sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Paranoia

A paranoia é um dos piores sintomas que um ser humano pode enfrentar. Ao chegar a esse ponto, já estamos fracos e desestruturados psicologicamente. Sempre tive quê para a depressão. Sempre tive uma falha grande no meu lado emocional e, talvez, no espiritual. Sou geminiana, tenho duas faces. A euforia e a depressão, que são praticamente uma bipolaridade enraizada nas profundezas da psique que vão muito além do que os horóscopos diários podem relatar.

Há muito tempo escuto pessoas me dizerem: você é forte, você aguenta. Já fui forte, já aguentei muita coisa, já engoli muito ódio, já me calei quando na verdade queria gritar, e já fui sentenciada à queda fatal. Mas meus passos me levaram a outros rumos, e, por muito tempo, achei que a solução era não sentir - como se fosse possível tal coisa. Não queria sentir nada, e ao mesmo tempo sentir tudo. Quando percebi, já havia me destruído. Não tinha mais moral, não tinha mais vontade, nem conformada estava. Estava desapegada emocionalmente do mundo e das pessoas que fazem parte dele.

Por muito tempo senti nojo delas, senti raiva, e depois, somente desprezo. As ignorava. Elas não significavam nada para mim e eu só queria me divertir. Mas a diversão não preenche vazio por muito tempo, e o buraco aqui dentro se tornava cada vez maior. Eu sabia que precisava de algo, que me faltava algo. Eu precisava de um amor. Eu precisava me preencher de amor, transbordar, emanar, amor. Amor. Amor.

Foi então que você apareceu na minha vida e me fez desacreditar em boa parte dos meus pensamentos sobre amor. Você me fez amar novamente e de uma forma única e transcendental. Me fez acreditar e almejar um futuro que nunca quis ter, não num presente momento real e onde a porradaria da minha rotina estivesse presente.

Por você até Dance of Days voltei a ouvir e fixar máximas que nunca mais acharia que consideraria novamente. Me fez crer que é possível ser feliz ao lado de alguém. Mas dizem que quando tudo parece perfeito, algo de muito errado está para acontecer. E aconteceu. Um monstro acordou das profundezas e a guerra foi posta sobre os homens que lutam para salvar suas pátrias amadas. A diferença é que nessa história não existe perdedor ou vencedor. Na guerra - como muitos sábios dizem - todos perdem.

E nós perdemos. Você perdeu a minha confiança total. Eu perdi a confiança em mim mesma. E o motivo de todo o conflito, bem, deve ter perdido mais ainda. Mas quem se importa com esse monstro? Eu? Não.

O que me importa agora, sinceramente, é voltar ao meu estado de paz de espírito habitual. Como eu vou ser capaz de ser feliz ao seu lado se não me sinto bem comigo mesma? Quantas vezes já li em textos falarem sobre: "amar não é uma prisão", e concordar? Então, agora me pergunto: por que estou tentando te aprisionar? Você não me pertence, não é parte do meu corpo, não posso querer te controlar. Saber de cada passo seu, ficar enfurecida a cada vez que você não puder me atender, a cada resposta de sms demorada. Isso porque estava com medo de enlouquecer e, de fato, enlouqueci.

Eu me conheço melhor do que ninguém. Sei dos meus medos, sei das minhas limitações e, sim, sei das minhas paranoias. Se eu não conseguir confiar em você, todo tempo longe de ti será um desafio. Hoje, inclusive, por mais sono e cansaço que esteja sentindo, pensei em tomar um calmante para dormir. Estou em estado constante de alerta: onde ele está? Por que demora tanto para responder? Com quem está?

ARGH! Que ódio de mim mesma. Que ódio por ter deixado minhas prioridades de lado, que ódio por estar assim, tão insegura. Não consigo ser forte sem você, não agora, não com tudo isso que aconteceu esses dias. Mas eu vou conseguir, pode demorar, mas comigo as coisas tardam, mas não falham. E nem devem.

E isso não quer dizer que estarei te abandonando, muito pelo contrário. Estarei de dando asas para voar, você pode ir até o seu limite e, se quiser se debandar para longe de mim, essa sempre será uma escolha sua. Posso chegar a te sufocar de uma forma que nem eu mesma suportaria se fosse comigo. Esse é o meu medo. Te pedir mais do que você é capaz de me dar. E você se cansar e repensar se valeu a pena tanto esforço.

