a constante correria que você tanto despreza na minha cidade, assim como o ar poluído nessa permanente atmosfera, assim como a ansiedade que afeta toda uma geração, assim como poderia ser o cenário do teu pior pesadelo. Mas eu não quero te tirar do aconchego, não, moço da pele macia e bronzeada. Eu não quero tirar a tua paz, não, moço dos olhos fundos e penetrantes. Eu não quero me tornar a principal razão da tua loucura, não, moço da voz oca e alta. Eu não quero ser a moça a que vai mudar a tua vida, simplesmente porque eu não acho que deva ser mudada, não, moço do corpo que beira a minha visão de perfeição. Porque eu não sou perfeita e eu sou tão perdida quanto qualquer jovem de minha idade. Porque eu não sei o que espero do amanhã e não tenho planos concretos para nada. Porque eu ainda nem sei o que mais me faria feliz, quanto mais fazer alguém feliz. Isso é muita responsabilidade, moço que descreve a própria vida como tranquila e "sem emoção". Eu confesso apenas que perderia toda uma eternidade se fosse para me perder em seus braços novamente, eu encararia outro quarto sem luz e sem piso para sentir-me desfalecer sobre o teu corpo, a cada vez que você me fizer transportar para outra galáxia, e eu não somente viajaria do Rio até Salvador, como desbravaria qualquer cidade para estar contigo e receber teu carinho nos meus fios de cabelo desgrenhados e banhados pelo nosso suor, enquanto acaricio a sua barba e aprecio o teu sincero e largo sorriso. Eu queria o poder de congelar o tempo naquela noite de domingo que foi totalmente nossa, sem qualquer intervenção, onde estávamos dispostos a equalizar as nossas energias, enquanto recebíamos e doávamos, um ao outro, um pouco de nossas almas, que se entrelaçaram e dançaram sob a mais frenética e intensa canção. Você me mostrou um pouco de tuas fraquezas, e eu vi o teu olhar mudar enquanto estávamos unificados, eu pude enxergar um brilho que talvez você não sentia há algum tempo. E eu fico imensamente feliz por ter sido o motivo para esta felicidade, na verdade, eu queria que ela durasse tempo suficiente para preencher o teu coração com positividade e acolher os teus pensamentos toda vez que você se deitar, mas eu não sei se vai durar muito, mas que seja suficiente enquanto dure. Talvez porque por mais positiva que eu seja, eu sou realista, e isso eu aprendi com a experiência que as minhas escolhas e atitudes me trouxeram. Eu queria poder acreditar que meus sentimentos por ti tomassem vigência, eu queria poder acordar todos os dias com o som da tua voz, bem baixinha para não me assustar, e o toque de tuas largas e firmes mãos acariciando a minha cabeça, eu queria ser quem te dá prazer a cada ereção que você tiver, e queria descobrir contigo o verdadeiro significado do verbo "amar", mas eu não posso me iludir, não mais, ainda mais em nossas condições, que nos separam por quilômetros de distância de duas vidas que não podem ser subvertidas. Embora, eu desejasse que nosso encontro ocorresse em breve, onde eu pudesse finalmente pular em teu colo e beijar os teus grossos lábios, sentir o calor do teu corpo se aquecer em contato com o meu, e me deixar ser levada por tua calorosa diligência. O desejo permanece e permanecerá enquanto houver razão, ou emoção, para que perdure. Eu não acredito que você seja substituível, assim como vi e sabia que muitos seriam, mas eu não posso esperar de ti algo impossível. Eu nunca esquecerei da imagem em que a brisa batia em teu rosto e do inebriante sorriso que se formou na tua boca quando nossos olhares se encontraram. Eu queria te salvar, homem do mar, e queria me salvar ao teu lado, esta é apenas uma vontade que será guardada, aqui, em minha alma. Obrigada.

