segunda-feira, 25 de julho de 2016

Qual é o meu sonho?

Tenho me perguntado recentemente, com certa frequência, qual o meu sonho. E, sobre isso, sempre tive vaga ideia. Sempre soube que escrever seria a minha melhor saída, a minha paixão, o meu tesão e a minha redenção. E, provavelmente, onde estaria meu triunfo.

Aos 12, decidi que seria jornalista. Aos 18, na faculdade, decidi que seria repórter investigativo, deslumbrada pelo trabalho de Cacos Barcellos da vida. Aos 20, perante à crise no mercado de trabalho, decidi que toparia qualquer emprego em que pudesse escrever. Aos 21, recém-formada e com 3 experiências no currículo, desempregada, comecei a fazer freelas. Aos 22, sem freelances e sonhando muito, tangenciada pelo trabalho na loja dos meus pais, o desespero já havia se tornado meu companheiro. Aos 23, voltei ao mercado de trabalho para continuar fazendo o que eu queria, que era escrever. Aos 24, ainda no mesmo emprego, meu salário foi aumentando, assim como minha insatisfação. Aos 25, resolvi morar sozinha, a solitude e a solidão se fizeram presentes e também completaram o cenário ideal para conseguir escrever mais. Aos 26, o desespero volta a me atormentar, só que com mais força e, de repente, sobreviver já não é mais uma escolha.

Cansei de direcionar toda minha imaginação e inspiração para escrever coisas que não acredito, para empresas farmacêuticas que escravizam vidas e criam doenças em função do lucro. Estou farta desse mercado que torna refém uma sociedade necessitada de bens de consumo, mais do que de qualidade de vida. Esgotei as minhas forças tentando humanizar minha visão por patrões e líderes, pois os discursos sempre prevaleceram exatamente isso: o capital.

Mas, não se engane, não vim aqui lamentar minha falta de estabilidade financeira e criticar o capitalismo. Vim aqui dizer que desejo não mais fazer parte disso. Cansei de dar dicas baseadas em estudos para promover medicamentos, cansei de escrever para vender produtos, cansei de enganar leitorxs com uma escrita atrativa e pseudo-gentil. Não tenho mais qualquer desejo de tentar informar a partir de uma imprensa que mais desinforma do que realmente tem preocupação com a parcialidade e respeito com seu leitor. Não quero ser jornalista, não quero ser publicitária. Não quero!

E meu sonho no meio de tudo isso? Eu quero escrever para ajudar, para provocar reflexões e, possivelmente, aprendizados. Quero falar com jovens que estão formando seu caráter, descobrindo o mundo e se descobrindo com ele. Quero dialogar com gente como eu, ou gente diferente de mim, mas que, em algum pensamento, nos encontramos e nos compreendemos. Quero escrever sonhos, utilidades, memórias e histórias que merecem ser contadas.

Quero que a literatura brasileira seja valorizada, que novos Camões, Machados, Leminskis e Vinícius surjam, e que a memória dos antigos permaneça. Que as mulheres ganhem força nesse meio, que lotem as estantes, das livrarias e das casas. Que autores brasileiros sejam tão lidos e venerados quanto são os lá de fora. Que se leia mais, que se desperte o prazer por ler e que livrarias, sebos, saraus e eventos literários se tornem mais populares do que Netflix. E, não somente pelo aprendizado que a atividade proporciona, mas também, como forma de introspecção, de lazer e de transgredir cultura e sabedoria.

Sim. Esse é meu sonho.

domingo, 17 de julho de 2016

As mãos que descascam uma mexerica


O dia em que não puder mais descascar uma tangerina com as minhas próprias mãos significa que parte de mim está morrendo.


Lembrando que toda morte representa também o renascimento, uma nova vida. Então, se há vida, vamos brindá-la.

Caipirinha de sakê e tangerina.

"Devemos amar mais a vida do que o sentido da vida." - Fiódor Dostoiévski