Desde o início queria que as coisas entre a gente fossem suaves e naturais. Mas como pedir amenidade para dois seres intensos como nós dois? Como? Eu não sei. Toda essa profundidade não vem só de mim, ou só de você, vem de nós dois e de formas diferentes. Estamos nos adentrando cada vez mais para uma fenda - e não, isso não tem nada a ver com as teorias de voltar para o útero da mãe que Freud tanto colocou na cabeça de seus leitores. Tem a ver com intensidade, de sentir tudo - tudo mesmo, tanto sentimentos bons, quanto ruins - de um modo mais profundo.

Se o meu tesão é arrebatador, se minha raiva é sanguinária, se meu desejo é incessável, se minha alegria é imensa, minha tristeza vai ser decadente, e me levantar pode ser uma tarefa árdua. Preciso ficar bem. Não com você, nem com o mundo. Preciso ficar bem comigo mesma. Eu não vou deixar de te amar se eu voltar a me amar mais. Entenda isso, por favor. Estou fraca e não se martirize por minha situação. Vou encontrar forças aos poucos, se você pode me ajudar, me ajude como puder, não faça mais do que pode. Não vou te amar menos por isso e nem mudar meus pensamentos por você.

Mas se eu puder te pedir uma coisa, é só isso que eu quero: estar mais próxima, me sentir interligada. Não no sexo, não fisicamente. Não sei explicar ao certo, mas acho que tem a ver com alma, como você mesmo disse. Preciso voltar a sentir toda aquela intensidade, como se nos tornássemos um só, a partir dai, conseguirei voltar à minha paz. Eu me amo. Eu te amo.

domingo, 15 de setembro de 2013

Perversões - Uma crônica sobre intensidade, insanidade e amor

Para embalar a leitura: Deftones - Knife Party

Não podemos passar mais do que 4 dias sem nos ver, porque a tensão aumenta e nos enfurecemos devido à distância de nossos corpos. Essa situação as vezes gera algumas brigas, algo que concordamos não querer mais. Mas verdade seja dita, não existe distância maior do que aquela que separa duas almas.

Discutimos naquele mesmo ambiente em que, ao chegarmos, serviu de cenário para o nosso maior momento de perversão, desses que a gente fica possuído - surreal, não tem como descrever. Até que cada um virou de costas para o outro e adormeceu. Você roncou e eu passei 3 horas tentando pegar no sono, que infortúnio! Cigarros e mais cigarros. Só a gente sabe a quantidade de substâncias tóxicas que acompanham nossos encontros e como isso é natural para nós.

Por que todo momento nosso está tão atrelado ao sexo? Por que não conseguimos apenas ir ao cinema, ou jantar num restaurante sem pensarmos que essas coisas são pequenas comparadas ao que podemos fazer entre quatro paredes? Nossa intensidade é perversa e compulsiva. Tenho obsessão pelo seu corpo, pelo seu cheiro, seu beijo, seu abraço, por sentir você dentro de mim. Só o som da sua respiração é capaz de me deixar arrepiada, somente um abraço forte já me deixa excitada.

Não consigo explicar a necessidade de te ter a todo instante entre as minhas coxas, o tempo congela e tudo ao redor perde seu foco, apenas me fazendo sentir algum sentimento tão profundo, que se isso for comparado à morte, então é como se eu morresse e renascesse a cada vez que você me penetra e me faz delirar de prazer.

Mas não é só isso, a gente sabe que não é. É amor, porra! É amor. E nosso amor é tão grande e tão similar ao desejo que alimentamos um pelo outro, que somos sempre consumidos por essa ânsia. Somos vítimas dessa sede insaciável, somos amantes desmembrados de realidade, somos dois loucos possuídos por esse sentimento que nos une.

Minha vontade, toda vez que você me toca, é de arrancar a sua roupa nos dentes, e beijar cada centímetro do seu corpo. Mais adiante, quero te ver fazendo aquela expressão de sofrimento/prazer que eu conheço bem e ouvir seus gemidos escandalosos e as safadezas insanas que você me diz enquanto vou chupando e lambendo todo o comprimento do seu pau. Ah e como eu amo esse ser que você carrega entre as pernas, assim como todo o conjunto que o envolve. E o seu gosto? Não deve existir sabor tão doce e suave, e não ligo quando você esporra todo seu líquido nos meus seios, no meu rosto, na minha boca, eu até gosto.