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Quando a brisa encontra o mar

Cada vez acredito mais que na vida nada ocorre por acaso e cada um dos acontecimentos parece se encaixar apenas para ser escrito. E assim eu descrevo, aos poucos, a minha história. É neste blog que eu desabafo os meus sentimentos mais profundos, assim como as conclusões que encontro para várias dúvidas após tanto refletir, ou somente viver. Este ano inteiro tenho me posto à prova do acaso, e assim pessoas foram surgindo, e passando. Por mais que algumas eu esperava manter, eu sentia a necessidade de deixá-las ir, compreendendo que cada uma teria passado para deixar uma lição, mesmo que este ensinamento não fosse claro, era preciso reagir. E essa reação tornava essas lições incompreensíveis, porque eu precisava proteger o meu ego. Até eu entender que muito além de estar cansada dos jogos de ego, eu deveria quebrar esses dogmas sociais para me libertar completamente de algo que sempre me vi envolvida, mas que não sabia como escapar. Então decidi ser eu mesma: livre, leve e direta. E passei a seguir uma máxima de uma amiga aquariana: eu não quero apenas sexo, eu quero sentir. E então, quando eu menos esperava, parece que o sol queria se pôr à minha frente simplesmente para ser apreciado e aproveitado. Quando revisito a cidade natal de meu ex e me deparo com inúmeras lembranças há tanto tempo guardadas em algum local de minha memória, fui preenchida com um imenso sentimento de paz. Aquela cidade não era ele, aquela cidade não é somente o palco para os episódios finais e tristes de nosso relacionamento que durou 2 anos, aquela cidade é bela e cheia de serenidade. E desse maneira, me vi surpresa, e algo que eu não lembro mais como era, me tomou novamente. Cai nos braços afáveis de ninguém menos do que um pisciniano, desses calmos e cheios de regras para seguirem suas rotinas, mas que apreciam uma boa dose de loucura. Desses que eu passei a admirar, desses que sempre me surpreenderam, desses que podem me ferrar. Eu me vi submersa em um ambiente repleto de aconchego e escuro, assim como ele descreveu que gostava, e completamente dominado por uma intensidade que não saberia descrever. Foi algo que pode ser comparável ao encontro da brisa com o mar, como se eles se unissem e se entrelaçassem numa dança sem ritmo fixo, mas coberta de calor, um calor suave e ameno, um calor que preencheu a minha alma, um calor que não será tão cedo esquecido. Nosso encontro tardará, e ele me fará esperar, assim como todos os piscinianos fizeram, mas essa espera não interferirá em minha vida, ela apenas me fará finalmente a aprender a primordialidade da calmaria, algo que sempre ansiei, algo que eu sabia que só com ele eu iria aprender.

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Bukowski, astrologia e as coincidências de minha história de vida

Quando comecei a ler Bukowski, eu me via vivendo como ele. Em uma vida regada à sexo, drogas e alguma necessidade de intelectualização. Não que eu realmente vivesse desse maneira, até porque só fui viver e compreender plenamente a minha liberdade sexual este ano, porque antes disso, eu só me via em meio a amargas ilusões, que até então, eram incompreensíveis para mim. E assim a noite, as bebedeiras se tornaram minhas companheiras, assim como meu combustível era viver para o meu prazer, para as amizades e relacionamentos instantâneos, embora eu soubesse separar muito bem uma questão da outra, existiram muitas "amizades" que acabaram tão rapidamente, quanto dura a brisa da maconha. Entretanto, toda essa introdução se refere a ocasiões ocorridas há dois anos atrás, e, este ano minha vida teve uma reviravolta inconcebível. Eu sempre admirei a maneira crua como o velho tarado descrevia os acontecimentos mais mundanos de seu cotidiano, a forma negativamente bem humorada como ele enxergava o todo, e cada detalhe, me faziam sentir compreendida. Certamente achava que poderia ser uma das personagens de Mulheres, e que eu era realmente uma mulher que sabia o que queria.

