quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Agregando valores

Uma parte de mim sabe que eu não sou melhor que ninguém e muito menos que não tenho total entendimento do mundo. Sou ignorante em muitos assuntos, sou ignorante até mesmo no que diz respeito ao meu nascimento e à minha morte, afinal, de onde eu vim, para onde eu vou? Não sei, e esse é o mistério da vida, talvez o principal mistério que se carrega durante toda uma jornada. E com o tempo a gente se acostuma com a ideia da morte, só não consegue entender porque levam as pessoas que tanto amamos. Mas essa é a lei: nascer, viver e morrer. E como eu sempre digo: do pó viemos, ao pó retornaremos.

Nossos corpos são apenas uma matéria que vai se decompondo com o passar do tempo, e enquanto ainda estamos vivos. É a forma como nosso espírito se apresenta ao mundo superficial, é apenas a imagem que você enxerga quando se olha no espelho. E quem sabe se essa reflexão é real?

Como eu disse, não sou melhor que ninguém, não penso melhor e nem meus pensamentos são os certos. Aliás, existe certo e errado num mundo de tantas realidades?

No entanto, com os erros e, principalmente, com os acertos, eu aprendi. Aprendi que a gente pode até perder a cabeça por uma roupa caríssima na vitrine, mas que é possível realmente perder a sanidade quando algo que você achou que seria para sempre é tomado de você, sem delongas, nem avisos.

Aprendi que amigos de verdade são aqueles que nos apoiam de alguma forma, mesmo que distantes, e não os que sorriem para você no rolê, mas mal são capazes de perguntar com você está numa segunda-feira. E esses mesmos amigos são aqueles que precisam do mesmo apoio e conforto. E você só é amigo se fizer isso por eles também. Aliás, qualquer relacionamento funciona na base da moeda de troca para se manter sadio: você faz pela pessoa o que você faria por você mesmo, e, nem sempre, esperando algo em troca.

Aprendi que amar é um verbo totalmente subjetivo na prática. É possível amar e não demonstrar, amar e odiar ao mesmo tempo, e amar intensamente como se cada momento ao lado da pessoa fosse único. Tão único que jamais será superado por qualquer valor material, a não ser que não seja amor de verdade.

Aprendi também que muitas pessoas agem conforme são agradadas, e que dinheiro ou presentes tapam a boca, criam "laços fraternais" e que, o mundo num modo geral é movido assim. Muita gente riu do tal rei do camarote, chamaram ele de perdedor, que paga para ter "amigos", mas metade de quem criticou a vida do pobre coitado desejou possuir metade do dinheiro dele. Claro, para sambar na cara das recalcadas. ARGH!

É fácil apontar defeitos na porta ao lado, difícil é lutar e vencer diariamente todos os demônios que dominam a nossa mente a cada momento que algo que desejamos dá errado, ou quando somos contrariados. Difícil é ser feliz sem precisar ter bolos de dinheiro, difícil mesmo é viver sem cobiçar o alheio e ainda procurar soluções para que a sua vida se torne melhor a cada dia, sem ferir ou prejudicar ninguém.

Agregar valores não é ter uma lista extensa de "amigos" que mal sabem seu segundo nome, e nem milhares de seguidores nas redes sociais. Não é ter dinheiro para comprar o que quiser, sem pensar se haverá mistura na mesa no final do mês. Não é ter pencas de picas ou bucetas rastejando para ter um pedaço da sua carne. Não é nada disso, gente, por favor!

Agregue valores ao que vai além da etiqueta ou da conta bancária. Agregue sorrisos sinceros e amizades conquistadas naturalmente, por puro desejo. Agregue sentimentos positivos, agregue conquistas, agregue relacionamentos extensos e verdadeiros, agregue bons hábitos e boas ações, agregue amor. E chega dessa merda toda!

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Sua insubstituível companhia - Uma crônica sobre o fato de que amar é melhor que brigar

Se a vida é única, se só temos apenas uma oportunidade de encontrar a felicidade, por que perdemos tempo com questões que nada nos acrescenta? Já dizia Vinicius: "É melhor ser alegre que ser triste, alegria é a melhor coisa que existe", então por que seguir insistindo em carregar cargas negativas que tanto pesam em nossos ombros?

Tão gostoso ter a companhia do outro, receber um cafuné, ou aquela massagem bem dada que ninguém além do seu fisioterapeuta faria por você. E faz sem ser pago, sem obrigação, apenas com a intenção de promover bem estar a quem ama. Tão agradável ver aquele filme dramático, dai vocês se agarram para chorar juntos, depois dão altas risadas das suas caras inchadas e dos seus olhos marejados. E percebem que a felicidade está nesses simples momentos. Tão bom dormir juntinho, sabendo que você só conseguiu relaxar tão profundamente porque a presença do outro te conforta de um modo que você nem se importa se irão roncar ou babar enquanto dormem. E que delicioso acordarem juntos, sem conseguirem abrir os olhos ou a boca direito, mas ambos sentindo às reações aos estímulos que o toque de cada um causa no outro. 

E o pau duro cutuca a bunda, e a mão que vai parar na vagina, e a boca que vai descendo desde os seios, por toda a barriga. E as respirações já estão ofegantes, os batimentos cardíacos cada vez mais acelerados e os corpos em combustão desejando fundirem um no outro. E que surreal é quando as duas almas se perdem por entre a carne, e a pele que esquenta com os pelos que se arrepiam. O momento é único, mesmo que vocês já tenham perdido as contas de quantas vezes já fizeram aquilo, já que o que importa é que toda vez seja como a primeira. Que toda vez seja única.

Se tudo só é maravilhoso assim com a sua presença, por que vamos perder nosso curto e precioso tempo brigando, discutindo por questões inúteis, que não nos levarão a lugar nenhum? Vamos aproveitar nossos momentos juntos para fazer coisas que só podemos fazer com a companhia do outro, vamos cultivar o que temos e fazemos de melhor em nossa parceria, vamos, inclusive, nos beneficiar de quando estamos distantes, e sentir aquela saudade que só possível vivenciá-la porque o amor é demais. Positividade atrai positividade. Então, chega de brigas, vem, vamos nos amar?

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Fique em paz

Tome suas coisas de volta. Eu não preciso delas. Não preciso ostentar marcas para impor algum presságio de valor. Um preço que você tentou me agregar ao buscar me comprar com esses objetos de nenhum significado sentimental. Pegue de volta, faça o que quiser, pode até invocar a pomba gira, daqui não passa. Meu santo é forte e só me derrubam na morte. E o que não me mata, me fortalece e muito. E assim eu aprendo, a não cometer os mesmos erros. Já você, o que vai levar disso tudo?

Vingança? É isso o que você quer? Me infernizar porque não fui capaz de te amar? Me desculpe, mas isso não é algo que se escolhe e também não se impõe. Simplesmente acontece, assim como eu acho que você pode conhecer alguém que te faça se sentir amada. E ame de verdade. Então por que perder tempo comigo, quando você poderia estar conhecendo alguém assim?

Sei que você pensa que tem algum poder de me causar mal, e você até pode conseguir, mas não percebe que estará fazendo muito pior a si mesma. Não vale a pena passar por cima de tudo só pra me ferrar, não vale a pena fazer isso por ninguém. Você se ama? Então por que não me deixa para trás e segue em frente? Você não vai conseguir nada de mim. Você até pode realizar a sua vingança, até pode dar longas risadas, mas isso vai te fazer mais feliz? Até pode, por algum momento, mas, e depois?

Me perdoe se te magoei. Sim, eu errei e assumo. Eu poderia ter sido mais sincero, mas você não queria me dar ouvidos. Você se iludiu, pois queria acreditar em algo que não era real e eu me sinto mal por isso, que por minha causa você chegou a esse ponto. Entretanto, quero que saiba, com total certeza, de que não lhe desejo nenhum mal, e já te perdoei por tudo o que você me desejou e tentou contra mim. Eu sei que você não é um monstro e só está assim porque se deixou levar por suas emoções.  

Gostaria que, antes de te pedir para me deixar em paz, você tomasse a decisão de seguir a sua vida, sem me imaginar nela. E que seja feliz, como for possível e seja capaz de me esquecer, porque enquanto você continuar tentando me prejudicar, você não será capaz de aproveitar os bons momentos que a vida pode lhe oferecer, e eu tenho certeza de que você pode ser muito feliz longe de mim. Fique em paz, siga em paz.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Vamos afogar o passado? - Uma crônica sobre as marés que vão (e não precisam voltar)

Ele disse que já foi num puteiro e não comeu ninguém. Ele disse que teve três namoradas, mas com as contas que fiz de todas suas histórias e todos os nomes, contabilizei umas sete (fora as que ele não considerou namoro, mas que não deixou de mencionar). Ele disse também que seu último relacionamento sério tinha sido há dois anos, mas depois soltou que namorou outras vezes, ou emendou um caso no outro. Ele disse também que já foi putão, já fez muita cagada em relação a essas paradas do coração e que já magoou muitas. Sim, ele tem passado, um pacote completo de vadiagem e inúmeras bucetas e bocas que não caberiam numa gaiola de um elefante.