Sim, eu não presto, e nem você. Posso ser a pessoa que vai cuidar de você quando você adoecer, te fazer massagem e te dar remédios no horário. Posso ser a mulher que você vai apresentar com orgulho pros seus amigos, posso ser a menina de boa família quando você me convidar para conhecer a sua mãe. E posso ser a prostituta mais suja quando você me vier comer com gosto, e vou acompanhar cada movimento do seu corpo sobre o meu e responder à cada perversão que você começar. Pode me fazer de escrava, pode me dar tapa com força, comigo você pode tudo. Me joga na parede, mete com força, me chama de vadia, e me ama assim.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

O que fazer quando você percebe que a sua vida é um eterno mindfuck?

mindfuck-delirios-agridoces
Aquele momento que você se depara a poucos metros da porta da sua casa e repensa se quer mesmo entrar. Pensar se quer voltar ao lar parece algo absurdo quando se tem 23 anos nas costas, vive com os pais e está voltando exausta de uma reunião seguida de 8 horas de trabalho. Não faz sentido. Se fosse em outro momento, você não veria a hora de chegar em casa, abrir a geladeira e encontrar uma geladíssima lata de heineken e fumar um cigarro enquanto escuta um Nada Surf no último volume. Ou então devorar aquela comidinha fresca e deliciosa que só a sua mãe sabe fazer. Mas você sabe que a questão não é querer, você tem que entrar e encarar tudo. E quando puxar aquela maçaneta e colocar o primeiro pé para dentro, todo o turbilhão de realidade chegará esmurrando a sua cara, mas que ao em vez de sangue, te deixará desnorteado com a imensidão das mudanças que se infiltraram na sua vida.

É entrar e esquecer que você tem vontades, deixar para daqui há algumas horas aquele banho quente e reconfortante que você precisa, esperar aquela brecha pra acender um pigas no quintal - coisa que você fazia no seu quarto - e fazer o que te mandam/pedem. Lavar a louça, terminar a janta e o almoço para levar na marmita no dia seguinte, limpar/varrer/passar não sei o quê. E quando percebe já é hora de dormir e você não conseguiu fazer nada do que precisava. Aliás, quando for procurar emprego novamente, não esqueça de adicionar às habilidades: "nível avançado em limpar a casa, trocar fralda, passar 4 pilhas de roupas em 2 horas, expert em viver sob pressão e (fingir) manter a calma, entre outros afazeres".

Seu corpo já não é mais o mesmo, afinal, as dores na coluna vivem reaparecendo naquele momento de estresse. No fim de semana, em um dos dias que você escolheu para relaxar e esquecer um pouco de tudo, você passa mal devido aos péssimos hábitos de rotina que anda tendo, a pressão cai/sobe, o cansaço vence e você adormece em qualquer canto que encostar, dai você já não pode beber, não consegue se divertir e tudo o que deseja é a sua cama. As olheiras se tornam aparentes, assim como aqueles roxos na pele que você conquistou tropeçando enquanto não prestava atenção ao andar. Você vive como uma panela de pressão esquecida há mais de 5 horas no fogo, prestes a estourar, e agora você entende porque as vezes seu olho direito fica tremendo. E a vida segue assim, sendo literalmente empurrada pelas coxas.

Você que sempre praticou o escapismo e viveu durante anos feliz desse jeito. Você que planejava fazer aquele tão sonhado intercâmbio para a Europa e visitar aquela sua melhor amiga que acabou de se mudar para Portugal. Você que iria tirar a carteira de habilitação e esperava pegar um carrinho usado logo menos. Você que achava que iria quitar todas as suas dívidas - inclusive àquela na faculdade, motivo pelo qual seu diploma está retido após 2 anos que você "terminou" o curso. Você que finalmente teria a casa reformada, com seu próprio quarto e assim poderia dormir com seu namorado sem qualquer perturbação. Você que achava que a vida já era difícil quando os problemas não existiam. Você que se sente mal ao pensar que a sua vida é uma merda no momento em que vê uma criança pedindo esmola no farol e ter as janelas dos carros de mais de 100 mil, fechando em seus inocentes rostos. Você que é um completo egoísta, fraco e insensível. Você que é apenas um ser humano, perdido, em buscas de soluções, à procura de uma luz.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Corpo marcado - Uma crônica sobre as imperfeições dos caminhos que escolhi

6 rabiscos espalhados pelo meu corpo descrevem um pouco da minha história. Desde os momentos mais difíceis, quanto aos mais libertadores. Um kanji de proteção nas costas, quando pedia para Deus que me guiasse enquanto enfrentava o gostinho do terror que recebe o nome de síndrome do pânico, aos 16 anos de idade. A luta contra o câncer de mama de minha mãe foi o pedido pela sua cura, marcado em meu braço esquerdo, mesmo lado em que minha progenitora sofreu a perda de um seio danificado pelo imenso tumor maligno que ali se instaurou em 2010. Depois foi a vez em que precisava me sentir grande, precisava alimentar meu ego com poder, e no braço direito, pedi uma coroa bela, colorida e formosa que recebe uma flâmula que relata o início de meu reinado.

