terça-feira, 22 de outubro de 2013

Vamos afogar o passado? - Uma crônica sobre as marés que vão (e não precisam voltar)

Ele disse que já foi num puteiro e não comeu ninguém. Ele disse que teve três namoradas, mas com as contas que fiz de todas suas histórias e todos os nomes, contabilizei umas sete (fora as que ele não considerou namoro, mas que não deixou de mencionar). Ele disse também que seu último relacionamento sério tinha sido há dois anos, mas depois soltou que namorou outras vezes, ou emendou um caso no outro. Ele disse também que já foi putão, já fez muita cagada em relação a essas paradas do coração e que já magoou muitas. Sim, ele tem passado, um pacote completo de vadiagem e inúmeras bucetas e bocas que não caberiam numa gaiola de um elefante.

Mas não se engane, eu não quero saber do seu passado, a não ser que seja algo que você sente necessidade de falar e que valerá a pena me contar. Do contrário, não me interessa. Não quero saber do seu grande amor, do seu primeiro amor, da sua primeira transa, da transa inesquecível da sua vida, e também não quero mentiras. Não quero que me venha com lenga-lenga para tentar me agradar. Não fui única na sua vida e nem gostaria de ter sido, afinal, o que eu iria fazer com um virjão? Não, não daria certo...

Não sei o que você aprontou antes de me conhecer, mas se te fez tornar essa pessoa que você é hoje - para mim - tudo bem. Não importa o que você fez ou deixou de fazer. Sou insegura e curiosa por natureza, mas, acredite, melhor eu não saber. Eu sei que você tem passado, afinal, eu também tenho, e é a nossa trajetória que faz firmar nossos passos, que nos ajuda a formar nosso caráter.

Eu não quero meias-verdades, mas também não quero casos sendo jogados goela abaixo. Meu ouvido não é pinico, e sim, quando você conta de tal garota e ainda me fala o nome de Facebook, eu fazia questão de ir conferir o perfil e ainda agonizava ao encenar mentalmente você comendo a moça. E, acredite, não é uma visão que me excita, muito pelo contrário, faz minha vagina se encolher e meu estômago revirar. Mas passou, certo? Lutar contra a insegurança é o preço que tenho a pagar para me manter saudável. E sim, agora eu entendo perfeitamente que é normal esse tipo de atitude minha, assim como é mais normal ainda (e viável) eu não me importar com isso.

E eu decidi não me importar. Não quero saber de suas exs (contanto que seu passado com elas não seja tão distante assim e que alguma delas venha me ameaçar de morte), assim como prefiro não te contar dos meus. Sim, eu tenho passado. Sim, eu tenho uma bagagem grande de decepções, vadiagens e filhadaputismo. Não sou santa, nunca fui. Ou você queria uma reprodução viva da Madre Teresa de Calcutá? Eu acho que você não curte esse fetiche, certo?

Aprendi em alguns instantes de uma básica leitura, que não importa quantas bocas, quantos corpos, quantas bucetas você já experimentou, e sim que você quer essa boca pequena e carnuda, esse corpo tatuado e fofo, essa buceta de origem asiática, essa mulher que tem muito o que aprender sobre você, sobre a vida e sobre relacionamentos.

Não me diz respeito o seu passado, porque o que me importa é o que você é para mim agora. Tudo o que passou pode ter se tornado um aprendizado, ou momento vivido e calado, um frisson que foi e não volta mais, mas por que vamos perder tempo falando do passado se temos um presentão a nosso favor, bem aqui, na nossa frente?

Nenhum comentário:

Postar um comentário