Mas não se engane, eu não quero saber do seu passado, a não ser que seja algo que você sente necessidade de falar e que valerá a pena me contar. Do contrário, não me interessa. Não quero saber do seu grande amor, do seu primeiro amor, da sua primeira transa, da transa inesquecível da sua vida, e também não quero mentiras. Não quero que me venha com lenga-lenga para tentar me agradar. Não fui única na sua vida e nem gostaria de ter sido, afinal, o que eu iria fazer com um virjão? Não, não daria certo...

Não sei o que você aprontou antes de me conhecer, mas se te fez tornar essa pessoa que você é hoje - para mim - tudo bem. Não importa o que você fez ou deixou de fazer. Sou insegura e curiosa por natureza, mas, acredite, melhor eu não saber. Eu sei que você tem passado, afinal, eu também tenho, e é a nossa trajetória que faz firmar nossos passos, que nos ajuda a formar nosso caráter.

Eu não quero meias-verdades, mas também não quero casos sendo jogados goela abaixo. Meu ouvido não é pinico, e sim, quando você conta de tal garota e ainda me fala o nome de Facebook, eu fazia questão de ir conferir o perfil e ainda agonizava ao encenar mentalmente você comendo a moça. E, acredite, não é uma visão que me excita, muito pelo contrário, faz minha vagina se encolher e meu estômago revirar. Mas passou, certo? Lutar contra a insegurança é o preço que tenho a pagar para me manter saudável. E sim, agora eu entendo perfeitamente que é normal esse tipo de atitude minha, assim como é mais normal ainda (e viável) eu não me importar com isso.

E eu decidi não me importar. Não quero saber de suas exs (contanto que seu passado com elas não seja tão distante assim e que alguma delas venha me ameaçar de morte), assim como prefiro não te contar dos meus. Sim, eu tenho passado. Sim, eu tenho uma bagagem grande de decepções, vadiagens e filhadaputismo. Não sou santa, nunca fui. Ou você queria uma reprodução viva da Madre Teresa de Calcutá? Eu acho que você não curte esse fetiche, certo?

Aprendi em alguns instantes de uma básica leitura, que não importa quantas bocas, quantos corpos, quantas bucetas você já experimentou, e sim que você quer essa boca pequena e carnuda, esse corpo tatuado e fofo, essa buceta de origem asiática, essa mulher que tem muito o que aprender sobre você, sobre a vida e sobre relacionamentos.

Não me diz respeito o seu passado, porque o que me importa é o que você é para mim agora. Tudo o que passou pode ter se tornado um aprendizado, ou momento vivido e calado, um frisson que foi e não volta mais, mas por que vamos perder tempo falando do passado se temos um presentão a nosso favor, bem aqui, na nossa frente?

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Uma carta à garota que não sabe amar

Toda vez que toca meu celular e vejo que é um sms seu, ou mais de uma ligação de algum número desconhecido - o que me faz imediatamente associar a você - meu coração dispara. E não de uma forma boa, mas de nervoso. Porque eu penso: VOCÊ, ainda?

Diz pra mim, seriamente, quando isso vai parar? O que você tem para satisfazer que tanto insiste ao me envolver em algo que, sinceramente, não tenho nada a ver? Porque eu não tenho nada a ver com o passado do cara que eu amo, mesmo que isso inclua você. Afinal, pra que se fixar no que passou ao em vez de se concentrar em tanta coisa boa que pode estar por vir?

Na real, não somos muito diferentes, afinal, somos loucas pela mesma pessoa que te deixou assim, completamente insana. E sim, eu sei que ele tem esse poder. Provavelmente nos encantamos pelos mesmos gestos, como aquele sorriso safado, aquele olhar inebriante, aquela pele macia, aquele jeito doido e único de agir, falar, pensar e, amar. Sim, ele me ama, e você sabe disso. Por isso você deve deixá-lo ir, porque você sabe, ele já foi, escapou por entre seus dedos e você só está se sentindo assim, porque não é capaz de aceitar a realidade.

Na verdade, acho que você vê tudo isso como um jogo, e como se essa pessoa fosse o prêmio final que você tanto está lutando para conquistar. Mas a vida não é uma Libertadores, não é um clássico, não é uma Copa do Mundo, e também não há nenhuma taça/título para você se imaginar ostentando como um objeto que você põe em cima da estante e exibe para seus amigos e parentes. Estamos falando de uma pessoa que tem sentimentos, desejos, vontades, medos e aflições. De uma vida, um ser que respira, que é livre e não pertence a ninguém. Nem a mim, nem a você.

Agora, se você pensa que isso é uma guerra, lembre-se das aulas de História, minha raça já fez parte do eixo nazista, japonês sabe ser ruim, filha! Brincadeira, piadinha ruim. Mas o que eu acho é que no fim de qualquer guerra não restam vencedores, e nem tem como comparar com esse inferninho que você está tentando causar, porque se você pensa que essa sua atitude é heroica, sinto lhe informar, mas é trágica.

Me diz: vale a pena tudo isso? Se humilhar e passar como louca por causa de um cara que não te quer? Uma pessoa que provavelmente nunca te deu valor, que não tem nem coragem de assumir o que vocês tiveram de namoro? Bem, até ai dá para entender seu ódio, MAS, pra quê você insiste em alimentar esse sentimento tão ruim? Até porque ele é muito mais nocivo para você do que para mim ou para qualquer outra pessoa. E se o seu objetivo é fazer a gente se separar, saiba que, quanto mais você tenta, mais nosso relacionamento se fortalece e nossos laços se unificam. Pois você está nos dando um GRANDE motivo para comprovar nosso amor um pelo outro.

Lembro muito bem de cada palavra sua no telefone, e uma frase que ficou na minha mente foi: "você não tem nada a ver com ele, então some da vida dele, porque ele é MEU!" Sobre isso, só te digo uma coisa: ele quis ficar. Ele me encontrou, ele me escolheu, e foi escolhido do mesmo modo. Ele me quis, ele está comigo por vontade, não aliciei, não obriguei, não fiz nada além de oferecer o meu amor. E como eu te disse acima, ele não é seu, não é meu, não é de ninguém, deixou de pertencer a alguém a partir do momento que foi retirado do útero de sua mãe. Então não se sinta dona dele (ou de qualquer outra pessoa) só porque te proporcionou alguns momentos de paixão e você achou que seria para sempre.

Posso te dar um conselho? SEGUE EM FRENTE, deixe ele ir e fique em paz. E eu não existo para você, nunca existi, então por que querer me fazer presente? Sim, você não sabe da minha caminhada, você não sabe nada da minha vida, inclusive dos motivos que fizeram ele se apaixonar por mim. E falo isso com total certeza do que ele sente, porque é real, e a gente sabe quando é. Sua raiva pode estar agregada ao fato de que ele nunca te fez sentir isso, e você se iludiu. E eu não sei como isso aconteceu - na verdade, não me interessa, porque o que me importa é o que ele é para mim agora, e não o que ele foi/fez/deixou de fazer antes de me conhecer - e não te culpo por se sentir assim, mas não vale fazer isso consigo mesma por alguém que não te quer.

Existem milhares de pessoas no mundo, e eu tenho certeza de que deve existir algumas dezenas de pessoas que dariam certinho para você. Alguém que te ame, que cuide de você, que você não precisa comprar com roupas ou ideias de ostentação, porque o sentimento dela não vai mudar por você. Alguém que te valorize, que te escute, que te ajude, que te dê confiança, que te faça bem, que te faça gargalhar de rir naqueles dias cinzas que a gente não quer levantar da cama, mas pela pessoa qualquer esforço se torna cócegas. Alguém que você possa ser você mesma, alguém que te dê mais momentos bons do que ruins, alguém que te complete, que te faça sentir protegida, que te faça ser amada, e que você possa se entregar totalmente.

É isso o que ele é pra mim, e eu sei que você queria que fosse assim com você. Mas aceite, nem tudo na vida é do jeito que a gente deseja, nós não temos controle dos nossos rumos, imagina de alguém. Se você já o amou algum dia, você deve entender que esse sentimento nada tem a ver com posse ou ódio, amor é algo puro, e eu tenho certeza de que você vai entender isso algum dia. Não te desejo mal, só espero que você se liberte disso que te prende, e voe, para bem longe.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Eu, eu, eu - Uma crônica sobre a individualidade e amar o outro

Interpol - Barricade

Cheguei à conclusão de que quanto mais o tempo passa, mais experiências vivenciamos, mais derrotas enfrentamos, mais decepções sofremos, mais e mais nos tornamos frios, pessimistas, egoístas e - principalmente - individualistas. O mundo parece girar ao nosso redor, e somos o centro do universo. Somente nós recebemos a luz solar, apenas nós sofremos de rinite com as quedas bruscas de temperaturas, só nós sentimos frio e fome, mesmo sabendo que quando chegarmos em casa teremos comida na mesa e roupa lavada. Abaixamos o olhar quando vemos crianças pedindo esmola nas esquinas, sofremos em silêncio com a visão, mas a dor dura apenas alguns minutos, depois passa, afinal, temos muitos outros problemas para nos preocupar. Problemas que só nós temos.

