quarta-feira, 1 de outubro de 2014

O eu leonino


Hoje estava caminhando na rua e vi um casal de adolescentes, ambos me olharam com certa curiosidade, talvez pelo fato de minhas tatuagens estarem à mostra, ou pelo ardo aspecto que carrego no rosto. A garota, no entanto, olhou de uma maneira um tanto diferente, e eu não saberia dizer o motivo, porque poderiam haver inúmeras razões que eu jamais iria descobrir. Talvez o ascendente em leão explique o motivo de eu atrair tantos olhares pelas ruas, inclusive de mulheres, com suas expressões sempre semelhantemente coléricas. Mas eu não vim falar sobre isso. Depois de reparar no olhar da moça, me lembrei vagamente de quando tinha a sua idade, e que tipo de pensamentos e desejos eu carregava. Surpreendentemente senti orgulho de mim mesma, porque com aquela idade talvez eu me imaginasse do jeito que estou hoje, claro que não exatamente, mas acredito que consegui conquistar e alcançar coisas que eu almejava naquela época. Lembro-me bem que era muito insegura, não tanto quanto à minha aparência, mas com o meu status social e no que eu representava para mim mesma. Eu sempre desejei alguma forma de poder, seja em qual aspecto, situação ou ambiente fosse. Me idealizava formada em jornalismo e atuando na área, talvez como repórter, ou como redatora, tanto fosse, a ideia era ganhar dinheiro, muito dinheiro (algo que não condiz com a minha realidade atual, infelizmente). Não me imaginava casada ou com filhos, mas me via morando sozinha, com o meu espaço, e, provavelmente (mais para sim, do que para não), solteira, recebendo muitos amigos e homens que me apetecessem em vários sentidos, ou com algum que eu estivesse envolvida no momento e conseguia me ver no futuro. Outra questão que ainda não se concretizou por completo, mas que eu acredito não estar tão longe de acontecer, ou me incomodar ao ponto de desejar intensamente por essas mudanças. E sempre, sempre, me vi como multitarefa, tendo várias profissões ao mesmo tempo, como ser escritora, cantora, DJ, artista, ou coisas do tipo. Claro, sendo bem reconhecida por cada atividade.


Lembro-me também que, até meados do ano retrasado, eu me via num palco, e todos aqueles que passavam pela minha vida estariam na plateia me assistindo com olhos famintos, já as pessoas queridas estariam no camarote. E eu ali, sob todos os holofotes e flashes, deliciosamente reinando, e, toda vez que alguém me magoava, eu automaticamente enxergava a pessoa no meio do público enquanto eu acenava para ela. Entretanto, nunca desejei que mantivessem sentimentos de inveja por mim, eu apenas achava que poderia ser admirada, só isso.

Quando era mais nova ainda, vivia sonhando que estaria namorando algum famoso. Já foram desejados: Orlando Bloom, Johnny Depp, Wagner Moura, Joe Manganiello (esse ainda faz parte dos meus desejos mais profundos, não minto), Paul Banks (vocalista do Interpol), entre outros tantos, que talvez englobem uma lista maior do que a de quantos caras eu já dormi (sim ou com certeza? rs), enfim... Mas eu nunca me vi como a namorada socialite, que só serve para sair na foto, eu sempre era alguém foda, que conhecera o rapaz no meio social comum de carreira e que fora agraciada por conhecer alguém de mesmo patamar. Recordar todas essas lembranças, me fez perceber que eu sempre me vi como uma mulher e, mesmo quando era apenas uma adolescente revoltada que não imaginava o quanto e o quê teria que viver para chegar aqui, a imagem que eu tinha de mim mesma era igual: a de uma mulher forte, ousada e independente. E, sinceramente, apesar de saber que eu tenho um longo caminho para percorrer, eu não me sinto nenhum pouco apressada ou insegura quanto ao meu futuro, porque hoje eu sei que tenho capacidade de atingir algo brilhante. Prepotência leonina? Quem sabe...

2 comentários:

  1. Não sei o que falar do conteúdo do texto porque não conheço a autora, mas o texto flui, gostoso em si, como um rio despendido em direção ao mar. Bjs

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