quinta-feira, 24 de julho de 2014

Dos lírios ao vento

Das vidas que vivi
Só sei que a felicidade encontrei
Embora, na fúria em que prezei por lazer,
Amadureceu em mim a necessidade do ser
E sentir, inebriadamente, alguma emoção

Resgatar o meu mais precioso íntimo
E desmembrá-lo perante os olhos famintos
Aqueles a quem me dirigi, que se sintam tocados
Não imaginava que as tragédias retornariam
Devastadoras

É importante frisar que não há amargor
Que me tire o sorriso, a alegria de estar vivo
Dos frutos que provei, gozei
Embora, confesso: já chorei
E orei e me perdi e enlouqueci
E do mais alto cume, despenquei
No solo, arenoso, rastejei e no pó me entendi
Sofri, senti dor, passei fome e gritei
Porque achei que fosse morrer
De amor...

No momento mais propício me vi morto
Duro e inerte, incrédulo de realidade
Acreditei que realmente tivesse morrido
E foi quando a escuridão penetrou-me as íris, à força
E senil me engatinhei e me socorri quando
O estômago roncou e deflagrou a necessidade humana
À selvageria retornei e, de vítima, me tornei caçador
E mesmo relutante à dor, me reergui
Nos cálices vazios implorei: mais uma dose, por favor

Rostos agradáveis encantaram-me a loucura
E me invadiram e irradiaram sem pedir licença
Meu coração voltou a bater e minha pele a corar
Meus pés se firmaram e suas bases fincaram-se ao concreto
Quem eram aqueles de olhos fundos e claros
Penetrantes e vagos?

Das vidas que vivi
Só sei que a liberdade encontrei e voei
Para bem alto e longe e afável calor
Embriagado silêncio ensurdecedor
Solitude foi me entregue além dos sentidos
Não mais temi, me salvei

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