Buscamos terapia para conseguir freia-los, mas nunca pensamos que a maior parte da cura de qualquer condição está dentro de nós mesmos. Sempre nos esquivamos dos obstáculos por meio do escapismo, mas enfrentar... Ah, isso está fora de cogitação, até porque outro muro alto vai surgir no caminho, e só o fato de pedir emprestado uma escada, já dará trabalho, que resultará num desgaste emocional homérico. Pedir arrêgo é sinônimo de vulnerabilidade, não é assim que aprendemos a pensar?

Depois daquela última decepção amorosa, passamos anos achando que o que precisamos é esquecer. E esse ato decorre em noites na podridão das ruas escuras, sede de diversão, que afogamos com porres, drogas, e pessoas, muitas pessoas, ou alguma. Gente que naquele momento é tudo o que mais nos interessa, mas que no dia seguinte mal lembramos se perguntamos seus nomes. Nos tornamos tão egocêntricos a ponto de pensar que as pessoas, os acontecimentos e as coisas existem apenas para satisfazerem nossas vontades, até não restar mais nenhum pingo de vazio.

Mas o buraco é mais profundo. Nós sabemos.

Diversão não preenche a ressaca moral do dia seguinte. Aliás, a única forma de curar ressaca é bebendo novamente, e não venha nos dizer que não entendeu a metáfora.

E quando encontramos o amor novamente? Não sabemos lidar com inúmeros fatores. Primeiro porque não sabemos mais amar, nosso amor próprio ficou tão extenso e bruto que quase não há espaço para amar o outro. Amar é sinônimo de fraqueza, assim construímos nosso pensamento com o passar do tempo. Lidar com nossas individualidades já é uma tarefa árdua, agora imagine suportar as mesmas daquele que julgamos amar? É um serviço quase impossível.

Se relacionar dá trabalho, ô se dá! E relacionamentos envolvem entrega e, às vezes, doar mais que receber. Mas esse nosso ego doentio e carente só espera receber, afinal, nós merecemos receber tudo de bom - é o que achamos. Por esse motivo, estar com alguém se torna uma batalha infinita com nós mesmos. Quantas vezes temos que passar por cima do nosso orgulho somente para agradar o amado ou para colocar pontos finais em brigas sem sentido?



"Só sei dançar com você, isso é o que o amor faz...", Tulipa sempre fiel ao sentimento transmitido em suas belas canções.

E posso afirmar com total certeza de que isso é preciso. É necessário engolir o orgulho para ficar bem com o outro, se calar e correr pro abraço. No entanto, a única coisa que não devemos - em hipótese alguma - é deixar de sermos nós mesmos, perder nossa identidade e, claro, nossas individualidades particulares, e tê-las, não irá ferir a pessoa amada. É fundamental saber que o outro é um ser que respira, que nutre desejos e mantém expectativas que, inclusive, podem ser totalmente opostas às nossas. É essencial também entender que as pessoas são diferentes, e elas não nos pertecem. Meu namorado, meu amor, meu marido, meu branquinho, meu, meu, meu. Eu, eu, eu.

É impressionante como achamos que sabemos tudo sobre relacionamentos quando estamos solteiros. "Quando eu namorar de novo, vai ser assim, assado". E não, nunca é do jeito que nós esperamos. Porque a vida não é um roteiro que nós escrevemos e basta seguirmos conforme as linhas garrafais. A vida é uma estrada sinuosa, que oferece diversos caminhos, basta seguirmos aquele que nosso coração mandar.

E este atalho que peguei, me levou até você, me jogou nos seus braços diretamente para o seu coração. E assim nossas rotas se cruzaram e, a partir de agora, nós decidimos quais os rumos que a nossa vida irá tomar. Juntos, unidos e inseparáveis.

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Paranoia

A paranoia é um dos piores sintomas que um ser humano pode enfrentar. Ao chegar a esse ponto, já estamos fracos e desestruturados psicologicamente. Sempre tive quê para a depressão. Sempre tive uma falha grande no meu lado emocional e, talvez, no espiritual. Sou geminiana, tenho duas faces. A euforia e a depressão, que são praticamente uma bipolaridade enraizada nas profundezas da psique que vão muito além do que os horóscopos diários podem relatar.

Há muito tempo escuto pessoas me dizerem: você é forte, você aguenta. Já fui forte, já aguentei muita coisa, já engoli muito ódio, já me calei quando na verdade queria gritar, e já fui sentenciada à queda fatal. Mas meus passos me levaram a outros rumos, e, por muito tempo, achei que a solução era não sentir - como se fosse possível tal coisa. Não queria sentir nada, e ao mesmo tempo sentir tudo. Quando percebi, já havia me destruído. Não tinha mais moral, não tinha mais vontade, nem conformada estava. Estava desapegada emocionalmente do mundo e das pessoas que fazem parte dele.

Por muito tempo senti nojo delas, senti raiva, e depois, somente desprezo. As ignorava. Elas não significavam nada para mim e eu só queria me divertir. Mas a diversão não preenche vazio por muito tempo, e o buraco aqui dentro se tornava cada vez maior. Eu sabia que precisava de algo, que me faltava algo. Eu precisava de um amor. Eu precisava me preencher de amor, transbordar, emanar, amor. Amor. Amor.

Foi então que você apareceu na minha vida e me fez desacreditar em boa parte dos meus pensamentos sobre amor. Você me fez amar novamente e de uma forma única e transcendental. Me fez acreditar e almejar um futuro que nunca quis ter, não num presente momento real e onde a porradaria da minha rotina estivesse presente.

Por você até Dance of Days voltei a ouvir e fixar máximas que nunca mais acharia que consideraria novamente. Me fez crer que é possível ser feliz ao lado de alguém. Mas dizem que quando tudo parece perfeito, algo de muito errado está para acontecer. E aconteceu. Um monstro acordou das profundezas e a guerra foi posta sobre os homens que lutam para salvar suas pátrias amadas. A diferença é que nessa história não existe perdedor ou vencedor. Na guerra - como muitos sábios dizem - todos perdem.

E nós perdemos. Você perdeu a minha confiança total. Eu perdi a confiança em mim mesma. E o motivo de todo o conflito, bem, deve ter perdido mais ainda. Mas quem se importa com esse monstro? Eu? Não.

O que me importa agora, sinceramente, é voltar ao meu estado de paz de espírito habitual. Como eu vou ser capaz de ser feliz ao seu lado se não me sinto bem comigo mesma? Quantas vezes já li em textos falarem sobre: "amar não é uma prisão", e concordar? Então, agora me pergunto: por que estou tentando te aprisionar? Você não me pertence, não é parte do meu corpo, não posso querer te controlar. Saber de cada passo seu, ficar enfurecida a cada vez que você não puder me atender, a cada resposta de sms demorada. Isso porque estava com medo de enlouquecer e, de fato, enlouqueci.

Eu me conheço melhor do que ninguém. Sei dos meus medos, sei das minhas limitações e, sim, sei das minhas paranoias. Se eu não conseguir confiar em você, todo tempo longe de ti será um desafio. Hoje, inclusive, por mais sono e cansaço que esteja sentindo, pensei em tomar um calmante para dormir. Estou em estado constante de alerta: onde ele está? Por que demora tanto para responder? Com quem está?

ARGH! Que ódio de mim mesma. Que ódio por ter deixado minhas prioridades de lado, que ódio por estar assim, tão insegura. Não consigo ser forte sem você, não agora, não com tudo isso que aconteceu esses dias. Mas eu vou conseguir, pode demorar, mas comigo as coisas tardam, mas não falham. E nem devem.

E isso não quer dizer que estarei te abandonando, muito pelo contrário. Estarei de dando asas para voar, você pode ir até o seu limite e, se quiser se debandar para longe de mim, essa sempre será uma escolha sua. Posso chegar a te sufocar de uma forma que nem eu mesma suportaria se fosse comigo. Esse é o meu medo. Te pedir mais do que você é capaz de me dar. E você se cansar e repensar se valeu a pena tanto esforço.

Desde o início queria que as coisas entre a gente fossem suaves e naturais. Mas como pedir amenidade para dois seres intensos como nós dois? Como? Eu não sei. Toda essa profundidade não vem só de mim, ou só de você, vem de nós dois e de formas diferentes. Estamos nos adentrando cada vez mais para uma fenda - e não, isso não tem nada a ver com as teorias de voltar para o útero da mãe que Freud tanto colocou na cabeça de seus leitores. Tem a ver com intensidade, de sentir tudo - tudo mesmo, tanto sentimentos bons, quanto ruins - de um modo mais profundo.

Se o meu tesão é arrebatador, se minha raiva é sanguinária, se meu desejo é incessável, se minha alegria é imensa, minha tristeza vai ser decadente, e me levantar pode ser uma tarefa árdua. Preciso ficar bem. Não com você, nem com o mundo. Preciso ficar bem comigo mesma. Eu não vou deixar de te amar se eu voltar a me amar mais. Entenda isso, por favor. Estou fraca e não se martirize por minha situação. Vou encontrar forças aos poucos, se você pode me ajudar, me ajude como puder, não faça mais do que pode. Não vou te amar menos por isso e nem mudar meus pensamentos por você.

