quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

A viagem

Lembram-se daquela viagem? Em que, desprentesiosas não esperávamos tantas aventuras? Nunca o "eu" se fez tão presente em todos os diálogos da vida. Era como se fosse uma luta constante para manter esse ego vivo. Mas nos entendemos. Lembram-se daquela praia de água límpida e maré baixa? E de como ela acalmava a alma? As ondas batiam levemente trazendo a brisa serena e desforme para refrescar os nossos corpos. Lembram-se de quando pegamos carona com um desconhecido, um punk caiçara que para mim não era tão desconhecido assim? E no carro dele fumamos um enquanto ríamos, em coro, de tudo o que ele dizia? Lembram-se de todas as paisagens, praias, rios e cachoeiras que encontramos? Como tudo era belo e parecia infinito? Lembram-se de quando paramos numa festa dentro de um motoclube e parecíamos integrantes do clube da Luluzinha, com nossos vestidos floridos, pedindo cigarros para homens sujos, bebendo cachaça barata e fazendo pose de quem quer seduzir? Lembram-se de quando tomamos um lsd derretido em água e ficamos brisando com as nuvens do céu, imaginando a realização dos nossos sonhos? Lembram-se do moreno que veio falar comigo, perguntando onde iríamos passar o ano novo e de como a sunga dele era tão apertadinha que dava para enxergar mais do que queríamos? Lembram-se das conversas infinitas, das discussões sobre feminismo, sobre amores e desamores? Lembram-se do quanto estivemos felizes?

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