segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Eu sou o caos

São tantos questionamentos que eu nem sei por onde começar este texto. Só sei que preciso fazê-lo para aliviar em mim este peso. Desde que assisti a um vídeo de um monge entendi que não deveria criar uma imagem de mim mesma, porque isso nada mais é do que dar forças ao ego e eu tento, ao máximo que posso, me desapegar dele. No entanto não consigo me desvencilhar da necessidade de me sentir leve, mas sei que não sou e é assim que eu me perco na minha própria ilusão. Sou densa e preocupada, assim como se descreveu um ser que já teve importância na minha vida. E no momento, tudo o que mais queria era ascender à insustentável leveza do meu ser. Cheguei à exaustão, meu corpo dói, minha mente pifou e assim me dei por vencida. Uma inesgotável necessidade de chorar me invadiu e agora, me sinto vítima de meus próprios pensamentos. Completamente vitimizada. Queria entender porque meu timing está sempre tão desconexo com os homens que entram na minha vida. Por que tenho sido constantemente descartada, por que me dizem que sou admirável, uma pessoa incrível, mas nunca sou a escolhida. Por que desistem de mim, por que me enganam, por que se perdem tanto, por que se confudem, por que me deixaram tão perdida? Eu cansei de tudo, cansei de procurar parcerias em quem não sabe dividir, cansei de relações confusas, cansei de se opção, cansei de ser cuidadosa, cansei de esperar, cansei de ser compreensiva, cansei de ser trocada, cansei de me sentir cansada, cansei de todos. Cansei de mim mesma.

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Por que não quero que você fique

