segunda-feira, 6 de agosto de 2012

O pescador

Era o típico homem sonhador...

Acordava todos os dias com o raiar do sol.
Espreguiçava-se, sentava-se à beira da cama e dava o último bocejo do dia.
Caminhava até o banheiro enquanto cantarolava algum sertanejo.
Olhava-se no espelho, dava alguns tapinhas no rosto e depois esticava as pálpebras.
Em uma mão levava uma pílula à boca, noutra, um bocado de água da torneira.
Passava o creme dental na escova de dentes e depois esfregava-os até sangrar a gengiva.
Trocava de roupa. Sempre uma camisa pólo branca e uma calça tactel.
As roupas ficavam dobradas ao lado da cama, junto com um retrato de família.
Então caminhava até a cozinha, enquanto cantava a mesma canção.
Colocava água para esquentar num bule e pegava a manteiga na geladeira.
Com uma colher, tirava um bocado e colocava na frigideira já quente.
Se orgulhava do barulho da manteiga derretendo e saboreava o aroma que fazia.
Quebrava um ovo ali dentro, enquanto passava o pó de café na água fervente.
Tirava duas fatias de pão de forma do saco e as besuntava de maionese.
Colocava o ovo frito no meio além de algumas sobras de bacon defumado da noite passada.
Ligava a TV que ficava na cozinha, depois sentava-se à mesa para desfrutar sua refeição.
Ia até o banheiro para descarregar sua necessidade, enquanto folheava o jornal da semana anterior.
Dava descarga e se despedia de seus restos, fazendo-lhes um aceno em conjunto com um sorriso.
Atava na cintura a velha pochete em que carregava seus documentos e alguns trocados.
Caminhava até a garagem para colocar suas tralhas de pesca no porta-malas.
Verificava se todas as portas e janelas estavam trancadas, e depois partia.
Conduzia no máximo até 40 quilômetros por hora, enquanto a rádio funcionava conforme frequência.
Demorava 1 hora e meia para chegar até o rio mais próximo de sua casa.
Descarregava suas tralhas do porta-malas, enquanto se alegrava ao ouvir o barulho dos sapos.
Preparava sua isca e jogava a rede na água, enquanto reparava na beleza da natureza.
Sentava-se à beira do rio, acendia um cigarro de palha e apreciava o odor do tabaco.
Olhando para o céu, lembrava das alegrias que já teve na vida: uma esposa, e dois filhos pequenos.
Tirava uma garrafa de cachaça da sacola e dava alguns goles da bebida. Depois fazia cara feia.
Soltava algumas lágrimas e descia mais pinga pela garganta. Dava um gemido.
Ficava ali até o sol começar a se pôr. Tirava a rede da água, muitas vezes sem nenhum peixe.
Carregava suas tralhas até o carro, se sentava no volante e ligava o rádio para ouvir as notícias do dia.
Demorava 2 horas para chegar até sua casa, e, durante o trajeto, se irritava com o trânsito.
Guardava o carro na garagem, tirava as tralhas do porta-malas, e, se houvesse peixe, colocava-os no freezer.
Subia até a cozinha. Preparava um bife apenas com sal e pimenta e colocava o arroz para cozinhar.
Tomava um banho de cinco minutos, enquanto batia uma punheta pensando em alguma atriz de filme pornô.
Secava-se com a mesma toalha que não lavava há três semanas. Depois colocava uma cueca apenas.
Corria até a cozinha para ver se o arroz não havia queimado. Preparava seu prato e retirava uma cerveja da geladeira.
Ligava a TV, sentava-se à mesa e devorava sua refeição. Ficava mais de três horas no mesmo lugar.
Começava a sentir sono. Dava uma mijada no banheiro, escovava os dentes e depois deitava na cama.
Fechava os olhos e, quando não houvesse sono, ligava o abajur para ler um livro de auto-ajuda.
Não conseguia dormir, então batia outra punheta, gozava e ia até o banheiro para mijar e lavar o pênis.
Se o orgasmo fosse muito forte, dormia ali mesmo, no mesmo instante pós-gozo.
Finalmente conseguia dormir. Acordava 7 horas depois e começava tudo de novo.

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