Mas eu queria mais, eu queria me libertar da dor que os acontecimentos e meus caminhos trilhados me proporcionaram, e marquei meu pé com uma inspiradora canção do ídolo na adolescência, Billy Idol, "Dancing With Myself", eu precisava ser independente. Eu queria mais marcas, pois as que tinha não eram suficientes para ilustrar a minha trajetória. Entretanto, eu precisava de controle mais do que qualquer coisa, então a história de outro anti-herói, Ian Curtis, em conjunto com a minha canção favorita do Joy Division "She's Lost Control", foi riscada em meu punho. A última, e sim, menos importante, foi um raio de luz, à la David Bowie no pescoço. Pequena, sem vida, sem luz, sem cor, assim como meus sentimentos naquela época. 

Cada uma dessas marcas serão visivelmente eternas em minha pele, mesmo que a dor da agulha perfurando cada milímetro da minha tez branca e flácida, mesmo que a melancolia no momento da escolha destes rabiscos tenham passado, a marca que eles deixaram em minha alma jamais será esquecida.

Hoje tenho que lidar com as marcas que o tempo me deixou. As olheiras e as enormes bolsas embaixo dos olhos registram a minha insônia involuntária, noites mal dormidas devido à preocupação de diversos empecilhos que foram postos em meu caminho. As dores na coluna e o cansaço físico descrevem estes mesmos obstáculos que o estresse me causa no dia à dia. E ainda tenho que lidar com as cicatrizes abertas que você fez restar em mim. O roxo que ficou daquela mordida no meu braço - logo embaixo da minha coroa - ainda está aqui. Aquela sensação do último abraço - a dor da despedida - ainda ficou em mim. E todas aquelas mensagens te perguntando como você estava, ainda estão esperando resposta.

Sou imperfeita, minhas próprias tatuagens dizem isso. Erro feio no quesito "saber amar". É, eu não sei amar, eu não sei lidar com acontecimentos bons, porque eu logo acho que algo de ruim irá acontecer e me tirar o que me faz feliz agora. Meu psique inferiorizado é pessimista por natureza, e faz com que eu não me surpreenda com tragédias, ele se acostumou e me faz procurar por elas. Esse é o drama da Angélica. Essa é a Angélica errada que ama de forma insensata e catastrófica. Me perdoe. 

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Amor, fica - Uma crônica sobre a saudade de você

Fica, tem bolo. Daqueles que fazem a língua coçar de tão doce. Não vai embora ainda, vi na previsão que vai chover daqui a pouco e você tá de jaqueta sem capuz. A gente aproveita e fica mais meia horinha na cama, pode ser só de conchinha. Tem um maço de Carlton na gaveta, tem coca na geladeira. Fica à vontade, mi casa, su casa. Se tiver cansadinho, eu faço uma massagem daquelas que você gosta. Quer tomar um banho comigo? Eu esfrego as suas costas, pode deixar. Fica mais, lindinho.

Vamos ver aquele seu filme favorito? Eu faço uma pipoca, te cubro com um edredon quentinho, pra gente ficar juntinho. Te preparo um chá de erva cidreira pra você se aquecer, mas eu prometo que a melhor forma de fazer isso, é a gente ficar agarradinho. Fica vai? Eu até arrumei a cama, coisa que não faço desde que tomava bronca da mamãe. Pode deitar e rolar, esfrega seu corpo no meu lençol, assim seu cheiro dura mais tempo.

Fica, por favor? Tô começando a me sentir mal, acho que peguei uma gripezinha. Me faz um cafuné e me chama de benzinho, que passa. Mas não, não vai embora. Meu coração parece que vai explodir, algo está acontecendo comigo. Estou doente? Ah, me beija devargazinho que logo melhora. Não me dê as costas, faz meu coração sangrar por dentro. Será que preciso procurar um cardiologista? Porque algo parece muito fora do normal aqui no meu peito.

Fica, meu gostoso. Vamos fazer uma sacanagem nervosa, se quiser até assisto um pornô contigo, se for daqueles com historinha, melhor ainda. A gente tenta umas posições diferentes, e usa aqueles óleos que prometem ser afrodisíacos, mas não há visão mais excitante do você nuzinho todo pra mim.

Meu amor, fica. Fuma mais um cigarro, me dá mais um abraço, um cheiro, um amasso. Você tem mesmo que ir? Então, vai. Mas me deixa seus braços, sua boca, ah... e o seu corpo, sua voz. Não, espera, não vai. Eu preciso de você o tempo todo. Fica aqui comigo?