Mas se eu puder te pedir uma coisa, é só isso que eu quero: estar mais próxima, me sentir interligada. Não no sexo, não fisicamente. Não sei explicar ao certo, mas acho que tem a ver com alma, como você mesmo disse. Preciso voltar a sentir toda aquela intensidade, como se nos tornássemos um só, a partir dai, conseguirei voltar à minha paz. Eu me amo. Eu te amo.

domingo, 15 de setembro de 2013

Perversões - Uma crônica sobre intensidade, insanidade e amor

Para embalar a leitura: Deftones - Knife Party

Não podemos passar mais do que 4 dias sem nos ver, porque a tensão aumenta e nos enfurecemos devido à distância de nossos corpos. Essa situação as vezes gera algumas brigas, algo que concordamos não querer mais. Mas verdade seja dita, não existe distância maior do que aquela que separa duas almas.

Discutimos naquele mesmo ambiente em que, ao chegarmos, serviu de cenário para o nosso maior momento de perversão, desses que a gente fica possuído - surreal, não tem como descrever. Até que cada um virou de costas para o outro e adormeceu. Você roncou e eu passei 3 horas tentando pegar no sono, que infortúnio! Cigarros e mais cigarros. Só a gente sabe a quantidade de substâncias tóxicas que acompanham nossos encontros e como isso é natural para nós.

Por que todo momento nosso está tão atrelado ao sexo? Por que não conseguimos apenas ir ao cinema, ou jantar num restaurante sem pensarmos que essas coisas são pequenas comparadas ao que podemos fazer entre quatro paredes? Nossa intensidade é perversa e compulsiva. Tenho obsessão pelo seu corpo, pelo seu cheiro, seu beijo, seu abraço, por sentir você dentro de mim. Só o som da sua respiração é capaz de me deixar arrepiada, somente um abraço forte já me deixa excitada.

Não consigo explicar a necessidade de te ter a todo instante entre as minhas coxas, o tempo congela e tudo ao redor perde seu foco, apenas me fazendo sentir algum sentimento tão profundo, que se isso for comparado à morte, então é como se eu morresse e renascesse a cada vez que você me penetra e me faz delirar de prazer.

Mas não é só isso, a gente sabe que não é. É amor, porra! É amor. E nosso amor é tão grande e tão similar ao desejo que alimentamos um pelo outro, que somos sempre consumidos por essa ânsia. Somos vítimas dessa sede insaciável, somos amantes desmembrados de realidade, somos dois loucos possuídos por esse sentimento que nos une.

Minha vontade, toda vez que você me toca, é de arrancar a sua roupa nos dentes, e beijar cada centímetro do seu corpo. Mais adiante, quero te ver fazendo aquela expressão de sofrimento/prazer que eu conheço bem e ouvir seus gemidos escandalosos e as safadezas insanas que você me diz enquanto vou chupando e lambendo todo o comprimento do seu pau. Ah e como eu amo esse ser que você carrega entre as pernas, assim como todo o conjunto que o envolve. E o seu gosto? Não deve existir sabor tão doce e suave, e não ligo quando você esporra todo seu líquido nos meus seios, no meu rosto, na minha boca, eu até gosto.

Sim, eu não presto, e nem você. Posso ser a pessoa que vai cuidar de você quando você adoecer, te fazer massagem e te dar remédios no horário. Posso ser a mulher que você vai apresentar com orgulho pros seus amigos, posso ser a menina de boa família quando você me convidar para conhecer a sua mãe. E posso ser a prostituta mais suja quando você me vier comer com gosto, e vou acompanhar cada movimento do seu corpo sobre o meu e responder à cada perversão que você começar. Pode me fazer de escrava, pode me dar tapa com força, comigo você pode tudo. Me joga na parede, mete com força, me chama de vadia, e me ama assim.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

O que fazer quando você percebe que a sua vida é um eterno mindfuck?

mindfuck-delirios-agridoces
Aquele momento que você se depara a poucos metros da porta da sua casa e repensa se quer mesmo entrar. Pensar se quer voltar ao lar parece algo absurdo quando se tem 23 anos nas costas, vive com os pais e está voltando exausta de uma reunião seguida de 8 horas de trabalho. Não faz sentido. Se fosse em outro momento, você não veria a hora de chegar em casa, abrir a geladeira e encontrar uma geladíssima lata de heineken e fumar um cigarro enquanto escuta um Nada Surf no último volume. Ou então devorar aquela comidinha fresca e deliciosa que só a sua mãe sabe fazer. Mas você sabe que a questão não é querer, você tem que entrar e encarar tudo. E quando puxar aquela maçaneta e colocar o primeiro pé para dentro, todo o turbilhão de realidade chegará esmurrando a sua cara, mas que ao em vez de sangue, te deixará desnorteado com a imensidão das mudanças que se infiltraram na sua vida.

É entrar e esquecer que você tem vontades, deixar para daqui há algumas horas aquele banho quente e reconfortante que você precisa, esperar aquela brecha pra acender um pigas no quintal - coisa que você fazia no seu quarto - e fazer o que te mandam/pedem. Lavar a louça, terminar a janta e o almoço para levar na marmita no dia seguinte, limpar/varrer/passar não sei o quê. E quando percebe já é hora de dormir e você não conseguiu fazer nada do que precisava. Aliás, quando for procurar emprego novamente, não esqueça de adicionar às habilidades: "nível avançado em limpar a casa, trocar fralda, passar 4 pilhas de roupas em 2 horas, expert em viver sob pressão e (fingir) manter a calma, entre outros afazeres".

Seu corpo já não é mais o mesmo, afinal, as dores na coluna vivem reaparecendo naquele momento de estresse. No fim de semana, em um dos dias que você escolheu para relaxar e esquecer um pouco de tudo, você passa mal devido aos péssimos hábitos de rotina que anda tendo, a pressão cai/sobe, o cansaço vence e você adormece em qualquer canto que encostar, dai você já não pode beber, não consegue se divertir e tudo o que deseja é a sua cama. As olheiras se tornam aparentes, assim como aqueles roxos na pele que você conquistou tropeçando enquanto não prestava atenção ao andar. Você vive como uma panela de pressão esquecida há mais de 5 horas no fogo, prestes a estourar, e agora você entende porque as vezes seu olho direito fica tremendo. E a vida segue assim, sendo literalmente empurrada pelas coxas.

Você que sempre praticou o escapismo e viveu durante anos feliz desse jeito. Você que planejava fazer aquele tão sonhado intercâmbio para a Europa e visitar aquela sua melhor amiga que acabou de se mudar para Portugal. Você que iria tirar a carteira de habilitação e esperava pegar um carrinho usado logo menos. Você que achava que iria quitar todas as suas dívidas - inclusive àquela na faculdade, motivo pelo qual seu diploma está retido após 2 anos que você "terminou" o curso. Você que finalmente teria a casa reformada, com seu próprio quarto e assim poderia dormir com seu namorado sem qualquer perturbação. Você que achava que a vida já era difícil quando os problemas não existiam. Você que se sente mal ao pensar que a sua vida é uma merda no momento em que vê uma criança pedindo esmola no farol e ter as janelas dos carros de mais de 100 mil, fechando em seus inocentes rostos. Você que é um completo egoísta, fraco e insensível. Você que é apenas um ser humano, perdido, em buscas de soluções, à procura de uma luz.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Corpo marcado - Uma crônica sobre as imperfeições dos caminhos que escolhi

6 rabiscos espalhados pelo meu corpo descrevem um pouco da minha história. Desde os momentos mais difíceis, quanto aos mais libertadores. Um kanji de proteção nas costas, quando pedia para Deus que me guiasse enquanto enfrentava o gostinho do terror que recebe o nome de síndrome do pânico, aos 16 anos de idade. A luta contra o câncer de mama de minha mãe foi o pedido pela sua cura, marcado em meu braço esquerdo, mesmo lado em que minha progenitora sofreu a perda de um seio danificado pelo imenso tumor maligno que ali se instaurou em 2010. Depois foi a vez em que precisava me sentir grande, precisava alimentar meu ego com poder, e no braço direito, pedi uma coroa bela, colorida e formosa que recebe uma flâmula que relata o início de meu reinado.

Mas eu queria mais, eu queria me libertar da dor que os acontecimentos e meus caminhos trilhados me proporcionaram, e marquei meu pé com uma inspiradora canção do ídolo na adolescência, Billy Idol, "Dancing With Myself", eu precisava ser independente. Eu queria mais marcas, pois as que tinha não eram suficientes para ilustrar a minha trajetória. Entretanto, eu precisava de controle mais do que qualquer coisa, então a história de outro anti-herói, Ian Curtis, em conjunto com a minha canção favorita do Joy Division "She's Lost Control", foi riscada em meu punho. A última, e sim, menos importante, foi um raio de luz, à la David Bowie no pescoço. Pequena, sem vida, sem luz, sem cor, assim como meus sentimentos naquela época. 

Cada uma dessas marcas serão visivelmente eternas em minha pele, mesmo que a dor da agulha perfurando cada milímetro da minha tez branca e flácida, mesmo que a melancolia no momento da escolha destes rabiscos tenham passado, a marca que eles deixaram em minha alma jamais será esquecida.

