segunda-feira, 25 de maio de 2015

Homem de fogo

Sua necessidade de fixar seus olhos nos meus era cada vez mais evidente, assim como foi em todas as vezes que você aproveitou a oportunidade para me tocar e perguntar mais sobre a minha vida. O que você queria? Todas as vezes que bebeu do meu drink e, enquanto fazia isso, olhava no fundo dos meus olhos com um ar divertido, mas ao mesmo tempo provocativo, me fez perceber que você tentava me seduzir, talvez, sem perceber aonde isso poderia chegar. O magnetismo que rolou entre nós ultrapassava os limites da pele, era como se quiséssemos nos fundir. Eu percebi seus olhares enquanto estávamos distantes e notei também a sua ânsia em estar ao meu lado, em falar perto de mim e sentir que eu estava sendo seduzida. Que energia incrível a sua! Você tem ideia de que eu me encantei desde a primeira vez que coloquei os olhos em você? Que tudo o que eu desejei naqueles momentos era sentir o gosto dos seus lábios e eu sabia que você também queria o mesmo? Quando te fiz o convite foi espontâneo, e você reagiu a ele da mesma forma, eu sei que você me queria e todas as suas atitudes deixaram isso claro. Por que voltou atrás? Será que a consciência pesou no momento em que eu te esperei lá fora? Por mais que eu quisesse aquilo naquele momento, eu não sei como estaria agora se algo realmente tivesse acontecido. Porque eu sei que não tenho porquê ser motivo de arrependimento de alguém, e eu jamais queria te provocar isso. Será que seria muito errado, deixar nossas vontades serem sucumbidas à prática? Você me perguntou: eu queria muito ir com você, mas você entende que eu não posso? E de repente, eu vi nos seus olhos, toda aquela energia boa desaparecer, você parecia se sentir culpado e provavelmente encontrou o aconchego que necessitava nos braços de sua amada, a mulher que você disse ser o amor da sua vida. O que você queria, homem ariano? O que você faria se a sua consciência não te impedisse de seguir seus impulsos?

domingo, 17 de maio de 2015

Racional

Muito aprendi com o término brusco do meu último relacionamento. Tardei, mas não falhei. Uma das coisas que aprendi foi que ser racional não é pensar e, logo, agir de tal maneira. As pessoas se confundem muito com este termo. Ser racional é ser um pensador, alguém que tenta entender as coisas - acontecimentos, situações, pessoas, sentimentos, sensações - por diversos pontos de vista e, geralmente, de modo detalhado, com conclusões abstratas ou objetivas, ou não. Seres como eu discorrem e perpetuam pelo pensamento livre, ou não, de tudo o que ocorre ou presencia em suas vidas, e costumam entender como ninguém sobre determinadas coisas. Geralmente temos dificuldades em entender nossas emoções porque temos necessidade de racionalizá-las, de transformá-las em vocábulo, ou transcorrê-las, tais necessidades transformam nossos sentimentos em literatura ou em muita conversa, seja com os amigos, seja com psicólogos. Somos seres que pensam, muito e, geralmente, sobre tudo. E quanto chegamos ao entendimento ou conclusão de algo, é como se pudéssemos, finalmente, nos tranquilizar, pois resolvemos tal equação em nossas mentes. Isso independe de nossas ações ou intenções, nós pensamos, ponto. Meu ex se achava racional porque agia de maneira que não demonstrava emoções - assim como um robô - e me classificava como sentimental. Esse tipo de pensamento é comum entre as pessoas, algo que geralmente provém com mais ocorrência no sexo masculino: "homens são racionais, mulheres são sentimentais", e agora eu te digo porquê essa é a maior balela que já te contaram. Primeiro que pensamento, forma de agir, sentir e compreender entre um sexo e outro não difere por esse mesmo motivo. As pessoas são diferentes no seu interior, isso não é porque são homem ou mulher. Se fosse assim, se coubesse essa linha de raciocínio para Deus todo poderoso, criador de Adão e Eva, ele teria criado dois Adões, certo? E não teríamos Felicianos e Bolsonaros vomitando desinformação, preconceito, intolerância e ignorância em defesa da família tradicional brasileira, correto? Mas enfim, eu não quero entrar nesse mérito, se não, não chego aonde queria e nem vou conseguir terminar o texto esta noite. Bem, hoje eu posso dizer que não sei o que sinto por ele, se sinto algo, mas também não faço questão de entender. Talvez eu sinta nada, por ele, e começar a ensaiar qualquer pensamento sobre isso me dá uma baita preguiça. Já não sinto mais sua falta, já me desfiz de qualquer sensação de estranhamento referente a sua ausência, nada mais que tenha a ver com ele me incomoda ou me faz mal, faz nada, sabe? Um nada. Eu apenas cheguei a muitas conclusões e meu coração começou a seguir então a voz da razão, ou mesmo, pensar demais me cansou por completo, então a razão e a emoção se uniram e nenhuma delas está desalinhada. E posso dizer que isso foi ótimo, como um estalo, sabe? De repente você se sente indiferente à tal pessoa e você começa a agradecê-la - em pensamento - por ter saído da sua vida. Não porque te fez mal demais - você já conseguiu se esquecer de qualquer mal que ela tenha lhe causado -, simplesmente porque tudo o que você sentia ou pensava por ela mudou. E, confesso, estar solteira nesse momento da vida está sendo a descoberta mais gostosa de todos os tempos. Porque consegui unir o término, com o aprendizado disso tudo e mais o fato de começar, finalmente, a morar sozinha (porque ele estava sempre aqui), e tem sido incrível. Tenho gostado da minha solitude, tenho aproveitado a minha solidão e, quando canso de estar só, eu simplesmente saio de casa e posso trazer quem eu quiser aqui, inclusive, pessoas que eu não poderia trazer enquanto estava com ele. Tudo tem sido tão desbravador e ao mesmo tempo consolador, me sinto mais madura, mais segura, mais completa e repleta de amor próprio. Obrigada ex, por ter terminado de maneira horrível, por ter me feito te tirar da minha vida e, mais ainda, ter me deixado só, porque o mundo sem você, realmente, tem sido mais belo e proveitoso. E, outro fato importante, não era amor.  