Naquela última noite, eu tentei cortar nossos vínculos físicos, mas não consegui porque sou fraca. Meu racional é presente, mas por vezes delirante devido a diversos fatores externos, são meus impulsos que traem o meu consciente. Então eu sugeri te pedir para que voltasse e você voltou, sem delongas, e aquele foi o ápice de qualquer constatação romântica na nossa confusa e gélida relação. Eu estava aos prantos e você deu a ideia de voltar como o salvador da minha solidão, e então tudo voltou a ser efêmero como nos outros dias em que estivemos juntos. Acredito que nesse meio tempo eu tenha me tornado um mártir, porque intensifiquei coisas que para você permaneciam perfeitamente intocáveis, mas eu quis ir além e você se mostrou imóvel e sólido. Sob uma resistência totalmente impenetrável.
Eu demorei para entender que existe um abismo que nos separa, mas quando finalmente tudo veio à tona, eu me vi incapaz de prosseguir com essa desventura. Seguir com isso seria muito além de uma loucura, seria um suicídio, por que, quem em sã consciência, prosseguiria num caminho ilusório que pode não levar a lugar algum? Quem iria querer estar com alguém que não tem certeza sobre você, que se diz confuso e que, durante semanas, não demonstrou qualquer apreço pela sua companhia? Não fez questão da sua presença e nem se fez presente quando você lhe pediu? Quem iria silenciar um pouco dos seus desejos para respeitar o tempo do outro, um tempo que não tem data e nem previsão de manifestação? Quem iria querer continuar numa relação sem futuro, nem eixo, nem ponto de partida e, até mesmo, sem emoção?
Eu me enganei por um momento sobre você, achava que o que tínhamos era leve, mas não, era superficial. Eu não sabia nada da sua vida, mas por alguma razão, sabia muito sobre o seu trabalho e sua cansativa rotina. Eu não sabia nada sobre as suas intimidades, suas dores, as batalhas que você enfrenta no momento - inclusive as internas -, mas sabia sobre a maneira que seu chefe te perturba e o quanto você se cansa com isso.
Você provavelmente não sabe muito de mim, porque não te interessa. Eu sempre achava que estaria invadindo a sua privacidade se colocasse alguma pergunta errada na mesa, e, pelo jeito, você parece sentir o mesmo com relação a mim. Ou você apenas não me pergunta porque não tem vontade de saber e isso já me fez pensar que você me vê com um ventrículo para o seu prazer. Uma fonte infinita de prazer, a opção que resta quando o desejo do escapismo se faz presente. E me fazendo sentir tudo isso, você declara gostar de mim, diz que eu mexi com você. Ouvir isso a primeira vez é lindo, é tudo o que você quer escutar de alguém que mantém um rolo de mais de dois meses sem qualquer perspectiva de futuro. Porque de repente o jogo vira e se torna mais afável do que se mostrava anteriormente. Mas o que são palavras comparadas a atitudes? O que são a falta de chão e de planos em meio a uma imensa confusão que você me inseriu?
Sei que existe uma cláusula dos bons relacionamentos que se chama liberdade e que você, mais do que ninguém, precisa de um tempo maior. Você que teve uma vida ao lado de alguém e saiu recentemente de tudo isso. Você que foi leviano em se deixar envolver comigo e me envolver também. Você que diz querer ficar comigo sem qualquer hesitação, mas é incapaz de planejar qualquer evento - de menor importância possível - comigo e por nós. Você que não consegue me ver na sua vida, que não consegue entender o que tem a me oferecer e o que quer para si mesmo. Você que me faz sentir a pessoa mais bipolar do mundo, porque faz surtir em mim sentimentos de: quero estar com você; não posso pensar só em mim; estou cobrando demais, é muita pressão, ele não vai aguentar; e com o que eu quero da minha vida.
Eu não posso falar por você, então, eu falo por mim. O que eu quero da minha vida além de todas as outras questões importantes como carreira, viagens, êxitos pessoais: eu quero alguém que não tenha dúvidas de mim. Que diga que me quer e portanto vai estar comigo, vai me levar pra viver o que tivermos pra viver e vai se deixar levar para o meu universo particular também. Alguém que respeite o que diz, que quando me disser que me quer, essas palavras terão todo o peso da consciência e não somente representarão um ato de desespero para não me deixar escapar do seu alcance. Alguém que não me queira somente durante os dias espaçados da semana. Alguém que esteja comigo aos finais de semana por pura vontade de estar e não porque não tinha algo melhor para fazer, ou porque seus amigos desistiram dos seus planos. Alguém que vai me fazer ter certeza também, que vai embalar a minha mente e vai ser a minha melhor companhia, não apenas um entretenimento sem qualquer apelo emocional. Alguém que esteja de braços abertos para me receber e que venha me tirar um sorriso quando os dias estiverem cinzas, e que vai me deixar fazer o mesmo. Que vai nos deixar ser algo bom na vida do outro, e não uma grande confusão.
Te sinto preso no seu passado e, mais do que isso, te sinto perdido porque a vida tá correndo e você não sabe onde está nessa parada. Quem é você na noite? Um ser sedento por diversão efêmera, que sabe das ilusões da vida noturna ou uma alma solitária que não sabe quais os próximos passos deve dar para encontrar a luz do dia?
O que você quer para você? O que você quer de mim? O que você tem a me oferecer?
Queria muito poder te dizer: esquece toda a merda que te aconteceu, porque você não estará pisando no seu passado, você só estará se libertando de algo que te aprisiona para encarar um recomeço. Te convidar para mergulhar fundo no meu mar e que você mesmo perceba que a minha água não é tão turva quanto parece. Te ajudar a conduzir este novo caminho e te mostrar que a vida pode ser mais que isso. Te provar que você está seguro para se soltar, para confiar e ser você mesmo, ou para que você possa se reinventar, se redescobrir, porque eu estarei ao seu lado para te segurar quando você cair. Mas eu acredito na Frida e ela já disse: Onde não puderes amar, não te demores. E eu tenho certeza de que você não está pronto para o que eu tenho a oferecer, então, não posso me demorar. O amor não tem pressa, mas tem fome.