Hoje tenho que lidar com as marcas que o tempo me deixou. As olheiras e as enormes bolsas embaixo dos olhos registram a minha insônia involuntária, noites mal dormidas devido à preocupação de diversos empecilhos que foram postos em meu caminho. As dores na coluna e o cansaço físico descrevem estes mesmos obstáculos que o estresse me causa no dia à dia. E ainda tenho que lidar com as cicatrizes abertas que você fez restar em mim. O roxo que ficou daquela mordida no meu braço - logo embaixo da minha coroa - ainda está aqui. Aquela sensação do último abraço - a dor da despedida - ainda ficou em mim. E todas aquelas mensagens te perguntando como você estava, ainda estão esperando resposta.

Sou imperfeita, minhas próprias tatuagens dizem isso. Erro feio no quesito "saber amar". É, eu não sei amar, eu não sei lidar com acontecimentos bons, porque eu logo acho que algo de ruim irá acontecer e me tirar o que me faz feliz agora. Meu psique inferiorizado é pessimista por natureza, e faz com que eu não me surpreenda com tragédias, ele se acostumou e me faz procurar por elas. Esse é o drama da Angélica. Essa é a Angélica errada que ama de forma insensata e catastrófica. Me perdoe. 

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Amor, fica - Uma crônica sobre a saudade de você

Fica, tem bolo. Daqueles que fazem a língua coçar de tão doce. Não vai embora ainda, vi na previsão que vai chover daqui a pouco e você tá de jaqueta sem capuz. A gente aproveita e fica mais meia horinha na cama, pode ser só de conchinha. Tem um maço de Carlton na gaveta, tem coca na geladeira. Fica à vontade, mi casa, su casa. Se tiver cansadinho, eu faço uma massagem daquelas que você gosta. Quer tomar um banho comigo? Eu esfrego as suas costas, pode deixar. Fica mais, lindinho.

Vamos ver aquele seu filme favorito? Eu faço uma pipoca, te cubro com um edredon quentinho, pra gente ficar juntinho. Te preparo um chá de erva cidreira pra você se aquecer, mas eu prometo que a melhor forma de fazer isso, é a gente ficar agarradinho. Fica vai? Eu até arrumei a cama, coisa que não faço desde que tomava bronca da mamãe. Pode deitar e rolar, esfrega seu corpo no meu lençol, assim seu cheiro dura mais tempo.

Fica, por favor? Tô começando a me sentir mal, acho que peguei uma gripezinha. Me faz um cafuné e me chama de benzinho, que passa. Mas não, não vai embora. Meu coração parece que vai explodir, algo está acontecendo comigo. Estou doente? Ah, me beija devargazinho que logo melhora. Não me dê as costas, faz meu coração sangrar por dentro. Será que preciso procurar um cardiologista? Porque algo parece muito fora do normal aqui no meu peito.

Fica, meu gostoso. Vamos fazer uma sacanagem nervosa, se quiser até assisto um pornô contigo, se for daqueles com historinha, melhor ainda. A gente tenta umas posições diferentes, e usa aqueles óleos que prometem ser afrodisíacos, mas não há visão mais excitante do você nuzinho todo pra mim.

Meu amor, fica. Fuma mais um cigarro, me dá mais um abraço, um cheiro, um amasso. Você tem mesmo que ir? Então, vai. Mas me deixa seus braços, sua boca, ah... e o seu corpo, sua voz. Não, espera, não vai. Eu preciso de você o tempo todo. Fica aqui comigo?

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Por que te amo? - Uma (sincera) declaração de amor

Trilha para embalar a leitura:

Eu poderia ter inúmeras respostas para essa questão, muitas que, inclusive, eu ainda não saberia responder. Afinal, não é possível conhecer alguém em um mês, você mesmo disse. Nem em um mês, nem em um ano, nem em uma vida. Isso porque as pessoas mudam, amadurecem, algumas regridem, outras, se transformam, se tornam maiores, cheias de energia e luz. Há também aquelas que os caminhos trilhados as tornaram menores, mais fracas, sensíveis, fazendo com que suas atitudes sejam mais frias, mais receosas ou rancorosas.

No entanto, em um mês - aliás, bem menos que isso - já fui capaz de te amar. Amar cada aspecto seu, mesmo aqueles que ainda desconheço, - o que só aumenta a minha insaciedade em te querer cada vez mais - e cada parte do seu corpo, começando pelo sorriso discreto e meigo que você me lança em conjunto com esse olhar que só você tem, cheio de mistério, de sedução, que me deixa zonza cada vez que me pego te observando. Amo também aquela risada escrachada que você dá logo após fazer alguma gracinha, tipo aquele dia no bar, que você queria de todo jeito "arrancar" o meu nariz e falou tão alto que todos ao redor perceberam e a gente caiu na gargalhada, pouco se importando com o resto. Amo essa voz rouca, que talvez não seria assim se você não tivesse fumado tantos cigarros, fato que deixa tudo mais atraente, e demonstra claramente que você é uma pessoa real. Nunca quis um boneco de plástico, perfeitinho, sem graça.

Amo todo o seu corpo, e aprendi a amar esses braços repletos de rabiscos que ilustram a sua história, mesmo que sejam mais finos que os meus. Eu ficava meio nervosa, no início, de que você fosse muito magrinho do meu lado, confesso. Mas quem disse que existe tamanho para se amar, e, além do mais, nosso sexo não poderia ser melhor, porque nossos corpos se encaixam completamente nos tornando um só. E que saudade de sentir o peso desse seu corpo sobre o meu, como eu amo esse exato momento em que nos tocamos e depois, quando não aguentamos mais, feito dois loucos, nos perdemos totalmente em meio aos puxões de cabelo, aos gostos de nossas peles, aos apertos, aos arranhões, às mordidas, aos chupões, aos movimentos frenéticos, aos gemidos de prazer, tão ofegantes, tão sinceros.

Amo essa nossa química que descobrimos ao trocar nosso primeiro beijo. Como amo recordar daquele nosso primeiro encontro, o nervosismo, as mãos suando, o coração acelerado que parecia pular do peito a todo instante. A confusão enquanto procurávamos algum lugar para sentar, as primeiras conversas meio sem nexo, as vozes tremendo, o constrangimento que perdurava naquele momento, e a vontade enorme que sentia em te agarrar, sentir a temperatura do seu corpo, o sabor dos seus lábios, o toque das suas mãos. E depois, quando estávamos sentados no vão do Masp e, no meio de toda aquela marofa, trocamos algumas de nossas promessas mais importantes. Naquele momento parecia que eu já te amava, você já estava em mim, completamente.

Amo esse seu jeito doido apaixonado. A forma como disse a primeira vez que me amava, o modo como me conta como foi o seu dia, sempre todo animado e, mesmo quando fica nervoso ou aborrecido, há todo um charme para descrever os acontecimentos. Existe algo em você que me fascina, que me deixa sem ar. Algo que me faz apaixonar todos os dias - mesmo aqueles em que não te vejo - e ao mesmo tempo me intriga, me deixa atordoada, me tira do sério e faz a minha mente viajar. E por fim, desejar que esse nosso amor não se acabe nunca.

Eu te amo hoje e agora, e quero continuar amando cada característica sua que ainda não conheço, cada passo que você der na sua vida, cada vitória que você conquistar, cada derrota que você tiver que enfrentar, cada novo rabisco que você fizer no seu corpo, cada nova batida que você criar, cada novo banza que você bolar pra gente, cada novo ou velho filme que você acrescentar a nossa lista para assistirmos juntos, cada canção descoberta que você acha que combina com o que temos, cada novo momento ao seu lado e a cada vez que você disser que me ama, olhando nos meus olhos e me fazendo desejar ter o poder para congelar o relógio. Não importa o tempo, nem passado, nem o longo mês em que estamos juntos, o que importa é o presente, que irá nos indicar o nosso futuro. Te amo, sinceramente, te amo.


sexta-feira, 2 de agosto de 2013

E se

E se eu não quiser ser tudo para você? E se eu apenas continuar sendo eu mesma e te fazer feliz desse modo? É muito pouco para você?

E se eu não for essa deusa do sexo que você tanto espera? E se um dia eu estiver cansada e me satisfazer apenas com um papai-e-mamãe bem feito e quiser apenas me virar e dormir? Você irá me desejar menos?

E se a minha necessidade de falar em determinado dia, sobre determinado assunto, ou determinada razão, for maior que a vontade de te escutar? Será que você é capaz de me ouvir em silêncio quando eu precisar ser escutada?

E se não somos perfeitos um para o outro, assim, como acreditávamos? E se eu quiser ser imperfeita um dia, você irá me aceitar?

E se não formos tão parecidos como achávamos? E se eu não quiser ser assim tão parecida com você? Você vai continuar me amando?