sábado, 9 de maio de 2015

A razão que encontrei na sua ausência

Febril me acolhi no meu cantinho: minha cama com todos os travesseiros e edredons que tenho, e adormeci. Quando despertei, já estava escuro, e no meio dessa escuridão, vi teu rosto, exatamente como estava acostumada, com você dormindo tranquilamente, meio babando, meio roncando, ao meu lado. Ainda tenho costume de dormir no canto da cama, como se estivesse te dando espaço, e as vezes lembro de você reclamando que eu durmo encolhida demais, sem perceber que você dominava quase todo o colchão, apenas me disponibilizando o cantinho. E eu nunca achei ruim te deixar aquele espaço todo, era uma maneira de te deixar à vontade na minha casa, de deixar um pouco do meu para você, e, metaforicamente, de te dar um grande espaço na minha vida.

Lembro-me que depois de algum tempo juntos, àquela sua imagem passou a me confortar, e muitas vezes eu te abracei e distribui beijos sem você notar. Era um modo de cuidar de você, de te amar mesmo que você não estivesse acordado para perceber. Ainda deitada no colchão, outras imagens suas começaram a surgir de maneira tênue, não mais me bombardeando e enchendo meu peito de mágoa e meu rosto de lágrimas, como há alguns dias. Acho que sua ausência tem me resultado compreensão e tenho aprendido a lidar comigo mesma muito mais tranquilamente do que em toda a minha vida. Coisas que eram nebulosas meses atrás, agora fazem muito sentido. Tenho aprendido a amar a minha casa, me sinto acolhida, mesmo quando não há companhia. Quando estava com você, eu mal ficava sozinha aqui, eu até tinha medo de estar, era como se eu estivesse postergando enfrentar a minha solidão. Li esses dias que tememos os momentos de isolamento porque sabemos que teremos de nos enfrentar, e o quanto isso pode ser doloroso. E hoje eu aprendo a apreciar isso, minha solidão que nada é vazia, minha solitude que me torna uma pessoa mais consciente e cuidadosa comigo mesma. Não me cuidei enquanto estava contigo, coloquei muito peso sobre você e me perdi, hoje eu entendo isso. Pensava que você era a pessoa certa na hora errada, mas não, você veio na hora certa porque eu aprendi e ainda tenho aprendido com você, e eu espero que eu também tenha provocado algo assim em você. Sejamos honestos, tudo na vida é aprendizado e a gente só enxerga isso quando abandona o ego.

