terça-feira, 7 de agosto de 2018

Amor romântico, dores e especulações sensoriais

Sempre fui do tipo que se questiona tanto e permeia por tantos pensamentos até chegar à estafa. Essa mente incansável não dorme até não encontrar um motivo razoável para baixar a guarda, ou qualquer sentimento, mesmo que efêmero, que sugira alguma possível resolução. Mas, veja bem, isso é uma fraqueza. E, apesar disso nunca ter me impedido de agir e de buscar por condições melhores, independente da origem dessas necessidades, em algum momento a confusão vem e, com ela, uma série de dúvidas e perguntas vazias. Quero sentir tanto que quando tenho contato com essa profundidade, me assusto. As pessoas falam de amor através de suas ideologias e convicções, e idealizações, que não sobra espaço para apenas sentir, sem questionar, sem tentar destrinchar algo que às vezes não tem uma explicação racional e crua. Uma explicação que vai saciar essa urgência. Eu não gosto de romantizar o amor, mas ao mesmo tempo idealizo com metáforas e tentativas de definir algo que nem eu mesma entendo. Eu acho que é porque se trata de uma série de sentimentos e sensações. Talvez o amor não tenha pressa. Mas a vida tem. E a gente muitas vezes escolhe amar por saber que talvez não sobre muito tempo para experienciar algo tão belo. Talvez a gente apenas não tenha que separar as coisas em caixinhas. Estigmatizar e moldar de acordo com a nossa ótica pessoal que muitas vezes é deturpada pela indústria que faz chover poemas do século XIX, pelos remanescentes sofredores que são também grandes poetas da nossa cultura, pelo amor que se recebe da mãe (e aquela falácia de amor materno que tudo salva para vender bolsa Luis Vuitton no Natal e perfume da Avon no dia das mães) e por uma série de referências que nos impactam e consentimos por toda nossa vivência. Amor também é uma construção social. Amor também pode ser sofrimento. Amor também pode ser aquela explosão de sensações tão doces que parecem ter gosto de sorvete e tão leves que parecem sair de uma brisa num fim de tarde de verão, aquecem a alma e nos tiram um sorriso fácil. Essa vida é dura e muitas vezes deprimente. Às vezes, escolhemos certos caminhos que nos levam pra esse poço de dejetos mal cheirosos. Às vezes não. A vida nos carrega. E o amor, que eu não sei como descrever e nem compreender de fato, pode deixar tudo mais afável e brando. O que nos resta, assim como tudo nessa vida, é viver. E amar, se possível.

Nenhum comentário:

Postar um comentário