E se com você eu não conseguir mais ser essa mulher segura que eu estava acostumada a ser? E se eu estiver insegura, você irá me abraçar e fazer esse sentimento ruim ir embora?

domingo, 28 de julho de 2013

Cúmplices do acaso

Intrigante, no mínimo.
Mas não muito, aqui não rolou mistério. Apenas foi dito o que se achou sincero.
E lindo. Ah, que lindeza, tão meigo e cheio de flores que quase não se vê sexualidade em tal expectativa.
Só quer se ver romance, praticamente amor, como nos filmes. Não tem como negar, o mínimo que seja, mas se ama ali.
Entretanto é indevido afirmar com total certeza que não há desejo carnal. Impossível, hipócrita e até ridículo seria.
A mistura de desejo, curiosidade, e, claro, uma pitada serena de amor ou paixão - ou um pouco dos dois, ou mesmo algo parecido - causa uma ânsia tão forte que o tal grande dia parece que nunca vai chegar. E os dias passam mais devagar. 

Receio, medo, dúvida, angústia, depressão, loucura, euforia, tensão. 

Vocês já se veem fazendo planos, grandes planos aliás. Afinal, o que implica ver um filme juntos e não qualquer filme, mas aqueles que eles descrevem como OS filmes de suas vidas. E, não para por aí, toda a seção cinéfila romântica pode vir acompanhada por um cenário em que os dois estariam abraçadinhos, embaixo de edredons ou lençóis (quem adivinha esse tempo?), bebendo vinho ou um chocolate quente, fumando um cigarro ou um banza, tudo muito íntimo, sabe?

Receio, medo, dúvida, angústia, depressão, loucura, euforia, tensão. 

Como será sua voz? 
Será que é muito mais alto que você ou, vai saber, da mesma altura? 
Será que é muito magro do seu lado? 
Será que vocês combinariam, assim, fisicamente? Numa foto posada, sei lá?
Será que vocês vão ter bons papos, irão dar altas risadas? Ou não vão conseguir encaixar nenhum assunto interessante, e a cada tentativa será falha e desanimadora? 
Acho difícil, se não a conversa não teria fluído tão bem ao ponto de um encontro ser marcado e estar sendo tão esperado. 

Receio, medo, dúvida, angústia, depressão, loucura, euforia, tensão. 

Como será seu cheiro? Será que usa perfume do tipo cítrico, amadeirado, ou apenas um desodorante refrescante. Ou um leve odor de cigarro exala de suas roupas, de seu hálito? Não duvido e não me importaria. Fumante por sete anos e fracassando há um mês em encerrar esse mau hábito, quem sou eu para julgar?
Ai, mas e se toda expectativa for por água abaixo? E se o impacto da visão, o tal olhos nos olhos for altamente decepcionante? 

Receio, medo, dúvida, angústia, depressão, loucura, euforia, tensão. 

Vamos mais à frente e chegamos em outro ponto, mais quente, do jeito que gosto. 
Como será seu beijo? Será que beija bem? - Por Deus, que não seja um beijo helicóptero, ou um beijo babão. 
Eu imagino um beijo suave, em que lábios se encostam levemente até as línguas se encontrarem e começarem alguns movimentos aleatórios, sempre em conjunto, como se seguissem a mesma sintonia, formando as notas de uma bela canção. Os movimentos se tornam mais frenéticos e as mãos puxam cabelos, apertam cinturas, e corpos se esquentam, revelando algo tão extraordinário que, iniciado por um ato, esses corpos parecem se tornar apenas um. 
O tempo para, não há barulho, não há interrupção. O mundo poderia acabar ali, naquele momento, como a visão de uma linda paisagem no campo, em que apenas há uma brisa, doce e leve, batendo no rosto e levando cabelos ao vento.

E é dessa forma que qualquer sentimento de receio, medo, dúvida, angústia, depressão, loucura, euforia e tensão vai embora. Ele me faz sentir alguma paz, alguma calmaria. Cores em tom pastel, cintilantes e contrastantes às dores. Ele é um frescor, que deve ser repleto de calor, talvez amor, vai saber.

Em pouco tempo nos tornamos cúmplices de um desejo comum, do novo, do não descoberto. Cúmplices de vidas distintas que se encontraram ao acaso. E vai saber do que esse acaso é capaz. 

Que seja belo, que seja como flores, que seja intenso, que seja eterno. Que seja surpreendente.

(Apenas surpreendente, pelo menos agora, de resto, só o destino e o tal do dia após o outro para saber)

A vida é um sonho - Uma crônica sobre os efeitos alucinógenos que a vida nos causa

Essa crônica que abaixo se inicia foi inspirada em acontecimentos vivenciados (e imaginados e recriados e aumentados e superestimados) no ano passado.

A vida é um sonho, afirmou um amigo enquanto explicava os milagres pós ayahuasca. 

Cores se intensificaram, brilhos passaram a reluzir em objetos antes inanimados e o mais impressionante, a mudança que se gerou em seu estado de espírito. 

Ele passou de livre hedonista a um sonhador que transmite boas energias por onde quer que transite. 

Quero isso pra mim, pensei. 

Mas preciso ir até um determinado lugar, participar de uma cerimônia de chá ao lado de desconhecidos e passar por uma experiência que sabe-se-lá se será realmente eficiente pra mim?

Vai que enlouqueço ao reviver a mais complexa bad trip da vida e, sob efeito do alucinógeno, me jogo das montanhas?

E se surgirem visões de mortos e tenho que conviver com esses fantasmas do passado a me atormentarem todo santo dia?

Perguntas e mais perguntas. Sempre tenho muita certeza do que quero, mas quando não tenho, devo desconfiar. - Mulher tem essa neura com intuição, sabe? E funciona! Vai pensando...

Uma amiga descreveu relatos parecidos aos dados por esse amigo, mas ao utilizar outra substância, só que química, chamada de ácido, doce, ou mesmo LSD.

Quero mesmo usar drogas? - Sério, Angélica? Aos 22 anos experimentando drogas que nem aos 16 você tinha curiosidade em experimentar?

Resposta negativa.

Aprecio a brisa de beck, ou como gosto de chamar e me sinto íntima a fazê-lo, é o faz me rir. Assim que aprendi a nomear a erva maldita que foi quando realmente aprendi a fumá-la.

Mas ainda gosto mais da minha melhor droga, a cachaça - principalmente se for acompanhada do bom e velho cigarro, ou cigarros. 

Cachaça amarga que já me levou à loucura e à insanidade tantas vezes. 

Cachaça amiga que já me acolheu na mágoa, esquentou meu coração partido e me jogou de frente a novos partidos. 

Errados, mas suficientes para fazer apaziguar a dor. Ou, ao mínimo, trazer um pouco de diversão.

Ou, mais confusão.

Meu amigo ainda disse que depois de vivenciar essa "experiência divina" tudo - sim, TUDO - se tornou tão belo ao olhar, que a vida começou a parecer um sonho.

E o que distingue a realidade de um sonho?

Mas isso é muito complicado, melhor eu ir ali fumar um cigarro, até pegar no sono.




quinta-feira, 11 de julho de 2013

Fugaz interrompido

Fora pega de surpresa quando se viu acometida por uma paixão súbita, em conjunto com um desejo arrebatador, que evoluía cada vez mais, até se tornar uma ânsia, enjoativa, tanto quanto o significado que a palavra representava.

Ela achava que só se amava uma vez na vida, e, treze anos depois de ter ouvido essa frase por quem ela se referia como o seu grande amor, percebeu, de quebra, que ele não passara de apenas uma lembrança remota de uma realidade que não existe mais. Que se evaporou assim como a água das poças formadas após uma rápida garoa num dia de verão.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

A ressaca moral - Por que a vida noturna é tão solitária?


Em meio ao som das batidas violentas de um dark wave e a fumaça embriagante que emanava no ar daquele fumódromo situado ao fundo, depois da pista, de uma casa gótica que costumamos visitar, um amigo relatava o quanto era difícil se afastar daquele tipo de local. Como era árduo parar de beber, de fumar e de continuar voltando a recintos que nada mais têm a oferecer do que bebida gelada, som alto - bom, mas que já enjoara há algum tempo - e alguns pares de vaginas e pintos ambulantes. Ele também contou sobre a vontade de voltar a pedalar, ver o pôr do sol, sentir as ondas do mar batendo em suas canelas e a brisa inebriante, que apenas um fim de tarde no campo poderia oferecer. Mas era impossível realizar qualquer uma dessas atividades no momento em que se encontra, pois sua realidade está aliada ao caos que a vida noturna promove, onde desejo e farra se confundem no mesmo ambiente em que pessoas usam drogas e agem conforme seus instintos naturais sem qualquer pudor. No entanto, não é apenas esse amigo que enfrenta esse tipo de dilema, como a maioria das pessoas - especialmente essas que vão sempre às mesmas baladas - deve desfrutar de mesmo fardo, ou experiência similar.