Foi então que te admirei em meus pensamentos e senti que isso prova o meu amadurecimento, dado o fato de como as coisas terminaram, eu poderia me forçar a te esquecer, ou estar com raiva ainda, remoendo tudo o que aconteceu. Eu acho que só parei de me desesperar ao lembrar de você ou a ver coisas que te remetem, é como se eu calasse um pouco meu coração e tirasse os pensamentos ruins sobre você de mim. Aos poucos eu vou parando de ver você em todo mundo que eu encontro na rua, ou a lembrar de você com pesar. É como se apenas fosse restando a lembrança boa, muito mais amena e menos frequente, e acredito que eu ainda tenha que aprender muito sobre tudo isso. Quando as coisas começaram a parecer que poderiam ficar ruins, liguei a luz, levantei, e um banho tomei. Liguei um som alto, falei ao celular, me arrumei. Tô pronta para sair.

Crescendo

Escrito dia 06/05/2015 - não editei o texto, mas hoje, quatro dias depois, não faço ideia de como posso ter escrito algo assim, com tanto peso, tanta dor, bom saber que já não me sinto mais assim.

Hoje faz uma semana e um dia desde o nosso fim. Até ontem eu estava onde estou, no meu antigo quarto, chorando por você. Repleta de nostalgia, fiquei lembrando do nosso primeiro encontro e quando fui apagar as mensagens antigas do meu cel, encontrei nossa primeira conversa. Confesso que hoje essas memórias doem menos. Falar sobre você já não me causa tanta dor no peito. Nada como um dia após o outro. Conversando com amigos, percebi o quanto de errado havia na nossa relação e o quanto de coisas ruins você deve ter guardado consigo mesmo. É uma pena, porque eu fui totalmente sincera com você, especialmente no fim. Mas nossas mães já dizem que não podemos esperar que as pessoas ajam da mesma forma que nós. Hoje, as músicas tristes já não me sufocam tanto e até o som do Tim se tornou super esclarecedor. Não nego a saudade, e muito menos nego que ela me traz tristeza. Mas eu sei que em algum momento as lembranças só deixarão uma saudade boa, o suficiente para me enxergar como diferente do que eu posso estar no momento. Queria saber como você está, se está se cuidando, se alimentando bem. Mas não tenho a mínima vontade de te procurar, não faz mais sentido, e eu sei que você não irá me tratar bem. Esse foi um dos motivos de ter fechado as portas para você. Acho que você se tornou audacioso demais, convincente demais com relação a mim e a minha vida. É como se você achasse que a minha porta sempre estará aberta, é como se você tivesse certeza sobre mim. Bem, é ai que você se engana. Eu não sou como você, que nega seus sentimentos de maneira agressiva e retrógrada. Eu sou leve e, ainda bem. Meus sentimentos são fixos, demoro para esquecer, mas outras características minhas me impulsionam para frente, assim como meus amigos e as demais pessoas que me amam. Eu sou amada, eu sei, e não é por poucos. Sou querida e adorada, ninguém gostou de me ver derrotada. Não porque as pessoas sempre esperam me ver bem, todos têm consciência de que ninguém está sempre 100%, mas porque elas sempre esperam o melhor de mim e jamais achariam que alguém poderia tirar meu brilho dessa maneira. Mas, meu brilho continua e, apesar de não viver esses últimos dias com prazer, eu sei que dias melhores virão. Dias em que terei me reerguido, em que os vestígios de mágoa e saudade de você estarão menos presentes. Sua ausência se tornou meu maior aprendizado e hoje agradeço por você não estar mais presente na minha vida, porque estou aprendendo comigo mesma e a ser uma nova Angélica, que ainda estou descobrindo. Espero que algum dia você abandone suas mágoas de mim, você sabe que elas existem e gostaria que você pudesse compreender isso, mas não sei se quero acreditar nisso. Não posso esperar mais nada de você. É lamentável que você tenha se tornado um desconhecido, é uma pena sentir o meu amor morrendo. Mas, é a vida. Você segue, eu sigo. Não vou voltar atrás. Não como o seu orgulho, mas porque sabemos que não era para ser. E o que será que será da nossa vida? Não sei, só sei que quero ser feliz, longe ou não de você. Se cuide.