Hoje eu me vejo com o ego estraçalhado, o mesmo ego que me dá orgulho e que serve de impulso para minha vida. O mesmo ego que me transparece segurança, a ponto de ouvir de amigas próximas, frases como: você é um mulherão, eu queria ser como você. No entanto, isso apenas é uma carcaça, basta procurar pelo significado de um ascendente regido pelo signo de leão para entender, afinal, leão é um signo fixo, que regido pelo Sol, a estrela mais brilhante do céu, a razão para existir vida na Terra. Sem divagar em astrologia, mas havendo necessidade em voltar para os ensinamentos que este estudo tem me proporcionado, me vejo sob um karma chamado "parte da fortuna", algo que fui entender de fato hoje, e vi todo o desenrolar na prática, diante de meus olhos. Antes de tudo, eu procurei por astrologia porque eu necessitava alguma maneira de me entender melhor e, consequentemente, as pessoas ao meu redor. Eu precisava de algo que fosse mais místico e menos complicado do que a psicanálise, por exemplo, mas me deparei com um estudo milenar e com muitos pontos de vista, sem fácil acesso para compreender cada aspecto da maneira correta, mas como se trata de um longo estudo, não haveria como haver maneiras corretas, até porque, cada autor-astrólogo dará uma visão diferente. Falar sobre Astrologia é complexo, até porque, acredito não conhecer ou entender 10% das prioris necessárias para analisar um único mapa natal, quanto mais relatar o que escreverei a seguir. Mas meu próprio mapa me revela a minha audácia, e a minha maneira de saber discorrer sobre qualquer assunto, mesmo tendo o mínimo de conhecimento. Tenho dois planetas em gêmeos, luminares em signos de ar, o que me faz tender totalmente à comunicação, à racionalização, e a necessidade de encontrar sentido para tudo. Voltando a falar sobre o karma, minha fortuna está em peixes, na casa 8 (casa de escorpião, signo do elemento água, assim como peixes), isso significa que a minha fortuna, ou a missão de vida seja compreender o incompreendido e de uma maneira pisciniana. O que acontece é que não tenho profundidade emocional (veja a diferença entre racional e emocional, eu nunca soube separar) suficiente para concretizar tal fato, talvez, não agora aos 24 anos, logo no momento que estou em constante mutação, onde sinto a necessidade de amadurecer em pontos emocionais e psicológicos. Isso talvez implique na minha atração por piscinianos, por eles terem essa profundidade emocional que eu não tenho. Talvez pela maneira deles enxergarem o mundo, seja muito diferente da minha. Embora eu diga isso com base em todos que já me envolvi, e não preciso dizer que dois deste signo solar foram os que mais me foderam (desculpe o linguajar, mas não haveria outra maneira de me expressar melhor) este ano, sem levar em conta que a pessoa mais importante da minha vida é a minha mãe, solar em peixes, mas com muitos planetas em aquário, o que faz dela uma aquariana muito louca, mas com todos as características de peixes: o escapismo, a loucura, a vitimização, a postura defensiva, a falta de pés nos chão, entre outros, e, já que a Astrologia também explica a genética, eu herdei uma lua em aquário, e uma fortuna em peixes, enquanto minha irmã, uma lua em peixes e um ascendente em aquário, entre muitos outros aspectos. Não vou mencionar os aspectos herdados de meu pai, porque não teria fim, e não iria passar de coincidência para os leigos.