Tudo parece perfeito quando você está sob o efeito de entorpecentes, quando aquela sua música favorita toca na pista e você grita para suas amigas “minha música!” como se o DJ tivesse a escolhido especialmente para você. Tudo gira em torno do seu momento, da vontade desvairada de tirar todo o peso das costas e esquecer que algum dia foi jornalista ou que tem uma prova no dia seguinte. Você apenas está ali, curtindo ao máximo, sem se importar se o mundo está caindo sobre a sua cabeça, ou se o chão irá abrir abaixo de seus pés. Até que surge um bonitinho (a) sorrindo para você, te paga um drink, te chama para um canto e te dá um beijo de tirar o fôlego. Dependendo da situação, das circunstâncias, de ambas as atitudes, vocês podem trocar telefones ou perfis no Facebook, ou apenas vão para um motel. Enfim, não importa como terminou a sua noite, sempre tem o dia seguinte. Aquele mesmo em que você acorda com uma ressaca fenomenal - que é tão comum, que se tornou íntima - mas em que já está pensando no que fazer no próximo fim de semana. Os dias passam como o rastejar de uma tartaruga centenária, e o horário de almoço, a volta para casa, a ida à academia e ao inglês são tão tediosos que você decide tomar uma cervejinha no meio da semana, mas o happy hour acaba se estendendo para a boate... Desperta na manhã posterior, novamente com uma enxaqueca matadora e se atrasa para o trabalho. Porém, de qualquer forma, já sabe o que vai fazer na sexta e no sábado, e, talvez, no domingo à noite. É uma busca infinita.

Na realidade, as pessoas que estão na noite sempre estão à procura de algo, por vezes, apenas uma forma de descontração, de querer chutar o balde, pegar geral, esquecer os problemas ou arranjar um namorado (a), vai saber... Podem existir inúmeras razões, mas aquelas pessoas específicas, essas no qual se encaixam meu amigo e uma porrada de gente que eu e você conhecemos, geralmente, são os que chamo de solitários. Corações que foram partidos e que vagam perdidos pelas alamedas escuras e atraentes da autodestruição. Vivem como zumbis em dias normais, sedentos por carne fresca e um pouco de curtição, e como lobos aos fins de semana, caçando diversão interminável. Se essa for ou já foi a sua realidade, você sabe muito bem o que é essa tal ressaca moral no qual estamos falando, aquela mesma que te faz pensar que aquilo não faz mais sentido para você, aquela também que te faz perceber a diferença do momento em que você está rodeado de amigos e até futuros peguetes ou pretendentes, e o instante que você se percebe sozinho, sem uma alma para lhe acalentar ou afogar as suas mágoas. E você se pergunta: o que me falta? Esse meu amigo disse que talvez uma namorada poderia lhe fazer diferença, sossegar o facho. Até que lhe complementei: Ok, você arranja uma garota caseira que poderia ser perfeita se não fosse o fato de ela não estar acostumada com essa vida que você leva, e você começa a se cansar de ficar em casa vendo filme e comendo pipoca. Até que surge a vontade da noite, de andar com as mãos livres e fazer o que der na telha. Um hiato então se formou na nossa conversa até ele acender um cigarro e dizer: “Isso é muito complicado, melhor eu ir para a igreja”. 

Se você caro (a) amigo (a) se identificou com a situação, saiba que não precisa abrir mão de tudo o que gosta para se livrar de um vício, e não estou só falando do fato de ser um frequentador ativo das baladas, mas qualquer hábito que não te faça mais bem, curta a sua vida ao máximo. Se você sofreu uma desilusão amorosa ou qualquer outro motivo que te faça querer sair sem dar satisfação a ninguém, sentir o gostinho da autossuficiência, faça sem receio. Mas não deixe que seus desejos te consumam e atrapalhem sua saúde física e, principalmente, mental. Como eu sempre digo: “A liberdade é algo tanto fascinante quanto destruidor. É impossível impor um limite depois que você já ultrapassou a barreira há muito tempo.”. Por isso, permita-se curtir os prazeres noturnos, mas também saia com aquele seu amigo que você negligenciou algumas idas ao parque ou uma viagem à praia, e vá visitar um museu, ver um filme que está em cartaz, ler aquele livro que está há anos guardado na prateleira, sentir o frescor do mar e até pode bater palmas para o sol, porque é ele que nos mantém vivos. Afinal, não há nada melhor do que se sentir aceso com um pouco de claridade.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Amanhã

Não quero nada
Sentir nada
Fazer nada
Ou, dormir o dia todo, quem sabe
Mas, no dia seguinte, à noite
Depois de algumas doses, vou querer o mundo
Dominar e ser possuída pelas desventuras da vida
E, na manhã posterior, não vou querer nada
Me deixa

Surpreenda-se com o melhor tapa na cara que a vida pode lhe dar


Delírios Agridoces - Tapa na Cara
"Quem nunca errou que atire a primeira pedra", quem nunca ouviu essa frase (praticamente um ditado popular) que atire uma pedra em si mesmo, porque em algum momento da vida alguém já deve ter lhe dito. Agora, reflita: quantas vezes você já escutou alguém dizer (ou, quem sabe, disse para si mesmo): "Julguei errado e me surpreendi"? Muitas pessoas não assumem tal atitude quando fazem um julgamento falho, outras simplesmente são orgulhosas demais para deixarem a peteca cair, mas não fazem ideia que é possível aprender muito com isso, ou mesmo, se deliciar com o fato. Além de tirar uma lição moral com a história, por mais clichê que seja, também pode ser muito interessante (leia-se "gostoso", só para não parecer vulgar) quando você descobre que alguém ou algo, que você anteriormente julgou muito mal, não era nada daquilo que você imaginou. Mas tudo bem, presumir é comum, todos fazemos isso, o que difere é a forma como você age depois de levar esse tremendo tapa na cara, se vai ser uma porrada no meio da fuça, ou - já dizia o funk - um tapinha que não dói - e você bem gosta.

Diz ai quando você viu aquela piriguete na balada rebolando até o chão, de saia curta e um baita popozão, e, sentindo uma ereção entre as pernas, comentou com os amigos: "Essa daí é só pra comer!". E quando foi falar com a garota achando que ela só perguntaria qual era o seu emprego e a marca do seu carro, se viu tomando um chute "naquele lugar" porque percebeu que ela era linda, inteligente e... Interessante? Ainda mais adiante, notou-se ligando para ela todas as manhãs para dizer: "bom dia, meu amor", e visitando diariamente o perfil da moça para ver se tinha algum "amigo" curtindo as fotos dela de biquíni. Final feliz para tamanha voadora do destino, não? Mas, poderia ter sido diferente... Você poderia ter ignorado todas essas qualidades (ou nem ter percebido ou se interessado em saber) e tratado a garota como uma "só para comer" e, talvez tivesse comido, vai saber.

E na mesma balada, você, garota, viu aquele sujeito dançando meio estranho, com cara de louco (sem estar “bem louco”), sorriso largo e, logo cochichou com uma amiga: "Quem é esse doido?". E vocês até riram bastante quando ele caiu na escada, ou tropeçou no próprio pé enquanto tentava alguns passos de dança. Até que você já estava cansada porque pegou meia dúzia e nenhum era legal o suficiente e, o tal maluco apareceu com um assunto interessante, querendo ser amigo, comentando sobre gostos que vocês compartilham e... BANG! a peteca marcou um ponto! Trocadilho tosco, não? Mesma opinião que você teve sobre si mesma quando se percebeu apaixonada pelo esquisitão que ganhou seu coração, e foi tanta emoção que, logo depois de um mês, você estava mandando presente com cartão. Rimas desnecessárias, tanto quanto se você tivesse seguido seu primeiro instinto em aloprar o pobre cidadão, e pegado uns "marmanjão" (foi proposital) que só pensam em malhar os "bração" (de novo, tá ficando chato, eu sei!), mas que não têm nada nos "cabeção" (parei!).

Eu poderia contar mil histórias que já aconteceram comigo ou com meus amigos, mas não haveria necessidade, certo? Afinal, você já sabe onde eu quero chegar com todas essas rimas e trocadilhos "bobão" (última vez!). E a primeira conclusão é: julgue. Isso mesmo! Julgue com vontade, julgue como se não houvesse amanhã (contanto que não chegue aos ouvidos do alvo, por favor), nem que seja para cair no chão de tanto rir, ou morrer engasgado de tanta maldade. E quando você perceber que errou com essa prévia maléfica findada pelo pré-conceito - que você jura não ter, mas sabe muito bem que tem – tropece feio, se jogue da ponte, mas, ria. Deboche de si mesmo, caia no chão de tanto rir ou morra engasgado com o mais puro veneno, mas não se apresse a seguir seus impulsos conservadores. Compreenda o erro e abrace o que vem pela frente, seja uma piriguete que gosta de carros, mas que também lê bons livros, seja o freak guy do rolê que tem um sorriso contagiante, seja um amigo de um inimigo, que você percebeu que nada tem a ver com aquele que você odeia, seja aquele cachorro abandonado que era fedido e feio pra porra, mas que tinha os olhos brilhantes e, depois de um banho ficou tão cheirosinho que você não queria mais largar (sai, Felícia!). E, além disso, sinta o prazer em se surpreender com a vida, afinal, melhor tomar um tapa bem dado na cara e sair satisfeito com o ensinamento, do que se o mundo realmente fosse esse lugar escroto que você imagina. Tô certa?