Foi então que este ano resolvi abandonar o tesão por Bukowski, para cair nos braços afáveis de autores como Leminski, Kundera e Hesse, porque eu precisava de leveza, ainda mais após sete meses de autodestruição ao lado de alguém que nenhum bem me fazia, que nada compactuava com meus ideais ou simples pensamentos e que eu extingui de minha vida de uma maneira muito bruta, mas que me rendeu uma sensação transcendental de liberdade. Depois do término com ele, conheci o cara que estimulou grande parte dos pensamentos e conceitos que eu carregava até poucos meses, mas que desmistifiquei após constatar que nada de sábio ele tinha, apenas era alguém que estava experimentando o doce gosto da liberdade, mas que tinha profundidade e lábia suficiente para expressar cada noção de maneira suave e persuasiva, assim como um verdadeiro sábio. Ele tinha mercúrio em peixes, onde este planeta encontra o detrimento, mas que, de alguma maneira, se atrai com meu mercúrio domiciliado, racional e repleto de ar. Como dois pólos de opostos que se atraem (lembrando que o meu oposto seria sagitário, mas ele não se atrai), assim como a razão e a emoção. Sorte a minha poder mudar meus pensamentos, ser como o refrão: "eu prefiro ser essa metamorfose ambulante", e não ter que carregar nenhuma constatação pesada para sempre, ou por tempo demais. Houveram outros tantos mutáveis: sagitarianos e virginianos, mas os piscinianos sempre foram os que mais marcaram. Depois deste, surgiu outro, de mesmo sol, mesmo mercúrio, mesma vênus (em aquário), e lá estava eu, novamente, sofrendo. Não porque esperasse algo deles, não porque estava apaixonada, mas porque estava frustrada, ou desiludida, porque era difícil compreendê-los, porque eles não compreendiam a minha leveza e a minha necessidade de me expressar, e porque eu queria um pouco deles para mim. Não eles, de fato, mas havia algo neles que me instigava, que eu queria ir mais a fundo para conseguir compreender, porém, fui barrada antes mesmo de poder adquirir conhecimento suficiente. Porque a vênus em aquário deles se sentia sufocada, não que eu ficasse em cima, mas porque eram coisas da vida, o primeiro tinha acabado de sair de um relacionamento posterior ao fim de 10 anos de casamento, então ele queria comer todas as bucetas que lhe fossem possíveis, e me achava muito imatura para ele (não que eu concorde com isso), e o outro era apaixonado pela ex, um ser fixo e apegado, mesmo havendo envolvimento suficiente entre nós, ele apenas me disse: você é muito livre e eu invejo essa sua leveza, mas eu não consigo ser assim. E, em uma discussão intensa em que ele agiu totalmente como vítima, eu o exclui de minha vida. Falando assim parece que sou extremamente fria, mas não, é porque é essa a maneira geminiana de comunicar, informar e narrar histórias, eu me prendo aos fatos, aos detalhes, e, até nas emoções, mas talvez só as que senti, porque só assim iria me fazer sentido escrever.

Até que depois de alguns meses, num momento em que me encontro totalmente apática com relação aos envolvimentos afetivos, ou à busca por diversão na noite, conheço outro pisciniano, que se diferencia dos outros, com um vênus em peixes e um ascendente em gêmeos. É muita mutabilidade, desprendimento e frieza, e eu sabia de tudo isso antes de conhecê-lo. Eu não me atrai por ele, não fisicamente, mas eu sabia que ele era interessante. E fui me deixando levar, até o ponto de ele me fazer sentir uma merda, a mesma merda que me senti com os outros, a mesma merda que sinto desafiar invasivamente o meu eu feminino. Consegui enxergar a forma dele falar exatamente semelhante a um colega de trabalho que tem o mesmo sol e o mesmo mercúrio. (Ainda é possível falar que Astrologia é balela?) A mesma frieza, a mesma dificuldade em se expressar, a mesma necessidade de culpabilização, a mesma postura defensiva e covarde. Sinceramente, eu sabia que esse cara tinha todo o poder para me ferrar, mas eu estava sendo cuidadosa a ponto de saber quando seria o momento de parar, foi apenas o contratempo, que me pegou numa imensa tpm, uniu à falta de senso  dele, com o ego feminino totalmente sensibilizado e ferido. Eu poderia ter sido mais leve, eu poderia realmente ter colocado o meu leão, meu aquário ou meu gêmeos para trabalhar, mas outros aspectos falaram por mim, e eu me vi vitimizada e perdida. E apesar de parecer que reclamo de minhas fraquezas, tão enraizadas, eu amo o meu mapa, e esse meu sol e mercúrio maravilhosos são a minha arma e a minha salvação. Eu prezo pelo valor da palavra, mesmo que palavras não sejam atitudes, para mim não há separação, se eu digo algo, é porque é isso o que eu faço, é isso o que eu penso, e por isso me sinto fraquejar quando alguém age de maneira reversa ao que disse, e é isso o que os mercúrios piscinianos fazem, o tempo todo. E é por isso que eu devo me afastar deles. Menos o colega que me delega trabalho, que a única maneira que encontrei de evitar atritos com ele (que não foram poucos), foi tratando-o como merece ser tratado: sem importância. Brinco com ele o dia todo, até fazer ele soltar aquela risada nervosa e ensaiada, aquela frase pronta que ele preparou meses atrás, porque criar um repertório de frases prontas foi a maneira que ele encontrou de se livrar da dificuldade em se comunicar. Ele é duro, sem leveza, e é assim que a maioria deles é, especialmente os que eu atraio. Eu resolvi colocar um ponto final em todas as histórias mal acabadas e, diferente de Bukowski, que por sinal era leonino (e deveria ter problemas com o ego, mas morreu em 9 março, estranha coincidência), não vou mais me embriagar para esquecer, vou aprender, finalizar, amadurecer e voltar a reinar com a rapidez que meu marte em áries pede, com a necessidade que meu sol demanda em esquecer, com a vontade de desapego que minha lua possui, e com toda a realeza e orgulho que meu ascendente me trouxe. Ponto, e ponto final.