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Por um minuto de cala a boca



Às vezes o silêncio se faz tão necessário quanto comer ou dormir. Ele é tanto essencial para trabalhar e se concentrar, quanto para manter a saúde mental de um indivíduo. É, mental. Afinal, não existe nada mais perturbador do que quando tudo o que você precisa é de um instante para pensar, encontrar respostas que somente um minuto de quietude absoluta concederão, ou apenas querer ficar sozinho, calado e surdo, e, de repente, algo ou alguém interrompe este momento sagrado. Dá para sentir o tom da ofensa? Sim, ofensa, desrespeito, incômodo, perturbação da paz alheia, ou como você quiser chamar. O pior é quando a justificativa para causar tamanha aflição a alguém se resume a uma argumentação: "Mas tudo estava tão quieto". Isso sim, meu caro (a), é uma grande falta de respeito. Levando em consideração o fato de que algumas pessoas não precisam desse tal momento que eu e você tanto valorizamos, e que muitas vezes não entendem que é fundamental parar e pensar para, em seguida, arquitetar um plano e agir, ou então que silêncio é sinônimo de paz, e não me refiro àquela similar ao símbolo tão pregado durante os anos 60, mas à paz de espírito, que só é possível adquirir interiormente e, com certeza, através de muitos minutos de reflexão e calmaria. 

Vá mais adiante e pense que as grandes revoluções não tiveram sucesso apenas com motirões e gritaria, mas porque seus líderes, por algum tempo, permaneceram em quartos escuros considerando os próximos passos que seriam adotados. A mesma linha de raciocínio também se aplica para as criações das notáveis obras de arte, como pinturas, livros e filmes, e até mesmo as mais belas canções provavelmente não foram escritas num ambiente tumultuoso. Claro que, ao falar de inspiração vale tudo, talvez uma música ambiente, ou o som daquela sua banda favorita, mas este caso é outro. O silêncio é um verdadeiro chá tranquilizante e inspirador, já dizia Bukowski que sozinho um homem nunca está só, e é possível gostar da sua própria companhia e torná-la uma grande forma de entretenimento. E porquê duvidar do grande velho safado?

Querer ficar sozinho, por tempo indeterminado ou o quanto se fizer necessário, é um direito de todos. Independente de quem você seja, ou o que faça da vida, este momento é somente seu e não diz respeito a mais ninguém. Portanto, permita-se a um minuto da ausência de qualquer tipo de ruído e distração e aproveite a sensação de plenitude que o silêncio é capaz de promover. Mesmo que você não alcance o ápice de um nirvana, no demais, se houver muito barulho, mande calar a boca.  

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Ele não quer ser amado


Por muitas vezes me perguntei o que estaria fazendo com alguém tão diferente de mim. Tão problemático, tão errado, tão sujo...

A loucura em suas palavras me atraía, do mesmo jeito que ele se atraía pela destruição.

Não sabia o sentido para todo aquele pânico. Talvez eu imaginasse que poderia lhe salvar. Acreditava que, em algum dia, o amor que ele tinha por mim encheria a sua alma e assim, ele não voltaria a flertar com a morte.

Foi então que me dei conta do que mais temia. Ele não tinha alma. Seu corpo movimentava os seus membros inanimados enquanto a sua mente estava constantemente perdida dentro de um abismo.

Eu repetia para mim mesma:
"Ele não consegue ser feliz. Ele não quer ser feliz."

Seu amor me enviou diretamente para o inferno mental. Perdi minha paz de espírito e não tinha forças para enfrentar os monstros que pairavam sobre a minha cabeça. Deste modo, cheguei ao fundo do poço.

Mas eu queria mais.

Me afundei. E ia caindo cada vez mais.

Cheguei onde já não havia luz. Cheguei onde, inconscientemente, eu deveria chegar.

(...)

Incontáveis noites de bebedeiras foram necessárias para lhe tirar da mente. Algumas acompanhada, outras, não.

E mesmo assim ele voltava para me dizer que eu queria mudá-lo. Mas não. Eu queria amá-lo.

Eu repetia para mim mesma:
"Ele não sabe amar. Ele não quer ser amado."

Escrito em: 12.09.2011

Repetições


Apenas diga o que você pensa de mim
Apenas diga o que você quer de mim
Apenas diga o que você espera de mim
Apenas diga, se você gosta de mim

Diga com palavras
Diga com gestos
Diga com sentimentos
Diga com lembranças

Não quero me iludir
Não posso me iludir

Minha alma está cansada
Por trilhar caminhos confusos
Por seguir escolhas erradas
E por amar pessoas ingratas

Preciso saber se posso ser feliz
Preciso saber se posso sentir
Preciso saber se posso me deixar levar
Preciso saber se posso amar

Escrito em 21.03.2012

Amar?


O medo de amar é algo incompressível pra mim. Até onde aprendi, não se escolhe o momento certo, não existe a hora certa.

Você simplesmente sente e, sem sombra de dúvidas, passa a ter certeza com a troca de olhares, com um abraço forte, com um sorriso bobo, com um beijo sedutor.

Eu estava com muito medo.

Medo de me entregar, medo de sofrer, medo de errar, medo de magoar, medo de me comprometer, medo de perder minha liberdade, medo de não ser suficiente, medo de se perder, medo de amar...

Mas algo que eu aprendi com a vida, é que tudo tem a hora certa pra acontecer. Então, deixe acontecer, faça acontecer. Enfrente seus medos e se permita ser feliz.

Escrito em: 20.07.2012

Sopro


Ele apareceu na minha vida como um sussurro.

Um sopro leve e engasgado de quem está à beira do precipício.

Eu tentei segurá-lo em meus braços ao mesmo tempo que lhe oferecia o meu amor, mas não foi suficiente.

Ele então resolveu se jogar em seu próprio abismo, achando que estava me deixando a salvo.

Mas não. Tudo que me deixou foi o gosto da dor de um sentimento não concretizado.

Escrito em: 27.07.2012

quinta-feira, 14 de março de 2013

Embrulho

Ele dizia para ela:
- Não se vá, fique comigo!
Ela continuava de cabeça baixa.
Ele então a sacudia.
- Diga algo, diga! Por favor, diga que me ama!
Ela ainda não respondia.
E ele insistia sem hesitar:
- Eu te amo, por favor, me ame também!
Ela tentava se esquivar de seus braços. Ele não os largava.
Ele ia apertando cada vez mais forte. Estava claro que estava a machucando.
Ela então pôs-se a chorar. Um choro baixo, quase calado. Sofrido, temeroso.
Ele a sacudia mais rapidamente.
- Fala alguma coisa! Fala, VADIA! Diz que me ama, que me AMA!
Ela então começou a se desesperar, chorava mais alto. E mais medo sentia.
Nenhuma palavra saía de sua boca.
Ele começou a estapeá-la. Ela já não era capaz de se defender.
Ele esmurrou ferozmente aqueles pequenos e finos lábios, fazendo-os sangrar delicadamente.
- Sua vagabunda! Diz que me ama e não aquele infeliz! Eu que sou seu homem!
Ele bateu outra vez com mais força. Ela caiu e bateu a cabeça no chão.
Ele então começou a chorar.
- Por que você faz isso? Por que me fez chegar a esse ponto? Eu te amei tanto...
Ele tentou levantá-la pelo braço, ela soltou a mão dele, dando-lhe as costas.
Os olhos dele encheram-se de lágrimas e sua expressão voltou a ser aterrorizante.
- Você nunca me amou, não é, sua biscate?
Ele a levantou com forças, depois a empurrou contra a grade de ferro que adornava o ambiente.
Ela não conseguia olhar nos olhos dele. Ele se enfureceu, deu-lhe um soco na boca.
O sangue jorrava deliberadamente, manchando a blusa dele.
- Por que não me ama? POR QUÊ?
Ela deu-lhe as costas. Ele tirou um canivete do bolso e apontou para ela.
Depois desistiu e apontou para a própria garganta. Ela ficou em choque.
- Anda, sua vagabunda! Vai me deixar morrer? É isso o que você quer, não é?
Ela apenas o fitava, com medo. Ele começou a cortar o pulso, o sangue esguichava.
Ela estava atordoada. Ele continuava a gritar e a xingá-la.
- Quer que eu morra por você, não é vadia?
Ela parecia sussurrar algo incompreensível, talvez estivesse engasgada.
Ele então jogou o canivete no chão e foi para o lado dela. Mudou sua expressão, ficou pálido.
- Diga! Diga! - disse, pegando-lhe em suas mãos.
Ela ainda engasgada, começou a se curvar. Ele pôs a bater em suas costas.
- Fala, você consegue!
Ele então virou-se de frente à ela e pegou em suas mãos, voltara a ficar furioso.
- Diga, por favor! Diga QUE ME AMA!
Ela então vomitou em seu rosto.
- BLARGH!

Início de ano

Inícios de ano são sempre um porre para mim. Me afundo num submundo inconsciente da minha psique, e demoro, pelo menos, duas semanas até digerir a informação de que algo acabou e outro se iniciou. Terminar um ano, é deixar no passado todos os acontecimentos ocorridos naquele período de tempo, é nisso que as pessoas acreditam, mas quem dita o que é passado, presente e futuro, somos nós mesmos.

Tons de liberdade

1. A liberdade é como uma maldição cor-de-rosa.
Tanto encantadora quanto devastadora.

2. A liberdade é algo tanto fascinante quanto destruidor. 
É impossível impôr um limite depois que você já ultrapassou a barreira há muito tempo.