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

O sentido de tudo

É estranho quando algo perde o sentido. Parece que fica um vazio, ou uma incompreensão. Eu percebi que a minha necessidade em adicionar razão para tudo me torna infeliz. Não por muito tempo, mas, pelo menos, até eu encontrar uma solução ou substituir a preocupação por outros pensamentos, mas o ideal é sempre resolver. Existe uma inquietude dentro de mim que não cala, às vezes, ela fica adormecida, mas constantemente grita, porque precisa expressar o que está lá no fundo, muito além do ego. A ânsia por respostas é sempre delirante, porém, é instigante também. Talvez essa mente sagaz só precisa encontrar uma fonte de paz, que ofereça calmaria inesgotável. Mas a vida é feita de momentos, e estes tendem a passar muito depressa. Aonde está a minha paz? Eu não sei.

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

A necessária solitude e os hormônios que não calam

Hoje, mais do que nunca necessito minha privacidade. Passar alguns dias sozinha, sem ter que suportar qualquer ruído, sem ter que ver qualquer indivíduo. Queria encontrar minha própria paz silenciosa, que proporciona calmaria, e me relaxa a mente atordoada. Gostaria de não ter a obrigação de manter uma rotina adequada, tão pregada por essa sociedade que tem pressa. Sou comunicadora, trabalho com informação, mas a rapidez com que a mesma flui, desgasta. É preciso calma, e é esta que me falta. Queria mais dias de folga, não que eu reclame por trabalhar demais, mas porque meu corpo e meu intelecto estão esgotados, e precisam descansar. Preciso encher meus pulmões de ar, respirar profundamente e a mente esvaziar, para assim, conseguir encarar um pouco mais dessa insaciável corrida contra o tempo que sofro, dia após dia. Sou dessas pessoas que sempre estão atrasadas para todos os tipos de compromissos. Não porque enrolo, mas porque vivo em outro tempo, no meu próprio tempo. Não porque sou lerda, mas porque não vejo necessidade em acompanhar esses passos largos que a concepção de vida que escolhi precisam. E essa escolha me sufoca, porque queria ser livre em optar por não ter pressa. Mas não posso abandonar, no momento, o que busquei e colhi, porque o dinheiro me é necessário, assim como a compra pela minha liberdade, em que eu possa ter o meu espaço, sem distúrbios. Achava que tinha mudado, mas percebo que não paro de mudar. Mudo meus pensamentos, mudo meus gostos, mudo minhas preferências, mudo meus trajes e meu corte de cabelo, e mudo a ansiedade oca, que parece se afastar, aos poucos, das minhas características que me refiro como defeito. Mas a vida segue assim, e vou mudando conforme posso, até ser tudo o que eu quero, e não o que sempre quis. Não existe mais "para sempre" para mim, mas existem as sensações que penetram lá no fundo, quase o que chamaria de alma, e, assim, se tornam inesquecíveis. Vivo para o meu prazer, vivo para mim, e gostaria que esse "viver" se tornasse mais presente, mais frequente. Conheço gente que diz que trabalho demais, e gente que acha que tenho muito tempo livre, estão enganados, ambos. Sinto que poderia trabalhar muito mais, mas a obrigação me torna improdutiva. Faz uma semana que não faço o freela diário, faz uma semana que tenho preguiça de vaidade, faz uma semana que chego todos os dias atrasada, e faz uma semana que sinto os efeitos da TPM: espinhas, inchaço, mudanças bruscas de humor, dores nos seios, vontade súbita de morrer, alterações de objetivos, necessidade de comer como um dragão, vontade de ter um pinto e não uma vagina. Não é fácil ser mulher, definitivamente.